A escolha de Doria no PSDB significa que o partido vai para disputar. Pode perder feio, como já perdeu em 2018, mas a hipótese Leite sempre foi a de composição com Bolsonaro ou Moro - e isso não ocorreria, sobretudo depois da chegada de Santos Cruz para ser vice do ex-juiz (1/5).
Leite e Doria se elegeram na onda de Bolsonaro, mas enquanto o primeiro submergiu nas tramoias com generais e na obediência cega ao governo federal, Doria rompeu - e com alguma razão, para além das conveniências políticas (2/5).
Doria não joga para perder, mas se for mesmo para uma disputa com poucas chances, é provável que ele se torne um franco atirador contra Bolsonaro e inicie um processo de detetização do Aecismo no PSDB (3/5).
Em resumo, a vitória dele fragmenta mais ainda o PSDB, mas é uma aposta dos tucanos na recuperação do partido no médio ou longo prazo. Por razões pessoais, Alckmin está fora disso, ele que apadrinhou e depois foi traído por Doria (4/5).
Com Leite na berlinda, Alckmin fora e Aécio na mira, Doria erode a direita nacional mais um tiquinho e tira apoio vital para Bolsonaro. Melhor para o PT do que um PSDB linha auxiliar de Bolsonaro ou Doria (5/5).

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29 Nov
Xiomara Castro de Zelaya, ex-primeira dama hondurenha ganha a eleição em seu país. Isso não é trivial. Xiomara viu seu marido sofrer o golpe de Estado que serviu de balão de ensaio para Paraguai e, ainda, Brasil anos atrás, sua vitória é plena de significado (1/7).
Honduras antecipou o golpe limpinho e cheiroso do qual fomos vítimas, com judiciário e legislativo dando aura de legalidade a processos de exceção - com militares "garantindo" ao fundo. Foi assim com Manuel Zelaya, marido de Xiomara (2/7).
Não à toa a direita tentou melar a apuração hoje, mas pelo jeito não vai funcionar. Depois da Nicarágua, é a segunda grande derrota de aliados americanos na América Central, com discurso de defesa do Multilateralismo e da cooperação Sul-Sul (3/7).
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27 Nov
A Pandemia ainda é um problema porque em países ricos, com sobra de vacina, pessoas não se vacinam e mantêm o vírus circulando. Mas tudo só se torna um problema quando uma variante, supostamente surgida em África, é encontrada lá - onde faltaram vacinas para quase todos (1/7).
Em que pesem os riscos da nova variante, a Pandemia já dava mostras de resiliência na Europa e EUA semanas antes da identificação dela. O pânico com a variante sulafricana serve para construir uma culpabilidade para a periferia do mundo - que ainda assim seria vítima (2/7).
Sistemas de saúde do 1° mundo se mostram incapazes de encarar o vírus, pois suas sociedades, mesmo da Europa, não conseguem se mobilizar para o esforço coletivo necessário para conter as ondas de Covid-19: parte disso é ruim para os negócios da oligarquia (3/7).
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15 Nov
Alckmin vice de Lula: desnecessário no voto e não tão necessário para a governabilidade. No duro mesmo, comigo não tem essa discussão moralista ou principista. A questão é outra (1/7).
Alckmin ganhou, mas não levou a briga interna da centro-direita e foi abandonado. Pior do que 2006. O problema é que como em 2010, Alckmin tem voto para governador ou senador em parte pelo fracasso do Bolsonarismo (2/7).
Em escala federal, no entanto, Alckmin não tem peso. No duro, se for vice de Lula gera um efeito curioso, que tira tantos votos quanto traz. Pro mercado não vai ser isso que vai mudar. O mercado só discute vice de Lula porque quer deixar ele com uma faca no pescoço (3/7).
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15 Nov
As duas decisões chave de Bolsonaro, que ditaram os rumos do seu seu governo foi (1) uma aliança de fôlego com o capital financeiro; (2) não partir para tirar a esquerda formalmente do jogo, apenas asfixia-la (1/8).
Nada disso afasta Bolsonaro do fascismo clássico, ao contrário, elas apenas mostram que ele fez opções estratégicas opostas. Não que ele não pretendam romper com os neoliberais ou perseguir formalmente os partidos de esquerda, mas ele optou por esperar (2/8).
Aliás, só lembrando que tanto Hitler quanto Mussolini tinham ministros da economia liberais de início. Só depois mudaram. Bolsonaro teve oportunidades para fazer essa mudança, mas não fez para lhe dar força no curto prazo. A mesma coisa para cozinhar o galo com a esquerda (3/8).
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15 Nov
Em um giro rápido pela conjuntura, eu diria que é evidente que as pesquisas movem os bastidores - e nelas Lula avança e Bolsonaro recua. Ainda assim, nesses bastidores, Bolsonaro continua mais forte ou pelo menos ainda goza da inconstante leveza de sua hegemonia (1/7).
Lula costura bem com a Europa, que se move à centro-esquerda, enquanto os EUA vivem as incertezas de Biden. Bolsonaro, por outro lado, só quer ser o filho da puta que o presidente americano possa chamar de seu, enquanto trama com as ditaduras que o Ocidente goxta (2/7).
No duro, a oligarquia brasileira e o Centrão ainda esperam, e vão, aproveitar ao máximo o fim de feira de Bolsonaro. Mas salvo algum milagre, vão desembarcar dele pouco depois do Carnaval. Aí surge a opção Moro ou alguém do PSDB, o que não se mostra vantajoso ainda (3/7).
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13 Nov
Os EUA ajudaram a destruir o Oriente Médio com invasões diretas e guerras por procuração. Há muita gente precisando fugir e se refugiar. A Europa se torna uma parada evidente, sobretudo desde a fronteira polaca com a Bielorússia, um país de fora do "Ocidente" (1/7).
Uma vez que uma multidão se reúne na fronteira polaca, o Ocidente "democrático" automaticamente passa a revelar o seu apoio ao governo de extrema-direita polaco, falando em "ataque híbrido" (isso não era teoria da conspiração?) de Minsk (2/7).
O problema vira a "falta de democracia na Bielorrússia", mas nada a se falar sobre a extrema-direita polonesa -- que se sustenta no poder depois de ter hackeado uma política econômica desenvolvimentista e fazendo o jogo antirusso de todo dia (3/7).
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