A proposta de "semipresidencialismo" não passa de uma cortina de fumaça pra justificar o fato de Lira não ter aberto um dos 120 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Mesmo assim, é preciso estarmos atentos, porque já tem gente embarcando nessa canoa furada. Segue o fio:
Os jornais têm falado em "semipresidencialismo", mas na verdade trata-se de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende esvaziar os poderes do Presidente da República, criando a figura de um Primeiro-Ministro que seria o chefe de governo (+)
A proposta parece sedutora, especialmente quando temos um Chefe-de-Estado como Jair Bolsonaro. Mas não nos enganemos. A proposta tem um único objetivo: entregar ao Congresso Nacional - e, consequentemente, ao "Centrão" - o controle formal sobre o governo do país (+)
A PEC do deputado tucano Samuel Moreira prevê a manutenção da eleição direta para a Presidência da República, mas com uma eleição indireta para Primeiro-Ministro via Congresso Nacional, tornando o Executivo ainda mais refém dos deputados do Centrão que controlam o Legislativo.
A proposta é muito pior que o parlamentarismo, porque nesse sistema de governo, o povo elege o parlamento consciente de que os deputados formarão o governo. Isso torna o papel dos partidos e o choque entre projetos políticos muito mais explícito (+).
O que o Centrão propõe, ao contrário, é que o presidente eleito "terceirize" o governo para o Congresso Nacional através da escolha de um Primeiro-Ministro que exercerá as funções que hoje são de responsabilidade do Poder Executivo. Um verdadeiro "Império do Centrão" (+).
Os deputados que apoiam a proposta argumentam que o sistema funciona bem em países como Espanha e Portugal. E que, com tantos pedidos de impeachment, ele traria mais estabilidade ao governo porque o Primeiro-Ministro poderia ser trocado com mais facilidade. Papo furado! (+)
Eles ignoram que esses países são democracias consolidadas, com um sistema partidário composto por poucas legendas e com clivagens ideológicas bem marcadas. No Brasil, ao contrário, o sistema de partidos é frágil, pouco ideológico e ainda muito influenciado pelo poder econômico.
O "canto da sereia" está justamente no fato de que o presidente é Jair Bolsonaro, o pior Chefe-de-Estado que o país já teve, o que poderia levar à conclusão de que "esvaziar" seus poderes poderia ser positivo. Mas não é bem assim. Sabe por que? (+)
Porque a verdade é que o tal "semipresidencialismo" tenta esvaziar os poderes do próximo presidente, que pode ser eleito pela esquerda. Com isso, o Centrão manteria os dedos, mesmo que perdesse alguns anéis. Um golpe que não pode ser tolerado de forma alguma! (+)
O Brasil já realizou dois plebiscitos nos quais o parlamentarismo foi derrotado. Aprová-lo por meio de PEC, mesmo com outro nome, seria uma violência cometida contra nossa combalida democracia. Mas com Arthut Lira na presidência da Câmara dos Deputados tudo é possível! (+)
Estejamos alertas para não vermos nascer um duradouro "Reino do Centrão" no Brasil, onde a alternância de projetos na Presidência da República se transforme em mera formalidade para que sigam governando os mesmos de sempre. (FIM)
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A economia mundial derrete, Petrobrás perde quase R$ 80 bi em meia hora e dólar pode chegar a R$5. Commodities têm a maior queda desde 1986 e a perspectiva do governo é queimar reservas para segurar o câmbio (segue o fio).
Ainda não dá para saber qual a reação da direia. Irão redobrar o apoio à Bolsonaro e ajudar Guedes a impulsionar as reformas, que, na visão deles, são a solução para a crise? Ou entrarão em pânico? As perdas são brutais para os de cima.
Diante disso, Guedes, um operador do mercado sem nenhuma experiência em gestão de crise, repete o mantra "acelerar as reformas". Seria uma tragédia. O país está mais desindustrializado e vulnerável justamente por causa das reformas, que contaram até aqui com o apoio do "Centrão".
Quer dizer que as centenas de historiadores, sociólogos e cientistas políticos de ESQUERDA estão perdendo tempo ao estudar 2013 como um fenômeno social complexo que estava em disputa porque, na verdade, tudo não passou de uma armação da CIA? Discordo.
Vladimir Safatle, André Singer, Flávia Biroli, Leonardo Avritzer, Esther Solano, Rudá Ricci, Luiz Felipe Miguel.Só pra citar alguns dos/das principais nomes da ciência política e da sociologia de esquerda que defendem a visão de que junho expressa um fenômeno social complexo.
Na base desse fenômeno está um enorme descontentamento com a degradação dos serviços públicos e da qualidade de vida nos grandes centros urbanos. Organizei junto com @Maringoni50 um livro sobre o lulismo com vários artigos que abordam as raízes de junho de 2013.
GRAVÍSSIMO!
Polícia Militar acaba de entrar na Plenária de Mulheres do PSOL em São Paulo, pedindo documentos de nossas filiadas e afirmando que o evento está "monitorado" pela PM. Grave ataque ao direito de livre organização partidária. Vamos cobrar de @jdoriajr uma explicação!
A Plenária de Mulheres é um evento preparatório ao Encontro Nacional de Mulheres do PSOL, que acontece há anos e elege o Setorial de Mulheres do partido. Evento político de caráter reservado às filiadas do PSOL, totalmente amparado pelo direito à livre organização partidária.
Não há qualquer justificativa para que a PM "monitore" um evento partidário. Esse gesto de intimidação é inaceitável. Não estamos mais na Ditadura Militar, quando o direito de reunião podia ser coibido. Vamos acionar todas as autoridades contra esse absurdo. Chega!