A pandemia está melhorando muito por aqui, mas está longe de acabar – o SARS-CoV-2 se estabeleceu entre nós.
Segue um fio com 3 possíveis cenários futuros e pq máscaras ainda devem continuar necessárias e idosos precisam tomar um cuidado especial.
No cenário 1, continuamos na tendência atual: Casos contidos com vacinas, mesmo sem medidas de distanciamento. Nesse cenário, a transmissão fica mais "oculta" pq as pessoas passam a ter casos mais leves. E os idosos terão momentos mais vulneráveis pela imunidade temporária.
Ou seja, pelo menos os idosos ainda precisam de mais distanciamento e manter o uso de máscara em muitas situações, pois comprovadamente perdem a proteção da vacina periodicamente e precisam de reforço.
Esse é o melhor cenário. Nos outros, as máscaras são mais necessárias.
Outro cenário possível é as vacinas continuarem funcionando, mas todos terem uma imunidade temporária, que seria mais curta em idosos. Nesse cenário 2, voltaremos a ter altas de casos e mortes conforme a imunidade de cada grupo for caindo. Todos precisariam de doses de reforço.
O pior cenário, 3, seria o vírus aprender a escapar da vacina. E locais como os EUA, com muitos casos entre não vacinados convivendo com vacinados, são o ambiente ideal para selecionar isso. Bem como países com surtos pela demora na vacinação.
Se o coronavírus aprender a escapar da vacina, voltamos a ter surtos. E o quão graves serão dependerá do quanto o vírus escapa da imunidade. Se escapar bem, sem máscaras e sem distanciamento, ele encontra o mundo menos preparado do que a P.1 encontrou Manaus no começo de 2021.
Porque enfrentar a COVID agora não seria a mesma coisa que 2020. O vírus em 2020 era transmissível para 2 a 3 pessoas. Agora a variante delta infecta até 9 por vez. Ela causaria muito mais casos muito mais cedo sem imunidade e sem medidas de distanciamento.
O cenário 2 começa com uma leve alta de casos e mortes generalizada, mas com sinais claros em algumas faixas etárias, como quem tem mais de 50 anos. O cenário 3 começa com surtos piores do que foi a Índia ou Manaus no começo deste ano em um ou alguns países.
Resumindo:
Cenário 1: pelo menos idosos e crianças (ainda não vacinadas) se beneficiam de máscaras e distanciamento
Cenário 2: todos se beneficiam de máscaras e distanciamento e precisam de vacina reforço
Cenário 3: sem máscaras e distanciamento, seria a pior onda da pandemia
Temos novas evidências da origem do novo coronavírus (e da COVID).
Vazamento de lab? Não, origem natural.
Novas sequências de material genético que foram coletadas no mercado de Wuhan mostram o SARS-CoV-2 junto de cães-guaxinim theatlantic.com/science/archiv…
O cão-guaxinim não é nem cão, nem guaxinim. Tá mais próximo de raposas e é um animal que não poderia ser vendido lá no mercado de carnes de Wuhan. E as amostras são de uma coleta feita em gaiolas e no ambiente depois do fechamento do mercado, em janeiro de 2020.
Elas não mostram definitivamente que eles tinham o coronavírus, mas que estavam pelo menos próximos. Cães-guaxinim são um intemediário bem plausível (sua parente, a civeta, foi a ponte do SARS-CoV-1) e já foram bem documentados em venda ilegal nesse tipo de mercado.
A XBB que circula agora é uma variante ainda mais transmissível da Omicron que há foi vista nos EUA desde o fim do ano passado. Ela surgiu no meio de uma onda de outra variante, a BQ.1, que foi a que causou nossa onda de novembro a janeiro aqui.
Pra quem pergunta o que acontece na China, segue um fio resumo do que expliquei no @XadrezVerbal
Uma população de 1,4bi vacinada ano passado, com vacinas inativadas, agora encontra a variante mais transmissível da COVID até aqui. Verão em 2-3 meses uma versão "branda" de 2020/21
Com o fim da COVID Zero, em poucos dias o vírus já tomou conta dos grandes centros urbanos. A vacina reduz a chance de hospitalização e casos graves. Mas mesmo 10x menos casos graves em uma cidade de 22 milhões de hab. são muitos casos.
Ainda tem o agravante que, sem COVID até agora, muita gente não via necessidade de tomar 3a dose – menos da metade dos mais idosos tomou. Ou seja, mesmo com vacina disponível, ainda tem muita gente vulnerável. E deu tempo de a imunidade cair entre quem se vacinou ano passado.
Saiu uma compilação de dados da COVID bem interessante para explicar quando e como transmitimos o vírus, além da melhor estratégia de testes e do efeito da vacinação. Segue um fio rápido comentando. nature.com/articles/s4157…
Primeiro comentário que achei legal: testes de RNA como o RT-PCR são tão mais sensíveis que detectam o vírus antes da transmissão e por vários dias depois de a pessoa deixar de ser infecciosa.
Já o teste de antígeno (teste rápido), se bem feito, pega justo o período infeccioso da doença. De novo, se bem feito (coleta no fundo do nariz e garganta) e com boa sensibilidade, é um bom indicativo de quando acabar isolamento.
Conhecem algum comparativo de testes de farmácia?
Não temos vacinas da COVID pra crianças e bebês e falta vacina para adultos em alguns pontos.
Mas como o governo sabe que vacinar é muito mais seguro e eficaz do que pegar a doença, em novembro tem campanha nacional e não vai faltar vacina… pro gado. gov.br/pt-br/noticias…
O Brasil segue sendo exemplo de teste, rastreio de contatos, passaporte vacinal, produção nacional de vacinas e campanhas nacional de vacinação. De bovinos.
Legal quando entregam que não tem vacina da COVID porque as pessoas não tem valor pra quem tem essa mentalidade.
"Ah, mas não dá pra falar que o governo* é responsável pelas 700 mil mortes da COVID"
Um número certo, é difícil de estimar mesmo. Mas tem uma parcela aí que dá para inferir. Segue o fio.
*governo, pq presidente não age sozinho
Primeiro tem a questão de incompetência vs. plano executado de promover contágio e mortes. O Brasil se enquadra no segundo caso, promoveu mortes intencionalmente, segundo análises como da @Deisy_Ventura, que analisou leis aprovadas e vetadas pelo governo.
Isso fica bem claro no timing das mortes pela COVID. Enquanto boa parte dos países viu mais gente morrer em 2020, quando se organizavam e fechavam (ou não) para combater o vírus
O Brasil está entre os países que perderam mais vidas em 2021. Depois disso.