Os vírus possuem uma diversidade de possíveis vetores, como vimos acima. Os ortonairovírus, por exemplo, são transmitidos por carrapatos, e um aumento de casos de febre hemorrágica da Crimeia e do Congo está se tornando uma preocupação global para a saúde pública.
Patógenos, como vírus, transmitidos por carrapatos são uma causa importante de morbidade*, em especial em áreas rurais onde as interações entre carrapatos e 🧍estão ⬆️
*conj. de indivíduos de uma pop., que adquirem doenças (ou uma doença específica) num dado intervalo de tempo
Uma das doenças que podem ocorrer com a picada de carrapatos é a doença febril aguda, mas é bastante desafiador encontrar o agente causador, já que temos um número crescente de micróbios recém-identificados em carrapatos
Os Ortonairovírus podem ser transmitidos por carrapatos, podendo levar a doenças febris fatais em 🧍e outros animais.
4 espécies podem infectar 🧍, como o vírus da febre hemorrágica da Crimeia-Congo (CCHFV), vírus da doença de ovelha de Nairobi, vírus Dugbe e vírus Kasokero
Embora os ortonairovírus estejam presentes em carrapatos no Japão 🇯🇵, nenhuma doença associada foi relatada anteriormente. Mas num estudo recente na @NatureComms um novo vírus foi identificado em 2 casos de doença febril aguda após suposta picada de carrapato em Hokkaido
O novo vírus, chamado Yezo vírus (YEZV), foi identificado em 2 pacientes que apresentaram doença febril aguda com trombocitopenia e leucopenia após picada de carrapato em Hokkaido, Japão, em 2019 e 2020, respectivamente.
O paciente 1🧍 era um homem de 41 anos com história médica de hiperuricemia e hiperlipidemia, que morava em Sapporo, Hokkaido🇯🇵. Em Mai/19, ele visitou uma área florestal perto de Sapporo e, no dia seguinte, ele percebeu e removeu um artrópode preso a seu abdômen direito
Quatro dias após a visita à floresta, ele apresentou febre acima de 39°C, seguida de distúrbios da marcha (ao andar) e dores nas pernas. Após 4 dias de febre, foi internado ecom temperatura de 38,9°C
Seus exames mostraram muitas anormalidades no sangue, em especial nos leucócitos (células envolvidas na defesa do organismo) e nas plaquetas (importantes na coagulação do sangue, por exemplo).
Já o paciente 1🧍era um homem de 59 anos, previamente saudável, sem histórico médico notável, que vivia em Sapporo, Hokkaido🇯🇵. Em Jun/20, durante a caminhada, ele recebeu uma mordida na perna de um artrópode não identificado que permaneceu preso por pelo menos 30 min
Ele permaneceu em seu estado normal de saúde até 9 dias após a caminhada, quando perdeu o apetite e então, apresentou febre de 37,4°C 17 dias após a caminhada. Também apresentou anormalidades parecidas com o paciente 1🧍 nos exames laboratoriais
Com a coleta de amostras de sangue dos pacientes, a identificação de um RNA viral possivelmente associado a um ortonairovírus foi feita, e o vírus foi provisoriamente nomeado de Yezo vírus. Anticorpos contra o YEZV foram identificados nos pacientes
Com a identificação do YEZV, um estudo retrospectivo olhou amostras de soro de 248 pacientes com suspeita de doença transmitida por carrapatos desde 2014.
No total, 7 pacientes, incluindo os pacientes 1 e 2, foram infectados com YEZV na fase aguda da doença febril
O material genético do Yezo pode ser entendido por três partes: grande (L), médio (M) e pequeno (S) e cada parte gera uma estrutura importante para o vírus e seu funcionamento. As sequências dos pacientes eram todas muito parecidas entre si
Mas onde mais o Yezo poderia estar/estava❓
Uma busca por anticorpos no sangue (obtidos entre 2010 e 2020) de animais selvagens em Hokkaido foi realizada. Anticorpos foram encontrados em veados selvagens e guaxinins, e o RNA do YEZV foi detectado em carrapatos de Hokkaido🇯🇵
"Todos os casos de infecção pelo vírus Yezo que conhecemos até agora não se transformaram em fatalidades, mas é muito provável que a doença seja encontrada fora de Hokkaido, por isso precisamos investigar com urgência sua disseminação" - Keita Matsuno news-medical.net/news/20211004/…
Esse monitoramento de novos e conhecidos vírus é bem importante. Segundo o @CDCgov há pelo menos 16 agentes infecciosos que podem ser transmitidos por carrapatos, causando doenças em pessoas, como a doença de Lyme cdc.gov/ticks/diseases…
Doenças transmitidas por carrapatos são importantes na questão de saúde pública, e a epidemiologia e prevalência dessas doenças são afetadas por fatores ecológicos, climáticos e antrópicos.
O que podemos concluir do artigo, então❓
▪️O YEZV é altamente provável de ser o patógeno causador de doença febril, representando o primeiro relato de uma infecção endêmica associada a um ortonairovírus potencialmente transmitido por carrapatos no Japão🇯🇵.
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo
Estudo interessante da @VirusesImmunity e colegas, mostra diferenças em como a COVID longa afeta homens e mulheres: mulheres são mais propensas a apresentar COVID longa, com uma carga maior de sintomas afetando diferentes órgãos, e hormônios podem ser preditores da condição 🧵
O grupo de pesquisadores investigou como o perfil imunológico na COVID longa pode diferir entre homens e mulheres e se isso poderia nos ajudar a entender como essa condição afeta ambos.
165 indivíduos (com ou sem COVID longa) foram avaliados.
O estudo identificou que alguns sintomas relacionados à COVID longa são mais presentes em mulheres (como inchaço, dores de cabeça, dores musculares, cãibras, queda de cabelo) e outros, mais em homens, como a disfunção sexual