As relações entre Argélia e Marrocos nunca foram boas, e uma apertada vitória argelina nos pênaltis na semifinal da Copa Árabe não ajudou em nada a situação.
Os saarauís, grupo étnico do Saara Ocidental, celebraram a vitória da Argélia.
Lá vem thread.
Como várias tretas africanas, essa tem origem no processo de colonização europeu.
A região do Saara Ocidental era uma possessão colonial espanhola, desocupada nos anos 70 e “doada” a Marrocos e Mauritânia.
Mas isso não foi aceito pelos saarauís, maioria étnica por lá.
Formou-se então a Frente Polisário, um grupo militar que resiste à ocupação marroquina no Saara Ocidental (a Mauritânia desistiu de reivindicá-lo).
Atualmente, cerca de 80% das terras estão sob controle marroquino e 20% pelos saarauís.
Em 2020, os EUA se envolveram na questão.
Buscando a reeleição, Donald Trump fez negociações para que vários países árabes normalizassem relações com Israel.
Para trazer o Marrocos nessa empreitada, Trump reconheceu a reivindicação marroquina ao território.
E aí, a Argélia é que não gostou da situação.
A causa palestina é bastante cara à Argélia.
Isso porque a luta anticolonial é bem enraizada na identidade nacional argelina, devido à sangrenta guerra de independência travada com a França entre os anos 50 e 60 - uma luta que, como talvez você saiba, envolveu até o futebol.
Nas Olimpíadas de Tóquio, vale lembrar que um judoca argelino preferiu desistir de disputar o torneio do que enfrentar um atleta israelense - algo que, para alguns, seria como reconhecer a existência do Estado de Israel.
Nas cidades em que saarauís são maioria, mas que são administradas pelo Estado marroquino, a população saiu às ruas para comemorar a vitória argelina - e há relatos de forte repressão policial contra essas manifestações.
Aí, vale dizer: a Argélia reconhece a existência de uma República Saarauí independente do Marrocos desde os anos 70, também como parte do seu “DNA anticolonial”.
Há inclusive uma embaixada argelina no território comandado pelos saarauí.
E a relação entre vizinhos marroquinos e argelinos que já não era muito boa, deteriorou de vez após o reconhecimento de Marrocos a Israel.
Em agosto, acusando os marroquinos de espionagem, o governo argelino cortou relações diplomáticas com o país. g1.globo.com/mundo/noticia/…
Então, também não é exatamente uma surpresa que alguns jogadores da seleção da Argélia tenham celebrado a vitória nos pênaltis contra Marrocos com bandeiras da Palestina.
Um feito histórico no Irã: pela 1ª vez, um clube azeri (azerbaijano) é campeão nacional.
O Tractor, para orgulho dessa que é a maior minoria étnica do país, conquistou o título local.
Nos últimos anos, ele tem sido válvula de escape de uma minoria perseguida pelo governo.
É comum que se pense no Irã como um lar só dos persas, mas o país é um caldeirão étnico. Existem curdos, árabes, baluchis e, sim, azeris.
Estima-se que esses últimos sejam em torno de 20% da população do país, ou algo entre 12 a 20 milhões de pessoas.
Mas a questão é delicada.
A dinastia Pahlavi, que ascendeu ao poder há 100 anos, instaurou políticas de nacionalismo étnico, buscando "persificar" todo o Irã, perseguindo manifestações de identidade azeri.
Ela foi derrubada pela Revolução Islâmica de 1979 com ajuda dos azeris, mas eles se decepcionaram.
"O time de mais sucesso na Inglaterra não é inglês. É scouse".
O Liverpool levantou o título da Premier League e a Nike aproveitou e reforçou uma identidade que clube e cidade adoram promover.
Mas afinal, o que é scouse, e por que há uma certa polêmica com o uso do termo?
Liverpool é uma cidade portuária no oeste da Inglaterra. Distante da capital Londres, tem características que não combinam com a aristocracia que marca o país.
Desde o século XVIII, é também um caldeirão cultural.
Pela sua localização, recebia marinheiros principalmente de Gales, da Irlanda e da Escandinávia. A mistura dessas pessoas que chegavam à cidade gerou um sotaque único.
Além disso, o porto foi local de surgimento de um prato típico.
Em 1998, o clube argentino San Lorenzo atravessava uma crise.
Para contorná-la, contratou o técnico Alfio "Coco" Basile, que estrearia em partida contra o Platense.
Pra começar a mudar as coisas, ele expulsaria uma pessoa do vestiário: Jorge Bergoglio, o futuro papa Francisco.
A história, relembrada por Basile em mais de uma entrevista nesses 12 anos em que Francisco foi papa, dá conta de que ele chegou ao vestiário pra sua partida de estreia acompanhado de Fernando Miele, presidente do San Lorenzo.
Aí, levou um susto: havia um padre por lá.
Basile diz ter perguntado pra Miele quem era essa figura, e o presidente respondeu: "é um torcedor do San Lorenzo que está sempre aí, benzendo os jogadores".
Ao que o técnico disse: "você me contratou porque vocês não ganham de ninguém. Seja lá o que ele faz, não funciona".
Um ex-jogador venezuelano que migrou para os EUA por se opor a Maduro foi detido e enviado a uma prisão em El Salvador por agentes do governo Trump, suspeito de pertencer a uma gangue.
A prova de que Jerce Reyes Barrios seria criminoso é uma tatuagem em homenagem ao Real Madrid.
O caso é mais um das milhares de deportações arbitrárias sendo levadas a cabo durante o novo governo de Donald Trump.
Barrios foi goleiro profissional na Venezuela e atuou nas duas principais divisões do país, além de ter trabalhado como professor numa escolinha de futebol.
Segundo o El País, ele participou de duas manifestações contra o governo Maduro em 2024, tendo sido preso e torturado. Pouco depois, fugiu para o México, com o objetivo de pedir asilo político nos EUA.
Sua advogada diz que ele cruzou a fronteira legalmente no governo Biden.
"Não podem escalar um trio chileno", explodiu Paolo Guerrero após a derrota do Peru para a Venezuela por 1 a 0, num jogo marcado por polêmicas de arbitragem.
O Chile ter ido parar no meio da discussão só acrescentou mais pimenta ao jogo mais político da rodada da Conmebol.
A entrevista indignada de Guerrero após o jogo ocorreu especialmente por dois lances: um pênalti polêmico que decidiu a partida, não revisado no VAR, e a anulação de um gol peruano na sequência.
A partida tinha arbitragem chilena, comandada pelo juiz Cristian Garay.
"Somos idiotas", desabafou Guerrero sobre permitir que um árbitro chileno atuasse na partida. "Tinham que colocar argentinos ou uruguaios, tão de sacanagem."
Chile e Peru são rivais históricos, com a Guerra do Pacífico no século XIX tendo sido o ápice dessa má relação.
Seu time tem um patrocinador que paga muito. Mas é um Estado que está cometendo um verdadeiro massacre em outro continente. É possível abrir mão dele?
Arsenal, Bayern e PSG atualmente recebem dinheiro de Ruanda, país que financia o caos na República Democrática do Congo.
Segundo a ONU, é a Ruanda do presidente Paul Kagame que está por trás do grupo rebelde armado M23.
Há anos, o grupo causa instabilidade na região leste do Congo, mas as coisas escalaram nesse início de 2025, com o M23 tomando Goma, uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes.
Na semana passada, uma fuga de presos em Goma resultou em mais de 100 prisioneiras estupradas e queimadas vivas, segundo documento interno da ONU publicado pela BBC. O episódio ilustra a escala das atrocidades geradas pelo M23 na região.