Bom dia. Farei um fio a partir de minha análise de conjuntura realizada ontem (pelo canal do Youtube do Instituto Cultiva). Ocorreu, nesta semana que termina hoje, um repique positivo para Bolsonaro. Vamos lá:
1) Pesquisa PoderData realizada de 25 a 27 de outubro mostra que Bolsonaro diminuiu a diferença e hoje perderia para Lula por 37% a 52% em um eventual 2º turno. De 23 pontos (pesquisa realizada em 29 de setembro) caiu para 15 pontos percentuais
2) Também gerou uma situação positiva para o bolsonarismo a decisão do TSE de rejeitar a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. Como compensação, cassaram um deputado e afirmaram que para 2022 tudo será diferente
3) Outra sinalização importante para Bolsonaro foi a decisão do Centrão em blindá-lo, caso perca o foro privilegiado a partir de 2023. Essa decisão sinaliza apoio do Centrão à Bolsonaro, em 2022. Contudo, a campanha de Lula sinaliza o nome de Rodrigo Pacheco (PSD) como vice
4) Aras decide fatiar as denúncias da CPI e, por obrigação de ofício, determinou a abertura de uma investigação preliminar para apurar os crimes imputados à Bolsonaro e aos outros doze políticos indiciados pelo relatório final. A hipótese de escolher um bode expiatório é razoável
5) O auxílio emergencial quica na entrada da grande área e o Bolsa Família passa a ser substituído pelo Auxílio Brasil (via MP). Esta parece ser a grande aposta de Bolsonaro para conter o índice histórico de rejeição.
6) Finalmente, temos uma série de ações do campo da extrema-direita, envolvendo empresários e jornalistas, preparando o bote para 2022 em diante: Instituto Liberal-Conservador (de Eduardo Bolsonaro), Brasil Paralelo, Brasil 200 e Telegram. (FIM)
Uma rápida observação. Temos quase um ano pela frente. Devemos evitar o pêndulo maníaco-depressivo que assola o campo progressista: não há como se afirmar que Bolsonaro recuperou o fôlego, assim como sempre foi um erro afirmar que Lula vencerá no 1o turno
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Bom dia. Comecei a ler comentários de analistas europeus sobre a morte de Mujica e um analista atraiu minha atenção: Daniel Oliveira. Daniel é colunista do jornal português Expresso e um famoso blogueiro. Este é o fio.
1) No seu comentário, diz ter inveja "da liberdade conquistada pelo despojamento do que da lamentável solidão e do risível exibicionismo de Musk. A redução da política à tecnocracia destruiu a sua função inspiradora e profética, sem a qual é gestão.”
2) Nesses dias, Mujica foi quase uma unanimidade, com exceção dos sempre chatos e mal-amados bolsonaristas, uníssonos em seus comentários sem alma ou cérebro.
Bom dia. Venho sugerindo que a ampla coalizão montada por Lula não tem validade política. Como aliança eleitoral, teria sentido. Porém, como governabilidade, vem se revelando um desastre. Desastre objetivado ontem, com a recusa do Ministério do Turismo por Pedro Lucas.
1) A recusa pelo aliado do presidente do União Brasil revela mais do que o tornozelo. Faz parte do pêndulo do poder entre Alcolumbre e Antonio de Rueda . Alcolumbre se adiantou e afirmou que indicará um novo nome para a pasta.
2) De um lado, Davi Alcolumbre vem acumulando divergências com outros integrantes da cúpula do União Brasil a respeito da participação do partido no governo Lula e dos rumos que a legenda deve tomar na eleição de 2026.
Bom dia. Com o falecimento de Papa Francisco, não tive ânimo ou coragem para escrever sobre Tiradentes, motivo do feriado da segunda-feira. Agora, retomo o fio. Lá vai:
1) A homenagem a Tiradentes tem relação com a origem do mito: a formação da alma brasileira. Este é o nome do livro mais instigante e revelador sobre como Tiradentes foi usado e abusado na disputa entre duas correntes militares: os deodoristas e os florianistas.
2) O livro relata como as duas correntes disputavam e manipulavam a opinião pública para construir um ícone da república – e, portanto, da nação – brasileira. Os seguidores de Deodoro da Fonseca desejavam uma figura mais agressiva, bélica e impositiva.
Bom dia. Saiu nova pesquisa Datafolha que registra avaliação dos brasileiros sobre o governo federal. Na aparência, uma notícia melhor que a pesquisa Quaest apresentou dias atrás. Na aparência. Vamos à pesquisa.
1) Se compararmos com o dado da Quaest, há uma diferença: 5 pontos percentuais de melhoria do índice de avaliação positiva. Esses 5 p.p. fazem uma grande diferença porque, sem esta mudança, a distância entre avaliações positivas e negativas seria similar entre Quaest e Datafolha.
2) Na comparação: a pesquisa Quaest apresentou 56% de desaprovação e a Datafolha, 38%; já os que aprovam foram 41% na Quaest e 29% na Datafolha. A primeira notícia ruim é que em ambas pesquisas, a reprovação é maior que a aprovação: 9 p.p. na Datafolha e 15 p.p. na Quaest.
Bom dia. No dia 1 de abril de 1964, o Brasil mergulhava numa ditadura. O fio de hoje é dedicado a explicar em que aquela ditadura se diferenciaria da que Bolsonaro tentou implantar
1) O bolsonarismo é fascista. A ditadura militar de 64 era autoritária. Qual a diferença? Autoritarismo não mobiliza socialmente e tolera certa competição política tutelada
2) A partir de 1964, ninguém podia sair às ruas em grupos de mais de três pessoas. Se saísse, logo aparecia um meganha ditando o conhecido "Circulando!". Isso, se fosse um policial pacato.
Bom dia. Prometi um fio sobre machismo e esquerda. Então, lá vai fio:
1) Vamos começar pelo básico: não existe esquerda machista ou racista. Se é machista, não é esquerda. Por qual motivo? Justamente porque a definição de esquerda é a defesa da igualdade social. Ora, machismo se define pela desigualdade entre gêneros.
2) Neste caso, piadinhas sexistas, indiretas, definição de trabalho em função do sexo ou sexualidade, assédio ou abuso sexual não fazem parte do ethos da esquerda.