Bom dia. Ontem, postei um fio sobre como os empresários paulistas, cariocas e gaúchos financiaram a escalada da extrema-direita brasileira desde o início deste século. Para dar sequência àquele fio, postarei as movimentações dos Bolsonaros para criação de um think tank. Lá vai
1) Segundo matéria assinada por Manuela Dorea de 5 de julho de 2021, Eduardo Bolsonaro articula a criação de um instituto ultraconservador. Traduzo como um aparelho de extrema-direita comandado por ele. No dia 7 de junho, reuniu 40 empresários, ativistas e influenciadores
2) Empresário estavam representados por Otávio Fakhoury, Andre Kissajikian (incorporadora AK Realty) e Gabriel Kanner (Instituto Brasil 2000), o presidente do Instituto Mises Brasil, Hélio Beltrão, além dos investidores Edu Cavendish (Somas) e Pablo Spyer.
3) Dentre os políticos, destacavam-se Frederico D’Avila (o tal que xingou arcebispo, Papa e CNBB) e Gil Diniz (eleitos pelo PSL e expulsos do partido) e o ex-candidato a prefeito de São Paulo pelo Novo, Filipe Sabará.
4) Entre influenciadores digitais e comunicadores, participaram Caio Coppolla, Adrilles Jorge, Luís Ernesto Lacombe, além de Henrique Viana, sócio da produtora de vídeos Brasil Paralelo, e da DJ Pietra Bertolazzi.
5) Eduardo pretende lançar o tal instituto em dezembro, em Brasília. Já realizaram encontros preparatórios em Belo Horizonte (MG) e Balneário Camboriú (SC). Segundo o futuro diretor do instituto, Sérgio Sant´Ana, investirão na formação de quadros e formulação de política públicas
6) O instituto já tem CNPJ e, além de Sérgio como diretor-executivo, já possui responsáveis setoriais. Na segurança pública, o responsável é o deputado federal Capitão Derrite (PP-SP), e na educação, Ilona Becskeházy, ex-secretária de Educação Básica do MEC.
7) Como não poderia deixar de ser, a inspiração é Trump e os EUA: Heritage Foundation, um dos principais centros de estudos da direita americana, fundado em 1973; e a American Conservative Union (União Conservadora Americana), que organiza o maior evento anual direitista dos EUA
8) Nas redes sociais do ICL, há um vídeo em que Matt Schlapp, presidente da ACU, parabeniza Eduardo pelo instituto e repete a versão fantasiosa de que houve fraude na derrota eleitoral de Trump para Joe Biden
9) Há divergências entre os empresários sobre o foco nas eleições do próximo ano, interesse maior dos Bolsonaro. O importante é que a extrema-direita está se mexendo e está tendo apoio entre empresários e jornalistas. Hora de abrirmos o olho. (FIM)
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Bom dia. Acabo de ler “O Projeto”, de David Graham, jornalista do Atlantic, dos EUA. Graham dissecou o documento “Projeto 2025”, elaborado por extremistas alojados na Heritage Foudation, tendo à frente os ultraconservadores Russel Vought e Paul Dans. Lá vai fio:
1) O livro é fácil de ler e descreve ações para destruir a estrutura básica da gestão pública moderna. Declaram explicitamente a politização de todos os órgãos de Estado, a extinção de muitos deles e a redução drástica do número de funcionários de carreira
2) Seus autores fazem uma miscelânea entre cristianismo e nacionalismo, entre reacionarismo e defesa dos trabalhadores, entre oposição frontal à cultura “woke” e o ataque aos carros elétricos porque querem conter a China e a dependência das terras raras.
Bom dia. Foi muito esclarecedora a mensagem que Eduardo Bolsonaro enviou ao seu pai. Um misto de desrespeito e ressentimento. Imediatamente, veio à memória a pesquisa de Adorno sobre as personalidades fascistas. O fio é sobre esta pesquisa:
1) Publicada em 1950, nos EUA, a pesquisa liderada por Adorno (da Escola de Frankfurt) envolveu 2 mil pessoas e procurou identificar traços de indivíduos que apresentavam inclinação aos ideais fascistas.
2) O traço principal verificado foi a relação autoritária que esses indivíduos foram submetidos na sua infância, verticalizada e de uso. Tal relação se transferiu, na vida adulta, para a esfera do poder e dominação, baseada no uso do parceiro sexual.
Bom dia. Estava assistindo uma minissérie quando, em determinado momento, o personagem principal, em meio a um caos instalado, sugere que todos somos movidos por sonhos. De fato, ninguém deseja ser desiludido. Este é o fio.
1) Ouvi esta frase numa palestra, acho que de Nilson José Machado, o idealizador do ENEM ( que originalmente foi inspirado na teoria das inteligências múltiplas). Ele falava da origem da palavra ilusão, que é "illudere", e que significa "brincar com".
2) E lascou esta conclusão: "a questão é que ninguém deseja ser um desiludido". A questão deste fio, conduto, é uma derivação dessa conclusão que não há como um ser humano viver sem utopia, sem "brincar com a realidade". Daí a necessidade da arte e até da bondade.
Bom dia. Por mais paradoxal que possa parecer, acho que Hugo Motta ajudou Lula a sair de uma arapuca. Explico a afirmação no fio que começa agora:
1) Até então, o Lula3 estava amarrado ao Centrão, praticamente paralisado. O medo que tomou conta de Lula tinha como fonte a capacidade de mobilização do bolsonarismo que poderia desmoralizar a sua história de líder de massas.
2) Eis que, de repente, o bolsonarismo coloca 12 mil pessoas na avenida Paulista e Hugo Motta resolve peitar o projeto de Haddad sobre o IOF. O IOF era a tábua de salvação para dar sobrevida às contas governamentais.
Boa tarde. O fio de hoje é sobre o calcanhar de Aquiles dos Bolsonaro: agitam, mas não organizam. Lá vai:
1) Max Weber nos ensinou que há um tipo de líder que arrebata as massas pela paixão. Raramente se relaciona com as tradições e é ainda mais raro respeitar regras e normas. Trata-se do líder carismático.
2) Carisma significa “toque de Deus”. Por algum motivo, alguém é escolhido para se sacrificar ou para se distinguir dos outros humanos. Ele parece igual aos outros, mas algo o diferencia da multidão.
Bom dia. O fio de hoje é sobre a frase de Chico de Oliveira que postei ontem por aqui. Dizia que os anos 1990 retiraram a musculatura do Estado brasileiro e o século 21 retirou a musculatura da sociedade civil. Lá vai:
1) O Estado foi criado como garantidor da estabilidade social cujo objetivo era sustentar que as expectativas individuais (e coletivas) fossem passíveis de serem realizadas.
2) Se no século 19 surgiu a ideia de proteção social via intervenção estatal – vindo do improvável projeto de Bismark -, no século 20 se projetou, via socialdemocracia, a lógica da promoção social via amplas políticas de Estado.