É muito comum associar corrupção ao setor público, mas como seria um caso de corrupção privada?
Deixa eu te contar a história da Theranos, que mistura corrupção, gente doida do vale do silício e muita ~disrupção
A Elizabeth Holmes da foto saiu de Stanford aos 19 anos para fundar sua empresa de biotecnologia, a Theranos, que prometia fazer uma espécie de band-aidão hi tech que tirava seu sangue, diagnosticava e medicava a pessoa.
Parece bom demais para ser verdade? Pois era. Mas os venture capitalists do vale do silício gostaram do powerpoint dela e deram milhões de dólares para ela seguir com essa ideia inovadora.
Acontece que a ideia era, de fato impossível. E, mesmo depois do projeto mudar para uma maquininha de mão, similar a uma daquelas de medir glicose, a coisa ainda não dava certo de jeito nenhum.
Eles sabiam que a margem de erro dos exames chegava a mais de 50%, ou seja, era basicamente no aleatório. Mesmo assim, O PRODUTO FOI A VENDA ASSIM, numa parceria com o Walgreens, uma rede de lojas.
Como o sistema de saúde dos EUA é inteiramente privado e caríssimo, o negócio prometia baixar os custos regulares das pessoas com exames, mas, o erro era tão grande que as pessoas acabavam indo na emergência e gastando os tubos achando que estavam morrendo.
Não estamos falando de algo pequeno. A empresa chegou a valer mais de 10 bilhões de dólares e a fortuna pessoal de Holmes, quase 5bi, tudo baseado em especulação e fraude. Até conselheira do governo Obama essa picareta foi
Em 2015, após 12 anos de muita picaretagem e vidas destruídas, uma matéria no Wall St. Journal desmascarou o esquema dela. Um ex funcionário tinha provas que a fraude era sabida e encorajada pela CEO.
O mais curioso é que nada disso seria sequer necessário se, sei lá, os EUA tivessem um sistema público de saúde.
O que mostra a dupla corrupção. Da Theranos em si e do sistema, que priva as pessoas do básico e as fazem recorrer a bandidos para tentar um diagnóstico simples.
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Essa história toda do touro de plástico de SP emulando o touro de Wall Street é muito ilustrativa dessa gente do mercado que acha que a administração pública é burra e ineficiente, mas não sabe que para usar o espaço público, precisa de autorização da prefeitrura.
lembra muito o Guedes, que, quando perguntado sobre o que gostaria de mexer no orçamento de 2019, disse 'faz o orçamento de vocês e depois fazemos o nosso'.
O ministro não sabia o que era uma Lei Orçamentária e a sua necessidade de ser aprovada no ano anterior da execução
E, claro, essa turma vai dizer que isso tudo é uma burocracia desnecessária e por isso que o poder público não é tão eficiente quanto a iniciativa privada.
Mas empresas que fazem tudo de orelhada também quebram.
Pra quem não acompanhou o papo tributário na twitch aqui vai o resumo -
O governo federal está cobrando quase R$0,70 no litro da gasolina através da CIDE/Combustíveis e não abre mão dessa receita.
Sem ICMS os estados quebram
O combustível sobre para dar dividendo pra playboy.
Para quem não sabe, o ICMS, imposto estadual, não é a única tributação sobre combustíveis, a CIDE é uma importante parte do preço e foi zerada quando o governo dilma queria segurar o preço. Hoje ela está num valor bem elevado de 0,6869 centavos
Então o Bolsonaro não abre mão da sua receita mas quer que os Estados, que não emitem moeda, que não podem se endividar, e que tem no ICMS sua principal base tributária abram.
Como o @AnarcoFino sempre fala, a galera espera espetáculo na CPI e raramente teremos um dia onde o inquirido perde a linha e vira passageiro da agonia.
Mas hoje, a Nise confessou o aconselhamento externo sem nenhum pudor, sob a desculpa de ser voluntário - segue sendo ilegal.
Toda relação com o Estado é regida por normas de direito administrativo bem claras e isso o que ela fazia é uma forma de driblar requisitos de nomeação ou processos de seleção para escolher exatamente quem se quer ouvir.
Não existe absolutamente nada normal no que a Nise tentou passar como 'uma união pelo Brasil'. Para frequentar certos círculos decisórios, ou você tem cargo e as responsabilidades que o acompanham, ou você está de fora.
Uma coisa que muito me incomoda na era da foto e do vídeo fácil é essa percepção de que existe uma necessidade constante de 'produzir prova' a todo instante.
Não estou falando de coisas sérias, como violência policial ou atos racistas, mas do absolutamente banal mesmo.
É vizinho PROVANDO que o outro colocou uma planta no parapeito da janela, PROVANDO que o ar condicionado está pingando, como se todos estivessem constantemente em uma audiência no tribunal.
Esse jurismo neurótico é uma coisa absolutamente insuportável.
Em certa medida, penso que o judiciário, em geral recebe bem esse tipo de lógica, porque padroniza a sociedade dentro de uma linguagem que conhecemos.
Existe um vício em conflito muito estranho na sociedade brasileira.
A narrativa de ' união para derrotar o bolsonarismo' é igualzinha a narrativa criada para colocar o biden contra o Trump lá nos EUA.
Nessa 'frente ampla', quem perde mesmo é a esquerda.
Não acreditem em quem diz que só se vence abaixando bandeira. Abaixar bandeira é a derrota em si. A esquerda não sofre de ter princípios impopulares, sofre de ser ruim de política, de projeto e de comunicação mesmo.
A não ser qhe alguém ache que a plataforma que precisamos é uma ainda mais conciliadora e à direita do que a reta final do petismo.
Aí é um problema de não entender nem o que são bandeiras mínimas.
O Partido Comunista do Japão 日本共産党, é o PC com mais membros e está fora do poder no mundo e seu jornal popular, o Shimbun Akahata しんぶん赤旗, é o 10o mais lido no país. E ELES AINDA TEM MASCOTES!
Cada um deles representa uma faceta da mobilização do partido
Koyo no Yoko é uma misteriosa mulher de meia idade que simboliza a luta por direitos trabalhistas
Otento-sun (trocadilho de sol em inglês com 'san' que é um pronome? de tratamento) representa as políticas verdes do partido. (ele não gosta de energia nuclear, embora ironicamente seja uma grande bola de fusão nuclear)