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Jan 6, 2022 16 tweets 11 min read Read on X
Estamos vendo algumas recomendações de redução de intervalo do quarentena de pessoas assintomáticas. Foi o caso do RJ.

Mas 5 dias é suficiente? Quais e as medidas que podemos adotar para termos maior segurança?

👇🧶

cnnbrasil.com.br/saude/rio-de-j…
Vamos primeiro entender um conceito importante sobre infecções virais: o período de incubação.

Chamamos de período de incubação o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas.
Para o SARS-CoV-2, esse período pode abranger de 6,38 dias, segundo uma metanálise que analisou 99 artigos sobre o tema. Mas isso pode variar de pessoa para pessoa. Pode ser 5 dias para uma, pode ser 7 dias para outra, por exemplo. sciencedirect.com/science/articl…
Existe uma discussão a partir de dados iniciais que para a Omicron esse período poderia ser um pouco menor. Mas ainda são dados preliminares e novamente, pode variar de pessoa para pessoa. Mas faz sentido esses 5 dias então? nbcnews.com/health/health-…
Eu particularmente acho um pouco preocupante nesse momento. Na própria reportagem da @CNNBrasil fica claro, a partir de fala de especialistas, que não existe nenhuma evidência científica de que, com 5 dias de isolamento, as pessoas não estejam mais transmitindo o vírus
É possível que essa recomendação tenha sido inspirada num documento do @CDCgov que menciona um período de quarentena de pelo menos 5 dias.

cdc.gov/coronavirus/20…
Mas notem que no mesmo documento, o CDC deixa claro a importância do uso adequado de máscaras bem ajustadas ao rosto, inclusive em casa na convivência com outras pessoas, se possível.

Tendo ou não sintomas, após 5 dias, deve ser feito um teste para detecção da presença do vírus
Mas isso aqui me deixa preocupada. Como os próprios especialistas consultados na matéria comentaram, não temos evidências científicas de que a pessoa não estaria ainda transmitindo num período posterior a 5 dias.
Qual o melhor cenário possível que a gente espera? Que realmente, após 5 dias a chance de transmissão seja muito baixa e para um assintomático, já possa ser um período de menor preocupação

Mas estamos em alta transmissão e precisamos de cautela
Seria de extrema importância a pessoa assintomática, ao final desses 5 dias (lembrando que na nota é "no mínimo 5 dias"), ela teste, como está na recomendação do CDC. E que, com teste negativo, ela reforce os cuidados principalmente com o uso adequado de boas máscaras.
Testagem é importante, pessoal. Muito importante, conforme ressalta Renato Kfouri da @SBIm_Nacional

E o uso de máscara. Temos máscaras em preços mais acessíveis e de diversos formatos que vocês podem buscar nas páginas de @estoque_pff e @PFFparaTodos por exemplo
Portanto, entendo que seja um momento de cautela. A medida em si não é ruim, mas ela PRECISA ser acompanhada por uma 1) testagem adequada e 2) boa conduta comportamental individual

Sem isso, corremos o risco de estar fomentando uma alta transmissão.
E mesmo vendo os casos subindo rápido (muito possivelmente por conta da entrada da Omicron + flexibilizações das medidas individuais), os óbitos não acompanham essa velocidade, o que mostra a proteção das vacinas. No entanto, ainda há suscetíveis e vulneráveis
E essas pessoas tem risco ainda para adoecer, por exemplo. E isso pode acabar gerando uma pressão sobre o sistema de saúde. Além disso, estamos com outras transmissões elevadas de vírus respiratórios, como influenza, que também podem gerar quadros mais sérios.
Então, não dê bobeira. Cuide-se, siga usando máscaras bem ajustadas ao rosto (em especial, PFF2), combinando sempre que possível com distanciamento físico e preferência por ambientes bem ventilados, além de buscar a vacinação! Complete seu esquema e busque o reforço!

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Jul 16
É uma questão de tempo até um surto maior ocorrer.

O @CDCgov confirmou, essa semana, 4 casos humanos de gripe aviária (H5N1) no Colorado🇺🇸, com a possibilidade de um 5º caso que ainda será confirmado, após exposição a aves infectadas em granja 🔻
Segundo o @CDCgov "todos os trabalhadores que testaram positivo relataram doença leve. Os trabalhadores relataram conjuntivite e lacrimejamento, além de sintomas mais típicos da gripe, como febre, calafrios, tosse e dor de garganta/coriza"

Porém, H5N1 é um vírus perigoso...
Primeiro, a partir dos dados que temos dos últimos anos, sua letalidade é alta.

Segundo, o H5N1 é capaz de infectar o encéfalo🧠 e parece fazer isso com mais frequência que outros influenza

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Jul 11
Gripe aviária: novos dados apontam que o vírus H5N1 responsável pelo surto em bovinos nos EUA apresenta adaptações capazes de facilitar a infecção e transmissão em mamíferos.

Já passou da hora de reconhecermos o crescente risco pra saúde pública dessa doença - fio🔻Image
RESUMO DOS ACHADOS:
1⃣a cepa de H5N1 que infectou bovinos (🐄-H5N1) pode induzir doença grave após ingestão oral ou infecção respiratória;
2⃣em ambos os casos, pode levar à disseminação sistêmica do vírus para diferentes tecidos do corpo
3⃣🐄-H5N1 pode ser transmitido de roedoras lactantes para seus filhotes, mas não para animais adultos com os quais tenham contato direto
4⃣uma possível explicação: em furões, o ➡️🐄-H5N1 não foi capaz de se transmitir de forma eficiente pela via respiratória (gotículas)
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Jul 6
Em 2024, o Brasil viu uma epidemia de dengue sem precedentes na sua história. As regiões das Américas concentraram a maioria dos casos, com destaque para o Brasil, com mais de 80% dos casos registrados

O que nos levou a isso? Fio do dia 🔻Image
O dado acima foi compartilhado pelo @ECDC_EU reforçando a grande ameaça à saúde pública que as arboviroses (vírus transmitidos por insetos) trazem, com riscos para grandes epidemias, impactos socioeconômicos e sobre o sistema de saúde

ecdc.europa.eu/en/dengue-mont…
Até abril de 2024, a @WHO registrou mais de 7,6 milhões de casos suspeitos de dengue em todo o mundo, com mais de 3 mil óbitos. Aumento ocorreu especialmente na região das américas (90% dos casos notificados), com destaque para o Brasil (+80% dos casos)
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Jun 25
Vacinas trazem risco pra Alzheimer?

Alegações tem sido feitas por conta de um artigo recente, mas além de o artigo não comprovar a existência do risco, ele também tem tantos fatores de confusão que me surpreende ter sido publicado

Então respira, e vem de fio 🔻 Image
O artigo utilizou dados de mais de 558 mil indivíduos de Seul 🇰🇷, divididos em dois grupos: vacinados e não vacinados

A ideia era analisar se há associação com o comprometimento cognitivo leve, que pode ser visto anterior ao desenvolvimento de demências, como Alzheimer
Os pesquisadores então analisaram os registros entre 2020 e 2021. Importante notar: as campanhas de vacinação em Seul começaram em 2021.

Isso faz com que o número de pessoas com 2 doses seja pequeno, comparado ao tamanho inicial da amostra


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Jun 18
Li e tenho algumas questões importantes:
- Mesmo pessoas fora de grupos prioritários e até mesmo que tiveram Covid-19 leve, podem desenvolver sequelas pós-Covid;
- Sequelas pós-Covid podem ser duradouras, reduzirem a qualidade de vida e trazer riscos à saúde;

Tem mais🔻
Nessa parte de um fio recente, trago alguns dados recentes quanto as informações sobre sequelas pós-Covid. Não só há um risco de morte permanecendo elevado, como há uma perda significativa da saúde como um todo.
Portanto, me preocupa não termos ainda uma construção de políticas públicas para a Covid longa. Sabendo dos seus riscos, da prevalência estimada em outros países, poderíamos já estar ao menos com políticas instituídas para reduzir riscos de contaminação com vírus respiratórios
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Jun 6
Se tu passar por manchetes sugerindo que a vacinação contra Covid-19 ajudou a aumentar o excesso de óbitos, saiba que não é o que o estudo original sugere: o excesso de mortes “permanece elevado” APESAR do uso de vacinas (e outras medidas). Sem essas medidas, seria ainda maior🔻
O artigo original está no link abaixo e conclui: "o excesso de mortalidade permaneceu elevado no mundo ocidental durante três anos consecutivos, apesar da implementação de medidas de contenção e das vacinas contra a COVID-19."

bmjpublichealth.bmj.com/content/2/1/e0…
O artigo tem limitações importantes e deixa de lado a quantidade de mortes que foram evitadas graças a vacinação. Ainda, a circulação persistentemente alta do vírus, pelo enfraquecimento das medidas mitigatórias, pode estar por trás desse excesso.
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