Acostumado a trabalhar com estrelas, Carlo Ancelotti é o técnico com mais troféus de Champions League.
Antes de sequer sonhar com essa carreira, ele fez parte da reconciliação de outras estrelas, dois grandes cineastas italianos:
Pier Paolo Pasolini e Bernardo Bertolucci.
Pasolini estreou na cadeira de diretor em 1961, com o filme "Accattone - Desajuste Social", que tinha Bertolucci como assistente de direção.
Ele adotou-o como pupilo e ajudou Bertolucci a lançar, com apenas 21 anos, seu 1º longa-metragem: "A Morte", de 1962.
A amizade cresceu.
Mas quando Bertolucci lançou o controverso "Último Tango em Paris", 10 anos depois, Pasolini detestou o filme e falou mal abertamente da obra na imprensa.
O pupilo levou pro pessoal e os dois pararam de se falar.
Em 1975, surgiu uma chance pra reconciliação pelo futebol.
Já imaginou a glória de conquistar o título mais importante do futebol de clubes de seu país no estádio de um grande rival?
Não à toa, Atenas está completamente parada hoje: há um forte esquema de segurança para a final da Conference League, entre Olympiacos e Fiorentina.
Não só pela partida ter o clube mais popular da Grécia no estádio de um rival, como pelo contexto que envolve o futebol do país.
Entre dezembro e fevereiro, o público foi banido dos jogos do Campeonato Grego devido ao que foi chamado de "onda incontrolável de violência".
O futebol grego sempre foi muito politizado, com grupos de ultras não escondendo seus posicionamentos nas arquibancadas.
É prato cheio para isso um país que viveu ditaduras militares, golpes de estado, crises econômicas e governos de variados espectros políticos em um século.
O St. Pauli acaba de ser promovido à 1ª divisão da Alemanha e anunciou Erling Haaland como reforço.
Foi quase isso que aconteceu no xadrez: no mesmo ano em que subiu de divisão no futebol, o clube de Hamburgo também subiu na Bundesliga do xadrez, e anunciou o melhor do mundo.
Magnus Carlsen, hoje com 33 anos, é norueguês como Haaland.
No xadrez, ele é o número 1 do mundo desde 2011. Em tempo de liderança do ranking mundial, só perde pra Garry Kasparov, pra muitos o melhor da história.
Quando tinha 13 anos, Carlsen empatou uma partida com Kasparov.
Naquele mesmo ano, conquistou o título de Grande Mestre, o maior que alguém pode ter no xadrez (além de, obviamente, ser campeão mundial, algo que Carlsen já conseguiu 5 vezes).
Então, o que raios um jogador como Magnus Carlsen pode querer jogando pelo St. Pauli?
"Pensaram que podiam se livrar da gente, mas não podem. Aqui está a prova".
Charlotte Phillips, de 18 anos, jogadora da seleção da Palestina, deu essa entrevista após um amistoso contra o Bohemian, clube irlandês. Ela se refere às histórias de sobrevivência na sua família.
Phillips nasceu no Canadá e atua no futebol universitário, mas na entrevista ela está ao lado de seus avós, refugiados do Nakba e Naksa, como os palestinos chamam as tomadas de parte de seu território por Israel em 1948 e 1967.
Milhões de pessoas foram expulsas de suas casas.
A seleção palestina que foi à Irlanda é composta majoritariamente por mulheres que vivem na Cisjordânia.
Lá, há uma liga feminina organizada, mas a edição 2023-24 nem começou. Muitas atletas ficaram treinando na Arábia Saudita.
Como em todo 20 de maio, foi realizada ontem no Uruguai a Marcha do Silêncio, pedindo memória, verdade e justiça para as vítimas da ditadura militar do país.
Clubes e jogadores de futebol uruguaios apoiaram a marcha, pedindo respostas sobre os desaparecidos durante o regime.
Entre a primeira e a segunda divisão, clubes como Defensor Sporting, River Plate, Cerro, Rampla Juniors, Rentistas e Rocha se manifestaram em suas contas oficiais no Twitter em apoio à marcha.
Ficaram sentidas as ausências dos grandes do país, Peñarol e Nacional.
O que não quer dizer, claro, que suas torcidas deixaram de se manifestar.
No jogo contra o Deportivo Maldonado, ontem, a torcida do Nacional lembrou os torcedores e sócios do clube desaparecidos.
Mas o silêncio institucional dos clubes lembra até o que ocorre no Brasil.
Em 14 de abril de 1941, o governo Getúlio Vargas publicava o Decreto-Lei 3199 e proibia a prática do futebol feminino no Brasil.
Em 2027, mulheres de todos os cantos do planeta estarão em solo brasileiro disputando a maior competição futebolística que existe, a Copa do Mundo.
Um ano antes da proibição, o futebol feminino florescia. Equipes cariocas que jogavam e atraíam público foram convidadas até para ir a São Paulo, na inauguração do Pacaembu.
Mas o governo cedeu à pressão de setores conservadores da sociedade que pediam pelo fim da modalidade.
Dessa pressão, é famosa a carta de José Fuzeira, homem sem qualquer conhecimento técnico sobre esporte ou medicina, a Vargas.
"Acuda e salve essas futuras mães do risco de destruírem a sua preciosa saúde, e ainda a saúde dos filhos delas e do futuro do Brasil!", dizia a carta.