Esse é o 1º tweet de uma thread cheia de imprecisões, distorções, mentiras e omissões da Secom. Não é trivial o esforço de promover desinformação justamente a respeito desse povo. E é sério. Precisamos de especialistas em checagem pra desmentir. Fico à disposição pra colaborar.
Lembrando que não faltam trabalhos sérios e consistente a respeito da situação dos Yanomami. O @socioambiental publicou 2 estudos, em 2020 e 2021; a @ApibOficial acompanha a ADPF no STF; a @amazonia_real faz cobertura impecável e a @agenciapublica divulgou excelentes reportagens.
Isso tudo - evidentemente - sem falar no trabalho incansável das lideranças e suas organizações. A Hutukara tem divulgado notas e falado publicamente, como mostra @Dario_Kopenawa ; e @JYanomami, do Condisi, tem mostrado muito bem os impactos do garimpo, junto com @MYekwana.
@tainalon@amarinamaral@thiago_domenici vejam, por favor. Minha hipótese é de que a Secom tá tentando se adiantar às críticas que vão explodir depois da matéria do Fantástico de hoje...
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Viram a matéria do @showdavida sobre a situação crítica da saúde Yanomami em meio à invasão de 20 mil garimpeiros? (Link a seguir)
Alguns pontos pra lembrar e não cair no discurso bolsonarista de que a atividade favorece indígenas, e de que o garimpo é dos garimpeiros 🧶:
1) a matéria fala brevemente, mas prestemos atenção: garimpo é "empreendimento"! Precisa de muita grana pra arcar com maquinário, insumos e logística. Quem sustenta e manda naquilo são empresários. Contratam táxi aéreo a 200mil por semana, p ex - como @amazonia_real já mostrou.
2) a matéria menciona por alto o cerco dos garimpeiros contra indígenas, a violência decorrente disso e a insegurança absurda. Não fala (não era o foco) que tem facção criminosa lá. Lavando dinheiro. Usando a logística pro tráfico. Atacando indígenas. A quem serve o garimpo?
Já que a @secomvc resolveu apelar para a retórica do "não te contaram, mas nós te contamos", vamos começar a desmenti-la falando do que ela não está contando sobre a atuação do governo em relação aos Yanomami?
Seguem alguns fatos 🧶:
1) Isolados foram mortos por garimpeiros na TI Yanomami; crianças morreram em decorrência da presença do garimpo ilegal; indígena foi atropelado por avião de garimpo;garimpeiros atacaram durante meses comunidades Yanomami. Links a seguir.
Facções de narcotraficantes de São Paulo e Santa Catarina, altamente armadas, lavando dinheiro com ouro de garimpo ilegal em terra indígena. Atacando os Yanomami e aterrorizando os Munduruku. Brasil, 2021. oglobo.globo.com/brasil/seguran…
"Armados com pistolas, escopetas e fuzis, eles começaram a ganhar dinheiro fazendo a segurança dos garimpeiros contra indígenas e piratas, até que uma de suas lideranças.. decidiu tomar o controle de um campo de extração de ouro na região do Rio Uraricoera, no início deste ano"
"Hoje vocês vão ver quem manda no bagulho. Nóis é a guerra, neguinho" - os caras disseram para os Yanomami no rio Uraricoera, em maio. Os indígenas ficaram MESES sob ataque.
A gente passa batido por tanta coisa ao supor que nossas maneiras de pensar se estendem pra todo mundo... Quando a pausa pra questionar 'o que será que isso quer dizer' pode abrir um mundo.
Textos indígenas fazem o convite a essa pausa a todo momento. Por exemplo:
as cartas dos Munduruku falam sempre que estar na terra é condição para a sobrevivência do povo: dependem dela. Uma leitura apressada poderia supor que só estão falando de adquirir alimento e garantir subsistência. Mas isso diz mais sobre quem tá lendo (e ver essa imagem +
refletida pode nos fazer entender coisas importantes sobre nós mesmos). Se prestarmos atenção ao que eles dizem quando afirmam essa "dependência", vemos que há muito mais nessa ideia: a origem mítica do território (e do povo), que estabelece a relação entre habitar e lutar pela
É impressionante a força de mobilização e organização dos indígenas. Dá pra imaginar o que é realizar 3 acampamentos na capital, em 4 meses? (Levante pela terra em junho, Luta pela vida em agosto e agora a marcha das mulheres) Os acampamentos são extremamente organizados: +
Estrutura própria para atendimento de saúde (não-indígena e indígena), para refeições, banheiro, trato dos resíduos... Equipes de comunicação, de segurança e várias outras, trabalhando sem parar. E as delegações de cada povo se organizando, entre si, e se articulando. Incrível. +
Tudo isso demanda um esforço de atenção, diálogo e gestão que nem conseguimos imaginar. E num contexto como este! Não bastasse isso tudo que estamos todos passando,sob este governo e com o bolsonarismo nas ruas, os indígenas têm que lidar com muitas outras camadas de pressão, +
Sim, #DiaDaAmazônia é (e precisa ser) todo dia. Mas como hoje estamos com as atenções voltadas para essa data, deixo algumas indicações de perfis para seguir nesta rede.
(Quem quiser complementar, chega junto!)
Começando pela @CoiabAmazonia, organização indígena histórica. +