(1) De vez em quando alunos de primeiro período de Macroeconomia perguntam: que livros de economia você me indicaria, excetuando os livros-texto.
Eu nunca indiquei nenhuma lista, mas arrisco aqui a listar alguns que fizeram minha cabeça para entender a dinâmica do capitalismo.
(2) 1) A Riqueza das Nações, de Adam Smith 2) O Capital, de Karl Marx (todos os volumes, mas minha predileção é o Livro I). 3) Princípios de Economia, de Alfred Marshall 4) Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John M. Keynes, difícil e confuso; mas obra-prima.
(3) 5) Teoria da Dinâmica Econômica, de Michal Kalecki, muito mais rico para entender o crescimento e distribuição de renda (sob a ótica teórica) do que a vulgaridade neoclássica. 6) Teoria do Desenvolvimento Econômico + Capitalismo, Socialismo e Democracia, de Joseph Schumpeter
(4) 7) Todos os artigos de Prebisch (o de 1949, 1951 e o da American Economic Review, de 1959). Os dois primeiros são tão longos, que parecem livros. O último é claramente normativo. 8) A coletânea dos Essays, de Nicholas Kaldor 9) The Accumulation of Capital, de Joan Robinson
(5) 10) An Evolutionary Theory of Economic Change, de Richard Nelson e Sidney Winter 11) The Economics of Technical Change and International Trade, de Giovanni Dosi, Keith Pavitt and Luc Soete
(6) 12) Sistema Nacional de Economia Política, de F. List 13) Trade Policy and Economic Welfare, de W.Max Corden 14) Trade Policy and Market Structure, de Elhanan Helpman e Paul Krugman - 12, 13 e 14 totalmente normativos. 13 e 14 são obras-primas neoclássicas respeitáveis.
(7) 15) The Political Economy of International Relations, de Robert Gilpin 16) Money and the Real World, de Paul Davidson
(8) 17) Can "it" Happen Again? Essays on Instability and Finance, + Stabilizing an Unstable Economy, ambos de Hyman Minsky - imperdível, o capitalismo é inerentemente instável, sujeito a crises financeiras e só tem jeito com intervenções e regulações, tudo que a Faria Lima odeia.
(9)
18)Subdesenvolvimento e desenvolvimento + Ensaios sobre a Venezuela, do nosso grande Celso Furtado (os Ensaios são, a meu ver, sua obra-prima).
(10) 19) A Inflação Brasileira, de Inácio Rangel (parece datado, mas tem muita teoria). Elias Jabbour e José Márcio Rego morrem de amores por Rangel, eu o acho muito prolixo e confuso; brilhante e criativo, sem dúvida. Mas A Inflação Brasileira é clara, precisa e coesa.
(20) 20) Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil + Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil + Ciclo e Crise, de Maria da Conceição Tavares ( - os três, embora aparentemente, dissociados, são essenciais para entender o Brasil de 1930 a 1980.
(21) 21) Macroeconomia da Estagnação, de Luiz Carlos Bresser-Pereira (este para entender o Brasil da estagnação pós 1980).
(22) Apêndice: Livros-texto só quatro fazem minha cabeça: 1) Modern Microeconomics, da economista australiana A. Koutsoyiannis - o único livro de Microeconomia realmente espetacular, rigoroso, didático, crítico. Tenho a ed.desde o Mestrado na UFRJ, curso do Eduardo Guimarães.
(23) 2) Industrial Market Structure and Economic Performance, de FM Scherer e David Ross - este é o LIVRO de Organização Industrial. 3) Teoria Macroeconômica, de Gardner Ackley (dos anos 1960, mas espetacular). 4) Modern Macroeconomics, de Brian Snowden e Howard Vane
(24) Faltam Walras, Friedman e Hayek? Sim, mas estes nunca fizeram minha cabeça. Friedman é esperto e retórico a ponto de ter conseguido transformar o mundo (mas tudo é transitório, porque a história não tem fim).
E faltam muitos. Economia é muito modismo, então esses bastam.
(25) Eu sempre começo meus cursos perguntando aos alunos o que eles pensam que seria o objeto da economia: cada um diz algo, tipo criar emprego, melhorar a vida das pessoas etc. Resumo tudo na minha filosofia de vida: contribuir para manter tesa a felicidade humana.
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Sobre o megapacote de Biden: 1) E o big pacote de socorro de US$1,9 trilhão(!!!), finalmente aprovado hoje pelo Congresso americano, hein? Mais do que o PIB brasileiro de 2020! Lawrence Summers (keynesiano), alertou que pode aquecer prematuramente a economia, causando inflação.
2) Paul Krugman rebateu com um argumento interessante: não seria inflacionário, porque essa crise é totalmente diferente das crises recessivas convencionais, cuja causa original é econômica. A crise atual seria causada por um choque exógeno não-econômico (coronavírus).
3) Krugman diz que, como a pandemia retém os trabalhadores em casa e as empresas com a produção praticamente paralisada (sobretudo no setor de serviços, que exerce enorme dinamismo na economia americana), o pacote apenas repõe uma demanda mínima, evitando que a economia colapse.
1) Uma vez perguntaram à grande economista Joan Robinson, contemporânea de John Maynard Keynes, Nicholas Kaldor e Luiggi Pasinetti em Cambridge, por que era importante que todos tivessem noções de economia, e ela: para não serem enganados pelos economistas.
2) A maioria dos jornalistas econômicos (o Valor está infestado deles) compra a ideia equivocada de que, em contexto pós-recessivo, acelerar as reformas do lado da oferta fará a economia crescer aceleradamente. Bem, essa é a visão liberal neoclássica.
3) Posso assegurar que estão errados, por uma razão simples: tentou-se isso no Brasil desde Temer e foi um fiasco. A economia brasileira cresceu, em média, em torno de 1% (!!!) entre 2017 e 2019 (mesmo antes da pandemia).