1. A dissonância cognitiva Brasil: a realidade paralela bolosnarista é o resultado de uma midiosfera própria, que produz sem parar narrativas polarizadoras com base em notícias falsas e teorias conspiratórias. A teoria de Leon Festinger é valiosa para decifrar o fenômeno.
2. Tudo começou um em 1954 numa pesquisa sobre uma seita, quando Festinger se infiltrou no culto “The Brotherhood of the Seven Rays”, que combinava crença em vida extraterrestre, discos voadores e apocalipse, e cujo pendor milenarista era preciso como um relógio suíço:
no dia 21 de dezembro de 1954, um dilúvio levaria ao fim do mundo. Contudo, os membros da “Brotherhood” não tinham com o que se preocupar, pois um disco voador viria salvá-los. Ocorreu então uma decepção dupla: o disco voador nunca chegou, mas, o mundo também não acabou!
3. Qual foi a reação dos membros da seita? Por mais incrível que pareça, eles encontraram uma explicação alternativa: o dilúvio foi sustado precisamente porque os membros da seita, com sua fé e força de pensamento, terminaram por impedir o pior. Em "When Propechy Fails" (1956),
detalhou-se o caso. O princípio do livro é um retrato acabado do bolsonarismo:
"Um homem convicto é difícil de ser mudado. Expresse seu desacordo e ele se afastará. Mostre fatos e estatísticas: ele questionará suas fontes. Apele à lógica e ele não entenderá sua abordagem."
4. Em 1957, Festinger publicou "A Theory of Cognitive Dissonance", desenvolvendo hipóteses que descrevem à perfeição a atitude mental dos apoiadores do presidente bolsonaro:
"1 – A existência de dissonância, psicologicamente desconfortável, motivará o sujeito a tentar reduzir a
dissonância, a fim de produzir harmonia.
2 – Em presença da dissonância, além de buscar sua redução, o sujeito ativamente evitará situações e informação que poderiam aumentar a dissonância."
É o que ocorre hoje com dezenas de milhões de brasileiros: somente se informam na
midiosfera bolsonarista, comprometendo-se a não acessar veículos da mídia tradicional. O efeito? A realidade paralela bolsonarista, a dissonância cognitiva Brasil. Nunca enfrentamos um desafio semelhante. Para superá-lo, é preciso entendê-lo bem.
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1. O Globo de Ouro coroa a brilhante atuação de Fernanda Torres no filme importante de Walter Salles, com base no livro impactante de Marcelo Rubens Paiva.
2. Anistiar golpista é um erro fatal. Quem começou a torturar o deputado Rubens Paiva? O brigadeiro João Paulo Burnier. 🧵
3. Em dezembro de 1959, o tenente-coronel Burnier tentou derrubar o governo de Juscelino Kubitscheck. Derrotado, exilou-se na Bolívia. Foi anistiado por Jânio Quadros em 1961. Burnier planejou bombardear o Palácio do Catete e o Palácio Laranjeiras. Um verdadeiro terrorista! 🧶
4. Apoiador da ditadura militar, em 1968 ideou o que seria um dos maiores atentados terroristas da história, o Atentado do Gasômetro, que levaria a milhares de mortes de civis. O atentado seria atribuído à esquerda, abrindo caminho para o assassinato de líderes da oposição. 🧶
1. O regime de urgência do PL 1904/24 faz parte da estratégia dos dois passos da Teologia do Domínio, assumida sem disfarce pelo nacionalismo cristão de líderes “religiosos” oportunistas — não me refiro às dezenas de milhões de fiéis. Quer entender do que se trata? Leia este
ensaio como uma síntese assustadoramente explícita do projeto.
2. Primeiro passo: lançar mão da liberdade religiosa para “ganhar poder”, aumentando o número de adeptos de modo a não somente influenciar (palavra-chave), mas também determinar políticas públicas. Em quais áreas?
3. Pois é. A pauta de costumes, a guerra cultural, com ênfase para a proibição do aborto. Daí o segundo passo da estratégia: depois do crescimento e da multiplicação do número de fiéis, terá chegado a hora do domínio, isto é, de submeter a política à religião.
1. João Paulo Burnier, à época tenente-coronel, foi um dos líderes da Revolta de Aragarças, tentativa de golpe para depor Juscelino Kubitscheck. Primeira vez que um avião foi sequestrado com passageiros: terrorismo realizado por militar. Foi anistiado. Sabem o que fez depois?
2. O projeto mais hediondo da ditadura militar, como brigadeiro. Planejou o Atentado ao Gasômetro, que levaria a milhares de mortes para acusar a esquerda! Foi impedido por um herói que se recusou a obedecer: o capitão Sérgio de Carvalho. Não foi punido. Sabem o que fez depois?
3. Estimulou um terrível centro de torturas na Base Aérea do Galeão. Local do brutal assassinato de Stuart Edgard Angel Jones sob tortura. Negou o assassinato: o corpo nunca foi entregue à família. Sabem o que (se) fez depois?
1. Vocês lembram do João Vicente — tenho certeza! Em agosto de 2021, ele foi diagnosticado com autismo, suporte 2, nível moderado. Já tinha quase 4 anos, ainda não falava e não se relacionava com ninguém. Contato físico, para ele, era um suplício. Por 2 anos e meio, João Vicente
fez 6 terapias semanais, em 5 clínicas. Nossa vida era uma correria sem fim. Nessa vertigem, João Vicente virou meu herói: nunca reclamou de nada, transformando cada terapia num jogo só nosso.
2. Ontem, 5 de fevereiro de 2024, com 6 anos e quase 4 meses, João Vicente entrou no
primeiro ano do ensino fundamental. Tornou-se um político mirim, fala com todo mundo o tempo todo sobre tudo, um menino-só-abraço, com o sorriso mais lindo da face da terra — pelo menos para o pai. Voltou ao neuropediatra maravilhoso que o atende, o Dr. Giuseppe Pastura e, agora,
1. Fascinante a pesquisa de Lúcia
Granja! Graças a uma leitura sensível e inovadora de documentos relativos à história editorial da obra de Machado de Assis, a professora titular da UNICAMP esboça um perfil inédito do autor de “Dom Casmurro”.
2. “Vai mandar imprimir”: frase que
abre horizontes inesperados! Pois então foi o próprio Machado o responsável por imprimir seu romance? Sim!
3. Lúcia Granja relê com agudeza a advertência machadiana na segunda edição de “Helena”: “data em que o compus e imprimi”. O esforço foi recompensado: o livro saiu numa
“Biblioteca Universal”.
4. O que dizer do romance-pura-revolução “Memórias póstumas de Brás Cubas”? A leitura do contrato reforça a hipótese: Machado cuidou, ele mesmo, da impressão do romance: “obrigando-ME a não fazer 2 edição”. Então, a primeira foi tarefa do próprio autor!
1. Por que que o “Dia do Professor” é celebrado no dia 15 de outubro? Siga o fio!
1. Antonieta de Barros, professora, escritora e jornalista, a primeira mulher negra a ocupar um mandato parlamentar no Brasil, teve atuação destacada na vida política e cultural em Santa Catarina.
Ela propôs o “Dia do Professor”, tornado lei estadual em 1948. Eis aqui o texto da Lei N. 145:
2. O feriado só se tornou nacional em 14 de outubro de 1963, durante o governo de João Goulart. Mas o texto da Lei N. 52.682 não menciona Antonieta de Barros!leis.alesc.sc.gov.br/html/1948/145_…
Eis aqui o texto da Lei:
3. Mas por que se escolheu o dia 15 de outubro? Porque nesse dia, em 1827, Dom Pedro I promulgou a Lei que:www2.camara.leg.br/legin/fed/decr…