O primeiro passo é você entender o que é uma ação.
Muita gente pensa que uma ação é um código ou um papel que você compra pra vender mais caro.
Isso é o que muitos bancos e corretoras querem que você pense. A verdade é que...
A grande verdade é que uma ação nada mais é que o pedaço de uma pizza. A pizza, no caso, é a empresa.
Quando você compra um pedaço (ou a pizza inteira), vc tem direito a todos os ingredientes dela: os imóveis, o dinheiro que ela tem em caixa e...
O lucro que ela vai gerar.
Claro, se você comprou um pedaço da empresa, você só tem direito a um pedaço do lucro.
Todo ano a empresa distribui dividendos.
Muita gente confunde lucro e dividendos, achando que eles são a mesma coisa.
Pura ilusão.
Em geral, as empresas que são negociadas na bolsa (e que você compra ações pela corretora) são obrigadas a distribuir só 1/4 do lucro como dividendo.
"Oh, meu Deus, e o resto do dinheiro, pra onde vai?".
O resto do dinheiro vai pra própria empresa.
Ela pode reinvestir, abrindo novas lojas, fábricas, computadores.
Isso é o que a gente chama de CAPEX. Um nome chique.
O que você não sabe é que nem todo o lucro que ficou com ela é investido em CAPEX. Isso porque...
A empresa precisa de dinheiro pra fazer a roda girar.
A roda, no caso, é o ciclo operacional dela.
A maioria das empresas ganha dinheiro de um jeito simples: elas compram coisas, transformam em outras e vendem.
Esse é o ciclo operacional. A pergunta é: e daí?
Bom, daí que ela precisa de dinheiro pra comprar essas coisas.
Ela também precisa de dinheiro pra contratar as pessoas que vão transformar essa coisa em outra: o produto que ela vai vender.
Só que entre ela pagar por essas coisas e ela conseguir dinheiro vendendo os produtos...
Demora! (Ainda mais quando pagam parcelado 😂)
É por isso que ela precisa de dinheiro.
Ela precisa bancar o gasto que vai ter hoje até conseguir dinheiro vendendo os produtos daqui a alguns meses.
A roda tem que girar.
Esse dinheiro que ela usa pra fazer a roda girar é chamado de (adivinha só): Capital de Giro.
É muito importante você perceber que o Capital Giro não é um dinheiro que ela tira do bolso e nunca mais vê.
Ele é só um adiantamento. O motivo?
Caso nada dê errado, ela vende os produtos e consegue o dinheiro de volta (+ um lucro).
É por isso que caso uma empresa não cresça de um ano pro outro, ela não precisa de mais capital de giro.
Afinal, ela vai vender o que comprou e comprar as mesmas coisas dnv no ano seguinte.
O problema é que praticamente todas as empresas querem crescer.
E aí sim, pra crescer, elas vão precisar de mais capital de giro.
De onde vem o dinheiro pra bancar essa variação do capital de giro? Bom, pode vir de empréstimos ou... do lucro!
Em outras palavras, o lucro pode ir pra 3 lugares:
- Dividendos
- CAPEX
- Variação do Capital de Giro
Ok, ele pode acabar indo pro caixa (perdão lei das s.a), mas eventualmente ele vai ter que ir pra um dos 3.
O grande segredo é que todo o dinheiro que foi usado pra comprar lojas, fábricas (CAPEX) ou fazer a roda que está maior girar (Var. Capital de Giro) tem um único objetivo:
Gerar mais LUCRO no futuro.
O que sobrar desse lucro, uma hora ou outra, vai acabar indo pro seu bolso.
Pra ninguém ficar confuso, o pessoal começou a chamar a parte do LUCRO que vai pro BOLSO de quem é acionista de...
FLUXO DE CAIXA LIVRE.
Lembra da história de que ação é a fatia de uma pizza?
Quando você compra uma ação, você ganha o direito de ficar com uma fatia de todo o Fluxo de Caixa Livre que a empresa tiver daqui pra frente.
Adivinha quanto vale a ação? Simples...
A empresa vale exatamente os fluxos de caixa que ela vai gerar a cada ano daqui pra frente.
Como você tá comprando uma fatia (ação), é só dividir esse valor (da pizza inteira) pela número de fatias (ações).
Daí, você descobre quanto vale cada uma delas.
Ok, tem alguns detalhes a mais.
1- Nem tudo o que a empresa tem (caixa, fábricas) é usado no dia a dia do negócio. Como não é usado no dia a dia, não gera caixa. E, como não gera caixa, essa conta acaba não capturando o valor disso.
São os chamados ativos não-operacionais.
Claro, essas coisas têm valor mesmo assim.
Por isso, a gente adiciona ao final.
É como se você tivesse pedido uma pizza que vem com refrigerante no combo.
O valor que você pagou foi só pela pizza? Não. Então a gente precisa adicionar o refrigerante na conta.
2- O dinheiro que a empresa vai dar (fluxo de caixa livre) daqui a 10 anos não vale exatamente a mesma coisa que valeria hoje.
O motivo mais óbvio é inflação. O dinheiro perde valor com o tempo.
Só que quando você é um investidor, você não quer só "anular" o efeito da inflação.
Você quer ter um retorno BEM acima dela.
É o que a gente chama de custo de oportunidade.
Eu consigo ganhar 20% ao ano? Ótimo.
Então R$ 100 daqui a 10 anos valem só R$ 16,15 pra mim hoje.
É isso o que eu conseguiria caso investisse os ~R$ 16 por 10 anos.
É por isso que pra descobrir quanto vale a empresa, não basta só sair somando o fluxo de caixa que ela vai dar a cada ano.
A gente precisa descobrir quanto o dinheiro que ela vai dar a cada ano vale hoje (pra um investidor).
É o chamado trazer a valor presente.
Isso é o que a gente chama de DCF (Discounted Cash Flow).
É o método mais famoso pra descobrir quanto vale a ação de uma empresa.
Só que existem alguns segredos que ninguém te conta.
O maior deles é que esse negócio de "valo intrínseco", um número mágico que revela o quanto a ação vale, é um mito.
A grande magia do DCF não é você encontrar esse número mágico. Ele não existe.
"Ah, Leandro, você tem um curso de Valuation e tá dizendo que DCF não funciona?"
Não. Não estou dizendo que não funciona.
Eu estou dizendo que vocês entenderam errado como ele funciona.
O objetivo do Valuation é descobrir qual ação está barata INDEPENDENTE do futuro.
Todo modelo inclui premissas. São coisas que você chuta que podem acontecer.
Só que ninguém consegue prever o futuro.
Por isso, você deve achar uma ação barata: independente do que aconteça.
Essa é a maior crítica que você vai encontrar sobre quem faz Valuation.
Com todo respeito, é uma crítica burra.
Só mostra que a pessoa não entende nem sobre Valuation, nem sobre modelos matemáticos.
Quem gostou, dá um RT aí. Divulga pra mais gente.
Conhecimento não deveria ser contido.
Vocês gostaram desse negócio de Valuation ein.
A gente tem uma assinatura no @edufinancebr chamado Valuation Box.
Lá, a gente mostra na prática o Valuation de várias ações.
Eu vou abrir 50 vagas para o Grupo do VBox no Telegram de graça. Basta dar RT na thread e me mandar DM.
Esse aqui é o famoso VBox
- Relatórios de Valuation Completos
- Planilha com o modelo pra você baixar
- Vídeos explicando cada detalhe e como descobrir quanto vale a ação da empresa
Os 10 Melhores Livros de Valuation e Análise de Ações (imo) 🧵
1/ Narrative and Numbers - Aswath Damodaran
É o melhor livro não técnico que você pode ler para colocar o pé nesse mundo de análise fundamentalista, sem ter que se preocupar com matemática/contabilidade.
Damodaran, além de papa do Valuation, escreve de forma muito carismática.
2/ Competition Demystified
Este é um dos melhores e mais enxutos livros para explicar análise setorial que eu conheço.
É o conteúdo de um livro de microeconomia filtrado, condensado e com exemplos de empresas reais.
Quando a gente ouve falar do setor de telecomunicações na bolsa, muitas vezes o papo fica concentrado nas gigantes Vivo, TIM e Oi.
Entretanto, existem outras formas interessantes de se expor a esse setor no Brasil.
Este é o nosso Guia Completo de Telecom. 🧵
Nesse thread, você aprenderá:
1) Como funciona o mercado brasileiro de telecom; 2) Quem são as grandes operadoras (VIVT3, TIMS3 e OIBR3); 3) Quem são as provedoras de Internet, conhecidas como ISPs (BRIT3, DESK3 e IQE3); 4) O que determina o crescimento do setor; 5) Os riscos.
O mercado de telecom no Brasil é dividido em 2 grandes áreas:
No dia 1º de março de 1993, o Brasil testemunhou o nascimento da Unidade Real de Valor (URV), marcando 30 anos de uma estratégia revolucionária.
Entenda como essa "quase-moeda" conseguiu reduzir a inflação em mais de 95%. 🧵
A URV foi o prelúdio do real, levando uma economia asfixiada por uma inflação estratosférica, superior a 40% ao mês, a uma era de estabilidade, com taxas muito mais baixas.
Tudo isso sem recorrer a choques ou congelamentos de preços, traumas de programas dos governos anteriores.
O contexto político e econômico da época era complexo.
Collor acabara de renunciar e Itamar assumiu o país em frangalhos.
Seu governo começou mal, com 3 ministros da Economia derrubados em pouco tempo.
No entanto, um tal de FHC chegou ao cargo... e aí tudo mudou.
Em 2019, a C&A fez IPO e suas ações chegaram a ser cotadas a mais de R$ 18.
Três anos depois, elas haviam derretido e valeram menos de R$ 2.
Agora, a ação caminha para os R$ 10 – uma alta de quase 400%.
Essa é a história por trás dessa epopeia 🧵
A C&A é uma empresa holandesa criada em 1841.
O nome dela vem das primeiras letras dos nomes de seus fundadores: os irmãos Clemens e August Brenninkmeijer.
Naqueles tempos, comprar roupas prontas era coisa de rico. Dessa forma, a C&A vendia rolos de tecidos.
Tudo mudou quando os irmãos Brenninkmeijer conheceram a máquina de costura, acelerando a confecção.
Já a massa de trabalhadores que acumulara dinheiro durante a primeira revolução industrial, porém não o suficiente para contratar um alfaiate, acabou tornando-se cliente da C&A.