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Jan 8, 2022 13 tweets 5 min read Read on X
O cabo de guerra entre Europa e África por causa da Copa Africana de Nações não começou em 2022.

Aliás, podemos traçar a origem da disputa até a 1ª edição da CAN em 1957.

Um ano antes, em 1956, a FIFA vetou a iniciativa africana, considerando o continente “despreparado”. Imagem do troféu dourado da Copa Africana de Nações sobre
O mundo ainda estava se recuperando dos eventos da 2ª Guerra Mundial. Já falamos, por exemplo, sobre como a criação da UEFA foi importante para a reintegração da Europa.

Na África, porém, grandes impérios coloniais ainda resistiam.

E uma competição como a CAN era perigosa. Fotografia em preto e branco de soldado correndo na Segunda
Com a formação da ONU após a guerra, em 1945, os países-membros se comprometeram a respeitar a autodeterminação dos povos.

A África já tinha algumas nações independentes, como Libéria, África do Sul e Egito.

Mas as demais precisariam botar à prova esse compromisso da ONU. Imagem em preto e branco mostra a sessão que fundou a Organ
A luta anticolonial vira uma questão internacional na Guerra da Indochina, na Ásia, com derrota dos franceses em 1954.

Em 55, a Conferência de Bandung reúne países asiáticos e africanos num gesto anti-imperialista, com a afirmação do "terceiro mundo", que ia além de EUA e URSS Imagem da Conferência de Bandung em 1955 mostra três líde
Por toda a África, movimentos de independência ganham força.

O Egito, importante liderança africana e já uma nação independente, havia acabado de se tornar uma república, abolindo a monarquia e reduzindo ainda mais a influência britânica.

Sobe ao poder Gamal Abdel Nasser. Gamal Abdel Nasser, líder egípcio que assume o país após
Em 1956, EUA e Reino Unido se negam a financiar uma barragem egípcia devido à aproximação do país com os soviéticos.

Nasser então nacionaliza as operações do Canal de Suez.

Temendo desabastecimento de petróleo, franceses e britânicos invadiram o Egito, com ajuda de Israel. Imagem aérea do Canal de Suez mostra alguns navios parados
Era o momento de medir forças na ONU.

Com a reprovação de EUA e URSS, os três invasores se retiram humilhados, e Nasser vence a queda de braço.

É neste contexto de uma África cada vez mais anticolonialista, portanto, que surge a ideia da CAN, naquele exato ano. Uma tropa da ONU, carregando a bandeira da instituição, é
E é por motivos políticos que a FIFA rejeita a ideia de um torneio de integração entre nações africanas, com medo de que uma África independente no futebol fosse o princípio de uma África independente como um todo.

Mas o Egito novamente ergue sua voz, como liderança regional. Imagem da fachada do prédio da FIFA, em foto tirada com uma
Tradicional, a seleção egípcia disputara as Olimpíadas de 1924 e a Copa do Mundo de 1934 de forma pioneira.

Abdelaziz Salem, cartola do Egito, preside o Congresso da FIFA de 1956 e propõe a criação de uma confederação própria da África, como a UEFA, e de uma copa africana. Seleção do Egito posa para foto na Copa do Mundo de 1934,
Quando a FIFA rejeita a ideia, Salem lidera um motim com os demais cartolas africanos, ameaçando deixar a entidade.

Pressionada, a FIFA volta atrás e libera a criação da CAF, a versão africana da UEFA, em 1957.

Dias depois, ocorre a 1ª Copa Africana de Nações, no Sudão. Em imagem bastante pixelada e antiga, a seleção do Sudão
A escolha do Sudão também não foi à toa, já que aquela era a mais nova nação africana independente, com apoio de seu vizinho ao norte, o Egito, que, para isso, deixou de lado suas reivindicações sobre as terras sudanesas, em troca de que os britânicos se retirassem de lá. Em imagem de uma sessão diplomática de 1956, é assinada a
Só 3 países participaram daquela edição, já que a África do Sul se retirou por não querer apresentar uma equipe multirracial. O país estava ainda implantando seu regime de apartheid.

O Egito conquistou o troféu, batizado de Abdelaziz Salem, o herói que ajudou a criar a CAF. Imagem da seleção egípcia de 1957, ano em que a equipe co
O Copa Além da Copa fala de esporte, política, história, cultura e sociedade.

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Nov 14
O Sudão não é um gigante do futebol africano, mas com apenas um ponto nos próximos dois jogos, sua seleção pode se classificar pra Copa Africana de Nações e alcançar um objetivo maior:

Jogar luz na guerra civil que tomou o país desde 2023 e que costuma ser ignorada nas notícias. Image
Aviso: o post a seguir contém relatos sobre violência sexual.
Em outubro, o Sudão surpreendeu ao vencer a tradicional Gana em campo neutro, na Líbia, já que os sudaneses não podem jogar em casa por causa da guerra.

A vitória deixou o país próximo da CAN 2025, com partidas diante de Níger e Angola nessa data FIFA pra garantir a vaga. Image
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Oct 18
No último domingo, em jogo pela terceira divisão de Montenegro, o Njegos perdia para o Zeta por 19 a 0 quando seus jogadores colapsaram em campo e a partida foi abandonada.

De acordo com um político local, os atletas do Njegos foram vítimas de envenenamento por plutônio. Imagem mostra um lance da partida entre Zeta e Njegos, pela terceira divisão de Montenegro.
O curioso é que dez jogadores do Njegos colapsaram ao mesmo tempo, aos 25 minutos do segundo tempo.

Eles foram levados a um hospital local, com alguns precisando do auxílio de um helicóptero para irem a uma UTI.
Foi Milan Knezevic, membro do parlamento montenegrino, que surgiu com a acusação de envenenamento dos jogadores por plutônio. Não houve nenhuma confirmação por parte de médicos.

Knezevic se colocou a dispoição para custear o transporte dos jogadores a hospitais na Sérvia. Imagem mostra Milan Knezevic sentado em uma cadeira azul à frente de uma bandeira de Montenegro.
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Oct 17
"Me perdoem por ter um passaporte alemão", brincou Thomas Tuchel na entrevista coletiva em que foi anunciado como o novo técnico da seleção da Inglaterra.

Era uma piada, mas sua contratação parece mesmo representar uma derrota inglesa e uma vitória alemã em vários aspectos. Image
Primeiro, no esporte. "Deveria importar se o técnico da seleção inglesa é um inglês?", questiona Barney Ronay, editor de esportes do jornal The Guardian.

Ele diz que não, mas torcedores e parte da imprensa estão insatisfeitos: "dia obscuro pra Inglaterra", publicou o Daily Mail. Image
O futebol de seleções é um teste entre escolas, uma queda de braço de países para mostrar ao mundo quem usa melhor os recursos de que dispõe.

Com somas vultuosas (às vezes de fontes antiéticas), ingleses montaram a liga mais rica do mundo, mas não conseguiram produzir técnicos. Image
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Oct 15
"Ici c'est Paris!", canta a torcida do PSG no Parque dos Príncipes.

É uma afirmação pra um local que, por décadas, pareceu isolado do futebol.

Mas isso pode estar prestes a acabar: após o PSG, o Paris FC deve ser o novo clube da moda, numa cidade que entende do assunto. Image
Segundo reportou o jornal L'Équipe na semana passada, o Paris FC está próximo de ser adquirido por Bernard Arnault, um dos empresários mais ricos do planeta, e a Red Bull, que há anos investe em futebol.

Hoje na 2ª divisão, o Paris FC lidera o torneio e espera subir esse ano. Image
A intenção é óbvia: seguir o exemplo do PSG e criar uma marca forte no futebol da cidade.

Arnault é CEO da LVMH, maior marca de bens de luxo do mundo, e em setembro a Forbes o classificou como 5° homem mais rico do planeta. Acaba de assinar um contrato com a Fórmula 1 também. Image
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Aug 27
Em março, Emmanuel Macron reuniu em um jantar grandes empresários franceses, o emir do Catar e o atacante Kylian Mbappé.

No cardápio, embora um cessar-fogo em Gaza fosse o prato principal, estava servida também a questão dos direitos de transmissão do campeonato francês. Mbappé, Macron e o emir do Catar num jantar no palácio presidencial francês em março
Embora fora da agenda oficial, a permanência de Mbappé na França sempre foi tratada por Macron como um assunto de Estado.

Craque francês mais midiático desde Zidane, ele era a garantia da permanência do interesse do Catar em seus negócios no futebol francês, onde é dono do PSG. Kylian Mbappé chega ao Palácio do Eliseu, em Paris, para jantar com Macron. Ao fundo, músicos de uma fanfarra recebem os convidados
Se, por um lado, o Catar investia no PSG valores muito acima do que dispunham outros clubes franceses, por outro, ele ajudava a sustentar as duas principais divisões do futebol da França com contratos de transmissão pela BeIN Sports, TV esportiva estatal catari. Microfone da BeIN Sports com o logotipo da Ligue 1, primeira divisão francesa
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Aug 14
Um mural em homenagem a oposto Paola Egonu, campeã olímpica com a Itália e eleita a melhor jogadora do torneio, foi vandalizado em Roma, em frente à sede do Comitê Olímpico Italiano.

O desenho, feito pela artista Laika, teve a cor de pele de Egonu trocada de negra pra branca.
O mural original, com Egonu representada em ação com uma medalha de ouro no peito
A versão vandalizada com a pele de Egonu trocada pra branca e com a bola e suas mensagens contra o preconceito pintada
O mural representava Egonu em ação com a medalha de ouro no peito. Na bola do desenho, lia-se uma mensagem pelo fim do racismo, da xenofobia, do ódio e da ignorância.

Essa bola também foi pintada, tirando a mensagem política.

A obra se chamava "italianità" (italianidade). Egonu sorri pra câmera e faz um sinal de paz com os dedos, exibindo sua medalha de ouro com a outra mão
Egonu tem 25 anos e nasceu em Cittadella, uma pequena cidade do Vêneto, no nordeste da Itália. Seus pais são nigerianos, e ela obteve a cidadania aos 14.

Além dela, no time que conquistou o ouro em Paris, havia outras duas jogadoras negras: Myriam Sylla e Loveth Omoruyi.
Myriam Sylla gritando em quadra, em ação pela Itália
Loveth Omoruyi posando para foto com a camisa da Itália
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