Nessa nova temporada do futebol turco, um clube tem chamado a atenção, tanto pela sua movimentação no mercado quanto pelo retorno à 1ª divisão após décadas:
O Adana Demirspor, clube de raízes históricas políticas de esquerda e hoje com ligações com o governo Erdoğan.
Ao todo, foram 26 anos longe da 1ª divisão.
O que não quer dizer que o Adana Demirspor não seja um clube tradicional, com uma torcida fiel: fundada em 1940, a equipe tem hoje a 10ª maior torcida de toda a Turquia, mesmo com anos de sofrimento nas divisões inferiores.
Adana é a 6ª maior cidade turca, distante de centros como Istambul e Ancara.
O clube foi fundado por operários ferroviários, razão pela qual sua torcida historicamente se identificou com pautas de esquerda, mantendo amizades com torcedores de clubes como St. Pauli e Livorno.
Nas arquibancadas de Adana, há bandeiras com rostos como os de Che Guevara e de Deniz Gezmiş, revolucionário turco executado nos anos 70 por suas ações de guerrilha no país.
Mas hoje, o clube é presidido por um empresário aliado ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan.
Erdoğan, acusado de autoritarismo pela oposição, comanda a Turquia desde 2002, com diferentes manobras pra se manter no poder desde então.
Entre suas políticas controversas, está a interferência na guerra civil na Síria. Desde o início, o grupo de mídia Star apoia essas ações.
O Star é presidido por Ethem Sancak. Seu sobrinho, Murat, sofreu um atentado em Istambul em 2015, supostamente feito por membros do Estado Islâmico. Sobreviveu.
Murat garantiu que a política editorial do grupo não mudaria, mesmo após o atentado, nem que ele fosse assassinado.
Hoje, Murat Sancak é apontado pela oposição a Erdoğan como homem-chave na relação entre a Turquia e a província fronteiriça síria de Idlib.
Em tese desmilitarizada, ela é comandada por grupos jihadistas, entre os quais está a Al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria.
Murat seria fornecedor de vários produtos à região, de chá a carros usados, além de combustível. Ele nega.
Seu tio Ethem, por sua vez, é acionista da BMC, empresa que fabrica veículos blindados - vários deles justamente usados para a intervenção turca no conflito sírio.
Em 2018, Sancak chegou à presidência do Adana Demirspor, um clube com o qual não tinha ligações históricas, numa manobra que o permitiu concorrer sem oponentes.
Desde então, o dinheiro começou a fluir na direção do clube de torcida tradicionalmente esquerdista.
Pra se ter uma ideia, o Adana Demirspor não conseguia subir de divisão antes disso: foram 9 playoffs de acesso perdidos em 14 anos.
O drama era tamanho que, em 2010, o então presidente do clube, Bekir Çinar, tinha se endividado tanto em busca do acesso que decidiu se suicidar.
Mas, com Sancak e um empurrãozinho da influência de Erdoğan, vieram estrelas como Anderson (aquele revelado no Grêmio, ex-Manchester United) e até um novo estádio público em Adana, inaugurado em fevereiro.
Depois de muitos anos longe da elite, o clube está de volta ao topo.
Pra jogar a 1ª divisão, a equipe atual tem rostos bastante conhecidos, como o italiano Mario Balotelli, o marroquino Belhanda, o suíço Inler e o argentino Matías Vargas. O técnico também é famoso: Vincenzo Montella, ídolo da Roma.
Em 4 rodadas, porém, o clube ainda não venceu.
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Em 14 de abril de 1941, o governo Getúlio Vargas publicava o Decreto-Lei 3199 e proibia a prática do futebol feminino no Brasil.
Em 2027, mulheres de todos os cantos do planeta estarão em solo brasileiro disputando a maior competição futebolística que existe, a Copa do Mundo.
Um ano antes da proibição, o futebol feminino florescia. Equipes cariocas que jogavam e atraíam público foram convidadas até para ir a São Paulo, na inauguração do Pacaembu.
Mas o governo cedeu à pressão de setores conservadores da sociedade que pediam pelo fim da modalidade.
Dessa pressão, é famosa a carta de José Fuzeira, homem sem qualquer conhecimento técnico sobre esporte ou medicina, a Vargas.
"Acuda e salve essas futuras mães do risco de destruírem a sua preciosa saúde, e ainda a saúde dos filhos delas e do futuro do Brasil!", dizia a carta.
Que tal um Liverpool x Manchester United em Miami?
Ou um Real Madrid x Barcelona em Nova York?
Esse futuro pode estar próximo: a FIFA estuda permitir que jogos oficiais da temporada sejam disputados em outros países e anunciou um grupo de trabalho para avaliar a ideia.
O grupo, segundo a FIFA divulgou na quarta, terá representantes de clubes, ligas e torcedores.
A ideia existe há anos, sempre foi muito controversa e até gerou uma briga entre FIFA, UEFA e Premier League há mais de 15 anos:
Na época, a liga inglesa queria uma "39ª rodada".
Ela teria apenas jogos realizados fora do país.
Sepp Blatter, então presidente da FIFA, disse que o futebol não podia ser itinerante "como os Harlem Globetrotters ou o circo".
Michel Platini, presidente da UEFA, também reclamou.
Fundado em 1913 com o nome de Verdi, em homenagem a um dos maiores autores de óperas da história, Giuseppe Verdi, nascido em sua região, o Parma foi um clube de futebol de realizações modestas até ter sua história revolucionada por uma invenção inusitada:
O leite longa vida.
A região italiana da Emilia-Romagna é conhecida por sua produção de laticínios: é de lá que vem o queijo parmesão, o famoso parmigiano-reggiano.
No início dos anos 60, um jovem chamado Calisto Tanzi descobriu, numa viagem a Suécia, que lá se vendia leite em caixas de papelão.
Isso era possível pela pasteurização do leite em altas temperaturas, no processo chamado UHT, que aumentava muito a validade do produto.
Tanzi então investiu alto no leite longa vida, fechou um contrato com a empresa sueca de embalagens Tetra Pak e criou um império: a Parmalat.
Esse é o lema da torcida do Cobresal, adversário do São Paulo hoje pela Libertadores.
A frase não define só um clube que não se entrega.
Ela representa El Salvador, o último acampamento mineiro do Chile, uma cidade que se nega a desaparecer da Terra.
O Chile é o maior produtor de cobre do mundo.
Sua exploração foi estatizada pelo governo socialista de Salvador Allende.
Veio o golpe militar de Pinochet e várias das estatais foram privatizadas, mas não na exploração do cobre: ali, centralizou-se o trabalho na estatal Codelco.
O acampamento de El Salvador, no meio do deserto do Atacama, já existia para fins mineradores desde o final da década de 50, mas ganhou tração mesmo a partir dos anos 70.
Um clube de futebol foi criado ali em 1979, com o intuito de se profissionalizar e competir em alto nível.
Se o Flamengo sofrer um gol do Palestino, pela Libertadores, é possível que vejamos a comemoração da imagem abaixo.
Trata-se de uma homenagem a um personagem de quadrinhos que é um símbolo de resistência do povo palestino.
O Club Deportivo Palestino foi fundado em 1920 pela enorme comunidade palestina que imigrou para o Chile.
Ainda hoje, há cerca de 500 mil descendentes de palestinos no Chile, o maior número em um país fora do Oriente Médio.
Os palestinos sofreram muito preconceito no Chile: eram chamados de turcos, um termo pejorativo usado a todos que vinham da região do antigo Império Otomano - daí, o termo "turcofobia" que há por lá.
Criar clubes era uma das formas de unir a comunidade e conquistar espaços.