Bom dia. Farei um breve resumo sobre as informações que temos sobre o perfil do bolsonarista a partir dos dados recentes. Trabalhei esses dados na live do DCM do domingo (tendo como convidado João Feres Jr) e live de segunda do Instituto Cultiva. Lá vai:
1) Existem dois tipos de bolsonaristas: o raiz e o arrependido. Mas, ambos têm, em média, ensino médio (incompleto e/ou completo) e renda média (classe média baixa)
2) A variável mais consistente (que se relaciona com maior frequência com o voto em Bolsonaro) é a religião, além da instrução. Bolsonarista é, muitas vezes, evangélico, membro de uma rede social militante, que fica no ouvido o dia todo e se torna objeto de doutrinação
3) Não por outro motivo que a família (a tradicional, composta por pai, mãe e filhos) aparece como central no seu imaginário. Trata-se de uma família idealizada, uma busca (como a busca da Terra Prometida).
4) A família, em especial o papel da mãe, é um esteio para a redenção, a expiação dos pecados. Que faz a ponte para a participação nas igrejas. A mãe é compreendida como aquela que define a noção de respeito e dignidade. Fonte de apoio permanente e acolhida.
5) Vejam que pela mãe (e igreja), todos erros e pecados que o bolsonarista cometer são depurados. Como ela é o esteio da correção e unidade familiar, a noção de ordem social advém desta relação subjetiva com a família. Em suma: família = mãe = ordem = reintegração
6) Outro elemento do ideário do bolsonarista raiz é o espírito de vira-lata. Para eles, o Brasil é um país desqualificado. Daí o ideal que os EUA representam para esse segmento. E, se os EUA são tão bons, suas leis e costumes são melhores que os nossos: caso do porte de armas
7) Se o porte de armas e a ordem são irmãos-gêmeos para os bolsonaristas, o golpe militar não é. Uma minoria bolsonarista apoia a volta do regime militar. Mas, defendem a participação das FFAA no governo
8) O bolsonarismo raiz é, enfim, confuso, contraditório e parece uma esponja que acolhe muitas teorias e fontes de informação. Trata-se da tal cultura "fuzzy".
9) Por esse motivo, o bolsonarismo está mais para o fascismo que para o nazismo. Fascismo é permutável, ou seja, troca valores com outras forças e doutrinas com certa facilidade. O nazismo não, é impermeável e excludente. O fascismo é debochado, como o bolsonarismo
10) Para terminar, o bolsonarista arrependido. Surpreendentemente, muitos são progressistas e alguns até se definem como de esquerda. Dizem que avaliaram que era hora do "PT dar um tempo" e que o cachimbo já estava entortando a boca dos petistas
11) O arrependido percebeu o erro com poucos meses da posse de Jair. E está tão arrependido que diz que fará campanha para Lula em 2022. Perguntei para João Feres se ele pode abrir a porteira e atrair mais bolsonaristas sem convicção. Resposta: cada vez mais difícil. (FIM)
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Bom dia. Prometi um fio sobre o artigo de Frei Betto intitulado “Cabelos brancos”. Então, lá vai.
1) Neste artigo, Frei Betto, quase em tom de alerta, reflete sobre um encontro nacional de Fé e Política realizado em BH em que apenas 30% tinham cabelos escuros. O restante, perto das faixas de idade dele (perto dos 80 anos) e da minha (acima de 60).
2) O artigo assume sintetiza o que tantos engajados de minha geração vêm se queixando: envelhecemos, o que parece normal, mas, conosco, envelheceu o engajamento pela mudança social, pela justiça social, pela ousadia política, pela solidariedade.
Bom dia. Ontem apresentei 5 slides na live das 20h comentando o desastre que foi a ditadura militar para o Brasil. Vou socializar os slides num breve fio. Vamos lá:
1) Primeiro, o mais conhecido: a ditadura matou, exilou e torturou brasileiros usando o aparelho do Estado e o dinheiro público que vinha de impostos pagos pelos cidadãos. Usar o Estado para perseguir e eliminar opositores a um governo é crime em qualquer lugar do mundo
2) Segundo, a ditadura matou 8 mil indígenas brasileiros e torturou vários. Recentemente, os Krenak mineiros ganharam um desagravo por terem sido linchados pela ditadura e suas populações presas no Reformatório Krenak em Carmenésia (MG)
Bom dia. A última pesquisa Datafolha reforçou a certeza de que a extrema-direita oscila ao redor de 30% dos brasileiros. Nem todos são bolsonaristas, mas professam valores racistas, machistas e até fascistas. A questão é: quem são os outros 70%? Este é o fio de hoje.
1) 31% declaram que admiram o PT. Então, sobram 39% sem identidade ideológica. Mas, vale a pena uma parada para entendermos o que são esses 31%.
2) Há pesquisas que indicam que nem todos brasileiros que se autodefinem ideologicamente são coerentes com esta escolha. Pedro Henrique Marques, em seu ensaio "Dimensão e Determinantes do Pensamento Ideológico entre os Brasileiros" observa que apenas 22% são coerentes
Bom dia. Hoje, fui provocado por uma postagem do grande Célio Turino. A postagem contava a história de um primo dele que saiu do apoio à Erundina para virar bolsonarista. Célio perguntava: o que aconteceu com meu primo? O fio a seguir é um conjunto de hipóteses que me atormenta.
1) O resumo da história do primo: há 10 anos, durante a criação do partido-movimento RAIZ, ao lado de Erundina, este primo enviou uma mensagem em que dizia: "Primo, sua persistência na luta por um Brasil melhor é admirável". Continuava....
2) ... ", ainda mais ao lado dessa mulher que foi a melhor prefeita de SP. Isso me dá esperança! Conte comigo."
Um ano depois ele estava gritando pelo impeachment da Dilma e logo depois virou bolsonarista radical. Célio pergunta: "o que houve com meu primo?"
Boa tarde. A despeito da enquete que fiz aqui sobre os temas que desejariam que eu fizesse um fio tenha indicado Anistia/militares, Educação e Evangélicos, farei, agora, um breve fio sobre a pesquisa Quaest que está provocando tiro para todo lado. Lá vai:
1) A excitação nas redes sociais se deu em função de um imaginado "sinal vermelho" ás pretensões da reeleição de Lula em 2026. Típico de quem desconhece o que é um processo eleitoral. Mas, vamos lá.
2) Nenhum sinal vermelho ou amarelo acendeu em função do índice de avaliação positiva revelado na pesquisa Quaest.
Bom dia. Farei um pequeno fio para apresentar uma hipótese a respeito do impacto da fala de Lula sobre a militância petista (ou lulista). Algo a ser analisado porque tem relação com a história recente do PT. Lá vai:
1) Comecemos com a pertinência da fala de Lula. Alguns dirão que é sorte. Porém, em política, o que mais conta é discernimento. Maquiavel dizia que o bom governante soma Fortuna com Virtú. Vejam como a imagem de Israel despencou no Brasil após a fala de Lula.
2) Sejamos corretos: o governo de Israel acelerou a escalada de horrores de guerras após a fala de Lula. Assim, houve uma sincronia entre o conteúdo da fala do presidente brasileiro com o assassinato de civis em busca de alimento. Uma centena de civis famintos mortos é genocídio