Facções de narcotraficantes de São Paulo e Santa Catarina, altamente armadas, lavando dinheiro com ouro de garimpo ilegal em terra indígena. Atacando os Yanomami e aterrorizando os Munduruku. Brasil, 2021. oglobo.globo.com/brasil/seguran…
"Armados com pistolas, escopetas e fuzis, eles começaram a ganhar dinheiro fazendo a segurança dos garimpeiros contra indígenas e piratas, até que uma de suas lideranças.. decidiu tomar o controle de um campo de extração de ouro na região do Rio Uraricoera, no início deste ano"
"Hoje vocês vão ver quem manda no bagulho. Nóis é a guerra, neguinho" - os caras disseram para os Yanomami no rio Uraricoera, em maio. Os indígenas ficaram MESES sob ataque.
A gente passa batido por tanta coisa ao supor que nossas maneiras de pensar se estendem pra todo mundo... Quando a pausa pra questionar 'o que será que isso quer dizer' pode abrir um mundo.
Textos indígenas fazem o convite a essa pausa a todo momento. Por exemplo:
as cartas dos Munduruku falam sempre que estar na terra é condição para a sobrevivência do povo: dependem dela. Uma leitura apressada poderia supor que só estão falando de adquirir alimento e garantir subsistência. Mas isso diz mais sobre quem tá lendo (e ver essa imagem +
refletida pode nos fazer entender coisas importantes sobre nós mesmos). Se prestarmos atenção ao que eles dizem quando afirmam essa "dependência", vemos que há muito mais nessa ideia: a origem mítica do território (e do povo), que estabelece a relação entre habitar e lutar pela
É impressionante a força de mobilização e organização dos indígenas. Dá pra imaginar o que é realizar 3 acampamentos na capital, em 4 meses? (Levante pela terra em junho, Luta pela vida em agosto e agora a marcha das mulheres) Os acampamentos são extremamente organizados: +
Estrutura própria para atendimento de saúde (não-indígena e indígena), para refeições, banheiro, trato dos resíduos... Equipes de comunicação, de segurança e várias outras, trabalhando sem parar. E as delegações de cada povo se organizando, entre si, e se articulando. Incrível. +
Tudo isso demanda um esforço de atenção, diálogo e gestão que nem conseguimos imaginar. E num contexto como este! Não bastasse isso tudo que estamos todos passando,sob este governo e com o bolsonarismo nas ruas, os indígenas têm que lidar com muitas outras camadas de pressão, +
Sim, #DiaDaAmazônia é (e precisa ser) todo dia. Mas como hoje estamos com as atenções voltadas para essa data, deixo algumas indicações de perfis para seguir nesta rede.
(Quem quiser complementar, chega junto!)
Começando pela @CoiabAmazonia, organização indígena histórica. +
Precisamos apoiar uma campanha importantíssima de proteção aos indígenas isolados. É surreal, mas chegamos ao ponto de ter que pressionar a Funai até para isso.
Quando há indígenas isolados em uma terra, a Funai emite uma Portaria de Restrição de Uso, que impede exploração de recursos naturais, avanço de propriedades rurais etc., protegendo mesmo os indígenas. É um instrumento fundamental. Mas a portaria precisa ser renovada de tempos
em tempos. 4 terras indígenas com presença de isolados estão com portarias prestes a expirar. A Funai precisa renová-las, ou os indígenas perderão essa proteção.
Caríssimes jornalistas, sugestão: como os ruralistas já anunciaram, o PL 490 deve ser levado ao plenário da Câmara tipo semana que vem. Ele é uma aberração, e nossa sociedade precisa entender porquê. Além das diversas notas técnicas sobre o PL, as falas de hoje no STF levantam +
Argumentos fundamentais. Tanto nos aspectos 'técnicos' do marco temporal, como em pressupostos, como o assimilacionismo (que, no caso do PL 490, tá explícito); o papel da perícia antropológica na Funai; a importância das terras indígenas para a proteção dos isolados e outros. +
Inclusive porque o PL 490 é (como a tese do marco temporal) uma arma do ruralismo e extrativismo predatório pra avançar sobre as terras e os povos indígenas. Ou seja: a "narrativa" ruralista, com dados falsos ou distorcidos, também tá a serviço desse PL. Então sugiro fortemente +