Agora que eu tenho tempo, vamos falar sobre a tipografia do Spotify e puxar o fio sobre.........
Arte, Design e Contexto - A thread
Já adianto como sempre que essa é a Minha Opinião™ e não deve ser tomada como Verdade Universal. Sinta-se livre para elaborar a sua. Na thread eu farei afirmações, e não tem caractere suficiente pra eu explicar que é tudo MINHA OPINIÃO, então esse tweet aqui é o aviso geral.
Então, nos últimos dias eu fui incansavelmente marcada em inúmeras tretas acerca desse maldito texto, e vi certas coisas sendo ditas que........me parecem esquisitas. A que me chama mais atenção é a (clássica)..."DESIGN É ARTE". Então...
Sendo justa, o processo de criação de um design e uma peça de arte são beeeeeem parecidos, o que me leva a entender porque tanta gente imagina que design "sempre é" arte: conceito, forma, composição/proporção, etc dentre outros preceitos são comuns as duas áreas. PORÉM +
+ Design tem um objetivo específico que é o de RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS. Não importa a "Área" do design, o seu objetivo principal sempre será a resolução de um problema. (Seja ela criativa ou não)
Design de interiores? Solução de espaço
Design de roupas? Solução de vestimenta
Design de móveis? Soluções de ergonomia
As vezes o problema é tão "óbvio" que a gente não presta atenção, mas a magia do design é justamente as soluções criativas que solucionam o mesmo problema.
Existe uma coloquialidade com a palavra "design" que nos leva a usá-la só quando o design "reinventa" coisas, por exemplo, sem levar em conta que.....o design original também é design. Mas você dificilmente vai encontrar ninguém dizendo que uma caneca branca é arte.
ARTE não precisa resolver um problema, nem estar atrelada a uma funcionalidade. A arte comunica, mas não necessariamente oferece nenhum tipo de "solução" prática a vida. Isso não significa que as áreas não estejam convergindo constantemente, MAS....
...Design não é inerentemente arte. Design PODE SER arte. E o que faz design ser arte é uma coisa: contexto. Duchamp exemplificou essa ideia láááá em 1917, quando ele MUDOU O CONTEXTO de uma peça de design, transformando-a em arte.
E eu não to dizendo que um design, pra ser arte, tem que ser efetivamente inútil (tipo colocar um objeto numa galeria). Não! Arte pode ser útil, mas esse nunca será o objetivo "principal" de uma peça de arte. Esse lustre, por exemplo, é uma escultura, +
+ao mesmo tempo em que é o "design" de um lustre, e resolve o "problema" de iluminar um ambiente ou ponto específico. Lustres são um bom exemplo disso porque seu valor ornamental se sobressai ao seu valor útil, pq cria-se um contexto em cima dele que permite essa percepção.
Outro exemplo, quando vemos canecas com formatos bizarros em lojinha de brinde, pensamos em como elas são ruins pra tomar café e só servem de porta treco, não em como elas são arte. O design ruim não resolveu o problema (tomar café), e não tem contexto pra acharmos outra coisa.
Mas aí se você olha pra uma peça do Ronit Baranga, que deve ser tão desconfortável para usar quanto uma caneca bizarra dessas lojinhas, e não pensa muito sobre isso. A diferença é que essas formas existem em outro contexto, e a gente percebe essa mudança naturalmente.
Tipografia, sendo uma área de design, também *pode ser* arte, se o contexto correto existe, ou é criado. Se um contexto não é criado, seu valor útil vai SEMPRE se sobressair. Um exemplo que vi rodando muito é o de tipografias de Heavy Metal.
Realmente, tipografias de Heavy Metal não são feitas para serem "lidas". Elas existem em um contexto onde são usadas como símbolos ou logomarcas, e invocam a sensação gutural do próprio estilo musical. Elas são pensadas para serem entendidas como IMAGEM, e "sentidas".
Mas existe o CONTEXTO artístico, estético e cultural que propicia que o público entenda essas imagens. Não é a toa que é um estilo de nicho. Se for removida dessa bolha de existência, a reação é de estranhamento. Fica massa numa capa de CD, mas é péssima pra banner de mercado.
(Você defenderia design de logo de supermercado com fonte de heavy metal dizendo que é arte? Acho que não hein)
O que me leva, finalmente, ao fatídico design da lista do Spotify. Ele é ruim por si só? Talvez não. Mas a aplicação em relação ao contexto foi tão ruim que o próprio design precisou de "muletas" explicativas do lado. Você já viu logo de heavy metal com legenda do lado?
A gente está falando de uma LISTA gerada automaticamente, em uma plataforma musical que abrange um público IMENSO. Não são logos, são fontes que fazem parte de uma LISTA. Não existe nada no contexto que nos permita ignorar a função utilitária da tipografia!
Pra mim, isso aqui é a fonte do heavy metal no banner do mercado, vcs me entendem????? Não dá pra usar arte pra justificar isso pra mim se o contexto não foi criado pra isso
Essa estética meio 90s Vaporwave já vem dando suas voltas nos meios do design recentemente com variados graus de sucesso, mas isso não significa que vai dar certo sempre, e não significa que o seu estranhamento implique em você ser "conservador". As vezes é só ruim mesmo
Eu ainda estou assistindo a série, mas já estou COÇANDO pra falar sobre as diversas peças de arte que aparecem nos episódios, além das inspirações usadas para criar o universo, o espaço, e a arquitetura!
Finalmente eu assisti (um pouco) Arcane! Apesar da história não ser muito minha praia, eu tenho muitas pontuações positivas a fazer sobre a arte e animação dessa série, especialmente se levarmos em conta a verdadeira revolução que a animação 3D está passando no momento!
Desde que foi desenvolvida, a indústria da animação 3D naturalmente se organizou em busca de finalizações realistas. Isso não é surpresa, uma vez que é a mídia mais adequada para reproduzir a realidade de forma mais rápida e barata, substituindo as pinturas realistas a mão.
A incrível história das "falsas" Monalisas - A Thread
Antes do século 20, a Monalisa era apenas mais um retrato dentre as muitas obras sobreviventes de Leonardo DaVinci. Era conhecida, claro, por ter muitos mistérios envolvidos na sua criação. Mas o que deu o status de pintura mais conhecida do mundo foi...o seu ROUBO!
O roubo em si não tem muito glamour. Em 1911, a segurança não era a mesma como a de hoje, e a Monalisa até então era "só mais uma", exibida dentre diversas. Não foi exatamente difícil para um cara vestido de funcionário do Louvre pegar a pintura, tirá-la da moldura e levar.