O Rio Amazonas é considerado por muitos o maior rio do planeta. Com quase 7 mil quilômetros de comprimento, uma bacia que ocupa cerca de 40% de toda a América do Sul e uma vazão de 209.000 m³/s (o equivalente à vazão combinada dos sete outros maiores rios)
Foto de Peak Water
As origens do Rio Amazonas remontam à Gondwana, um supercontinente formado pela junção da América do Sul, África, Antártida, Austrália e do sub-continente indiano.
Imagem do artigo de Thompson et al., 2015
Na metade do período Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos, uma grande bacia, apelidada de “proto-Amazon-Congo river system” existia desde a porção central do continente africano até o Oceano Pacífico.
Imagem do artigo de Ribeiro (2006) mostra parte da antiga bacia
Essa região teve um dos maiores que já existiram na história do nosso planeta, que foi parcialmente destruído com o surgimento do Oceano Atlântico. A nova bacia exclusivamente africana formou o molde para o que se tornaria o Rio Congo milhões de anos depois.
Durante a separação dos dois continentes, o fluxo de água na porção sul-americana foi cortado, e, posteriormente, sua bacia foi invadida pelos oceanos circundantes, criando uma área de mares rasos e recifes. Posteriormente, a conexão com o Atlântico foi fechada.
O surgimento de uma cadeia de montanhas na porção leste da América do Sul fechou a ligação da bacia proto-amazônica com o Oceano Atlântico - Diagrama feito pela UNC (EUA).
A quebra da Gondwana foi causada pela movimentação da Placa Sul-Americana e da Placa de Nazca, que se chocaram. Dessa forma, Nazca afundou e fechou o braço do pacífico para dentro da América do Sul, na região que se tornaria os Andes, formando um grande lago salobro no continente
Esse processo gerou um mar interior com espécies que deixaram linhagens que evoluíram para viver na água doce. Atualmente, mais de 20 espécies de raias de água-doce (esquerda), filogeneticamente próximas a raias de água-salgada do Pacífico (direita), vivem no Amazonas.
Nos milhões de anos seguintes, o surgimento da floresta amazônica criou uma rede de afluentes que desaguavam no grande lago amazônico, que transbordou e criou um novo rio em direção ao Pacífico. Há 9 m.a., golfinhos do Pacífico colonizaram o continente, dando origem aos botos.
Nessa época, a floresta Amazônica mais parecia um pântano gigante, com uma fauna totalmente única, sobretudo em mangues do proto-amazonas na Venezuela e formação Urumaco
Artes por @JuliotheArtist para @CentralCenozoic (sigam os dois!)
Com um novo fechamento do braço do Pacífico, formou-se um rio que seguia na direção do Atlântico, que se tornaria a Bacia do Solimões, que existe até hoje na área e possui uma fauna exclusiva.
O ciclo de glaciações ocorrido nesse período colaborou para a drenagem do grande lago para dentro do rio, além de favorecer que milhares de litros de água, vindos dos Andes, entrassem na bacia, o que aumentou ainda mais o seu fluxo, se tornando a maior bacia do mundo.
Cerca de 3 milhões de anos atrás, uma nova leva de animais vindos do Atlântico colonizou sua foz e alguns se adaptaram à água-doce, como o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis) e outros sirênios já extintos, além de diversos grupos de peixes.
Até mesmo tubarões podem ser encontrados no Amazonas! O tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas) é uma espécie marinha que pode ser eventualmente encontrada a mais de 4.000 quilômetros de seu delta. Um recife com mais de 9,500 km² existe em sua foz, nutrido pelas águas do rio.
Atualmente, no seu ponto mais largo, o Rio Amazonas pode alcançar 11 quilômetros entre uma margem e outra e até 100 metros de profundidade em sua região mais profunda. Ele desloca tanta massa diariamente que é capaz de criar uma anomalia no campo eletromagnético da Terra!
Ele é essencial para a manutenção da floresta e de inúmeras comunidades locais. Sua relevância mundial se deve, principalmente, a seu valor sócio-ambiental e a sua história, que nos mostra a mutabilidade do natureza e, ao mesmo tempo, nos ensina a importância de sua preservação.
Possui mais de 2.500 espécies de peixes, além de centenas de espécies de plantas endêmicas e é, sem dúvida, um dos maiores tesouros biológicos, geológicos, hidrológicos e paleontológicos do Brasil!
Esperamos que tenham gostado! Essa thread foi uma adaptação do texto escrito por @PedroHTunes para o site Tunes Ambiental.
Ficou alguma dúvida? Comente aqui! tunesambiental.com/amazonas-rio-b…
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Esse simpático peixinho brasileiro tem parentes bem antigos, que surgiram há mais ou menos 400 milhões de anos!
Os peixes dipnoicos surgiram no começo do período Devoniano e foram representados por diversas linhagens, gêneros e espécies ao longo dos seus (milhões) de anos de existência.
Além do gênero brasileiro, existe também um gênero africano e um australiano.
Entre o Paleozoico e o Mesozoico, os grupos passaram por mudanças que influenciaram a preservação dos fósseis.
O registro passou de restos articulados a placas dentárias isoladas e ossos desarticulados, em geral, do crânio.
[IMGV] O que Nacional Kid, celacantos, maremotos e jornalistas têm a ver um com o outro?
🧵Segue esse fio para descobrir a origem do famoso "celacanto provoca maremoto!".
Tudo começou com o arco "Os Seres Abissais" do seriado Nacional Kid.
Em um episódio, as crianças conversam um pouco sobre esses pacatos peixes. Não demora para o Dr. Sanada aparecer e jogar a bomba de que os celacantos provocam maremoto.
Essa frase martelou a cabeça do jornalista Carlos Alberto Teixeira, na época com 17 anos. Logo, a pichação tomou as ruas não só do Rio de Janeiro, mas também de Washington e Paris!
Se prepara que vem aí o grupo de "peixes primitivos" mais famoso!
Os celacantos surgiram há mais de 400 milhões de anos, persistiram por quase todas as grandes extinções e são atualmente representados pela icônica Latimeria.
Desde seu surgimento no Paleozoico até o final do Cretáceo, o grupo é bem registrado, com mais de 130 espécies mundialmente distribuídas e bem diferentes entre si.
O registro do grupo, no entanto, apresenta um gap de cerca de 70 milhões de anos.
Essa longa ausência de ocorrências, especialmente em contraste com o rico registro mesozoico do grupo, fez com que os celacantos fossem considerados extintos até a década de 1930.
Marjorie Courtenay-Latimer foi a responsável pelo achado.
A espécie vivente está restrita à América do Norte. Os fósseis, no entanto, mostram que a ordem tinha uma distribuição bem maior, chegando à América do Sul, América Central, Europa, Ásia e África.
No Brasil, fósseis de dois gêneros já foram encontrados no #Araripe.
O segundo grupo de "peixes primitivos" são os lepisosteídeos.
Os fósseis mais antigos dos gars, como são conhecidos, são de mais de 150 milhões de anos atrás e eles têm descendentes que vivem até hoje!
As espécies viventes de lepisosteídeos são dos gêneros Lepisosteus e Atractosteus. A família tem ainda 3 gêneros extintos.
De forma geral, os gars são caracterizados por focinhos longos e pesadas escamas ganoides.
O fóssil mais antigo da família é do final do período Jurássico e ajudou a entender melhor a diversificação de Lepisosteoidea, superfamília que abriga os lepisosteídeos, e a ecologia dos gars.
O primeiro grupo de "peixes primitivos" são os polipteriformes.
Os fósseis mais antigos desses carinhas simpáticos são de mais ou menos 100 milhões de anos atrás e eles têm descendentes vivos até hoje!
Durante o período Cretáceo esse grupo era representado por, pelo menos, 10 gêneros conhecidos.
Hoje em dia, essa diversidade é BEM menor, com apenas 2 gêneros viventes: os bichir (Polypterus) e os peixes-cobra (Erpetoichthys).
Esses dois gêneros fazem parte da família Polypteridae e retêm vários caracteres considerados "primitivos": escamas ganoides, pulmões funcionais, e nadadeira caudal heterocerca.