Thread by @lukissima

Ouvindo o Mano a Mano com o Holiday? Sim. Depois dou meus tostões sobre.

Uma coisa já de largada que eu já havia percebido e vinha conversado com um amigo sobre: O Holiday tem procurado realmente estudar tanto a questão racial e LGBT nos últimos anos. Inclusive se debruçando ao entendimento do Florestan Fernandes.

Tem uma história triste, como a de milhares de jovens negros nesse país. Mas como é que se instrumentalizado o que ele vem estudando e discutido no concreto da formulação política. E não vou ser etarista de dizer que ele ainda tem muito que aprender e mudar.

E sinceramente, a questão das cotas raciais que colocam como principal ponto de embate com o Fernando Holiday, pra mim, é um espantalho. Óbvio que as ações que ele faz no parlamento não é de melhorar a política e sim miná-la por completo. Mas é uma questão de visão de mundo.

Não a toa que ele tem se movimentado não é de agora para a construção de um pólo mais liberal para a disputa da chamada de consciência negra no país. A compreensão dele de subjetividade sobre a cor da pele é parte também do processo de falsa democracia racial e embranquecimento.

O Fernando Holiday simplesmente descarta a existência de racismo institucional e estrutural que precisam ser mitigados. Faz o debate com qualidade, é verdade, mas tira do processo de análise uma série de questões.

A posição do Holiday é a discussão que se teve na esquerda brasileira sobre cotas raciais nos anos 90 inteiro. Um projeto que se demonstrou falho pq não é uma coisa ou outra. O Holiday não pensa dialeticamente pq não faz parte da concepção dele, a base dele é o positivismo.

A entrevista é boa, de verdade. Nada muito surpreendente do que ele tem apontado desde que saiu do MBL, inclusive é um dado importante a saída dele do MBL e as posições sobre questão de racismo e LGBTfobia, viu?

Há uma ruptura de verdade com a premissa de liberal na economia e conservador nos costumes (mas não necessariamente nos temas relacionados a mulheres), mas não passa disso um liberal programático clássico, talvez não chegue a um Keynes, por exemplo.

Peguem o posicionamento dele sobre redução da maioridade penal e prisões. Nada fora de uma perspectiva liberal, inclusive. Ele defende lógica de common law e não coloca no debate o avanço do debate de desencarceramento nos EUA, por exemplo. Mas a entrevista é boa.

Um mérito: O Fernando Holiday faz a autocrítica de ter contribuído pra perda de qualidade do debate público sobre questões sociais e raciais nos últimos anos.

Holiday não será um aliado estratégico praqueles que querem modificar a estrutura do Estado, a premissa dele não é essa. Mas em algumas questões pontuais que avance mitigação de desigualdade social e racial é possível conversar. Até pq até no mov negro existe programa mínimo.

É isso, pra quem quiser ouvir a entrevista que o Brown fez com o Holiday é interessante. open.spotify.com/episode/2MdfHS…