1. Este fio é inspirado no podcast do @manobrown e sua disposição para dialogar. Vamos lá?
Eis um livro ideal para entrar em contato com a rica e extensa obra de Edward Said. Uma série de diálogos com o escritor e jornalista David Barsamian, que recapitula os temas definidores
do pensamento e da militância de Said.
2.O sumário deixa clara a vocação panorâmica do livro. Repare numa palavra-chave da trajetória de Said: “revisited” — às vezes, “reconsidered”. O pensador sempre soube reavaliar suas posições, sem receio de eventuais “patrulhas”.
3. Destaco um diálogo em torno de tema explosivo, “The Politics and Culture of Palestinian Exile”. A tensão cresce pergunta a pergunta, chegando a um ponto culminante numa questão difícil (no final da página). A resposta de Said sempre me comoveu intelectualmente — ainda hoje.
4. Said recordou um encontro memorável: um almoço com Matti Peled, logo depois de tê-lo convidado para proferir uma palestra na Columbia University, prestigiosa universidade, na qual Said era professor e um de seus mais importantes nomes. Por que a surpresa? Para um sommelier de
diálogo, seria um escândalo.
5. Mattityahu Peled foi um destacado general do Exército de Israel e desempenhou papel relevante na “Guerra dos 6 Dias”, em 1967, que levou à ocupação das terras palestinas na região — ocupação que permanece fonte de conflitos diários. O sommelier
de diálogo quer se indignar mais? Fácil! Em 1969, Matti Peled visitou o Vietnam para expressar seu importante apoio ao Exército dos Estados Unidos.
6. Mas, então, como o militante Edward Said convidou ao general Mattityahu Peled para uma palestra e, muito pior!, um almoço?
7. Matti Peled protagonizou uma das mais radicais transformações políticas do século XX, tornando-se um intransigente defensor da paz entre Israel e Palestina; renegou seu apoio aos Estados Unidos no Vietnam; dedicou-se ao estudo acadêmico da cultura e
1. O Globo de Ouro coroa a brilhante atuação de Fernanda Torres no filme importante de Walter Salles, com base no livro impactante de Marcelo Rubens Paiva.
2. Anistiar golpista é um erro fatal. Quem começou a torturar o deputado Rubens Paiva? O brigadeiro João Paulo Burnier. 🧵
3. Em dezembro de 1959, o tenente-coronel Burnier tentou derrubar o governo de Juscelino Kubitscheck. Derrotado, exilou-se na Bolívia. Foi anistiado por Jânio Quadros em 1961. Burnier planejou bombardear o Palácio do Catete e o Palácio Laranjeiras. Um verdadeiro terrorista! 🧶
4. Apoiador da ditadura militar, em 1968 ideou o que seria um dos maiores atentados terroristas da história, o Atentado do Gasômetro, que levaria a milhares de mortes de civis. O atentado seria atribuído à esquerda, abrindo caminho para o assassinato de líderes da oposição. 🧶
1. O regime de urgência do PL 1904/24 faz parte da estratégia dos dois passos da Teologia do Domínio, assumida sem disfarce pelo nacionalismo cristão de líderes “religiosos” oportunistas — não me refiro às dezenas de milhões de fiéis. Quer entender do que se trata? Leia este
ensaio como uma síntese assustadoramente explícita do projeto.
2. Primeiro passo: lançar mão da liberdade religiosa para “ganhar poder”, aumentando o número de adeptos de modo a não somente influenciar (palavra-chave), mas também determinar políticas públicas. Em quais áreas?
3. Pois é. A pauta de costumes, a guerra cultural, com ênfase para a proibição do aborto. Daí o segundo passo da estratégia: depois do crescimento e da multiplicação do número de fiéis, terá chegado a hora do domínio, isto é, de submeter a política à religião.
1. João Paulo Burnier, à época tenente-coronel, foi um dos líderes da Revolta de Aragarças, tentativa de golpe para depor Juscelino Kubitscheck. Primeira vez que um avião foi sequestrado com passageiros: terrorismo realizado por militar. Foi anistiado. Sabem o que fez depois?
2. O projeto mais hediondo da ditadura militar, como brigadeiro. Planejou o Atentado ao Gasômetro, que levaria a milhares de mortes para acusar a esquerda! Foi impedido por um herói que se recusou a obedecer: o capitão Sérgio de Carvalho. Não foi punido. Sabem o que fez depois?
3. Estimulou um terrível centro de torturas na Base Aérea do Galeão. Local do brutal assassinato de Stuart Edgard Angel Jones sob tortura. Negou o assassinato: o corpo nunca foi entregue à família. Sabem o que (se) fez depois?
1. Vocês lembram do João Vicente — tenho certeza! Em agosto de 2021, ele foi diagnosticado com autismo, suporte 2, nível moderado. Já tinha quase 4 anos, ainda não falava e não se relacionava com ninguém. Contato físico, para ele, era um suplício. Por 2 anos e meio, João Vicente
fez 6 terapias semanais, em 5 clínicas. Nossa vida era uma correria sem fim. Nessa vertigem, João Vicente virou meu herói: nunca reclamou de nada, transformando cada terapia num jogo só nosso.
2. Ontem, 5 de fevereiro de 2024, com 6 anos e quase 4 meses, João Vicente entrou no
primeiro ano do ensino fundamental. Tornou-se um político mirim, fala com todo mundo o tempo todo sobre tudo, um menino-só-abraço, com o sorriso mais lindo da face da terra — pelo menos para o pai. Voltou ao neuropediatra maravilhoso que o atende, o Dr. Giuseppe Pastura e, agora,
1. Fascinante a pesquisa de Lúcia
Granja! Graças a uma leitura sensível e inovadora de documentos relativos à história editorial da obra de Machado de Assis, a professora titular da UNICAMP esboça um perfil inédito do autor de “Dom Casmurro”.
2. “Vai mandar imprimir”: frase que
abre horizontes inesperados! Pois então foi o próprio Machado o responsável por imprimir seu romance? Sim!
3. Lúcia Granja relê com agudeza a advertência machadiana na segunda edição de “Helena”: “data em que o compus e imprimi”. O esforço foi recompensado: o livro saiu numa
“Biblioteca Universal”.
4. O que dizer do romance-pura-revolução “Memórias póstumas de Brás Cubas”? A leitura do contrato reforça a hipótese: Machado cuidou, ele mesmo, da impressão do romance: “obrigando-ME a não fazer 2 edição”. Então, a primeira foi tarefa do próprio autor!
1. Por que que o “Dia do Professor” é celebrado no dia 15 de outubro? Siga o fio!
1. Antonieta de Barros, professora, escritora e jornalista, a primeira mulher negra a ocupar um mandato parlamentar no Brasil, teve atuação destacada na vida política e cultural em Santa Catarina.
Ela propôs o “Dia do Professor”, tornado lei estadual em 1948. Eis aqui o texto da Lei N. 145:
2. O feriado só se tornou nacional em 14 de outubro de 1963, durante o governo de João Goulart. Mas o texto da Lei N. 52.682 não menciona Antonieta de Barros!leis.alesc.sc.gov.br/html/1948/145_…
Eis aqui o texto da Lei:
3. Mas por que se escolheu o dia 15 de outubro? Porque nesse dia, em 1827, Dom Pedro I promulgou a Lei que:www2.camara.leg.br/legin/fed/decr…