O déficit em 2022 deve ser algo entre 50 e 100bi. E é difícil ver algum superavit significativo nos próximos 5 anos.
O PIB deve crescer perto de 0% em 22. E difícil ver crescimento 2%+ nos próximos 5 anos.
Enquanto isso, a dívida cresce.
Como os déficits se empilham e nenhum superavit primário realista consegue cobrir isso, ela cresce.
Um crescimento mais sério do pib, de uns 4%+ ao ano estabilizaria isso. Não vai acontecer.
Calma, piora.
A rota de alta dos juros aparentemente não acabou.
E com os EUA possivelmente segurando a impressora lá, isso bota pressão aqui pra subir juros ou perder ainda mais o controle da moeda.
Historicamente, o Fed sobe juros até uma crise.
2001 foi isso, 2008 foi isso e 2018 foi isso. Como o Brasil seria impactado por uma desacelerada global? Não tem como se sair bem.
Isso significa no médio prazo mais gasto com dívida e no longo algum choque que desestabilizaria ainda mais a situação.
Estados e municípios contribuem para o problema. Transformaram a receita extraordinária em despesa corrente.
Daqui uns anos essa fatura vem em mais imposto ou calotes.
Curitiba está criando 500mi de despesa adicional, por exemplo.
Também teremos uma onda de criação de cargos. 2020 e 21 viram a proibição de criação de novos cargos como medida de contenção de gasto.
2022 liberou. E ano eleitoral.
Uma cidade que atendemos, de 35mil habs, criou 65 cargos de uma lapada só e talvez venha mais.
Mais gasto.
Também estão subindo os impostos, o que reduz a quantidade de dinheiro na parte produtiva da economia.
O que nos leva a nota de dívida brasileira, o rating soberano.
Já estamos sendo ameaçados de rebaixamento. Cada queda aumenta o custo de nossa dívida, o que dá uma bola de neve.
De novembro de 2020 a nov de 2021 pagamos 418bi em juros de dívida.
Isso é pago com... emissão de dívida. 418 bilhões que podiam ter sido usados de maneira produtiva, mas que foram pra pagar pendura do governo pra bancar Fundão e vôo de classe executiva.
Todo ano essa dívida cresce, o que suga mais recursos da parte produtiva da economia e reduz sua capacidade de retomar o crescimento.
Bola de neve.
Em resumo:
Despesas sobem
Nenhuma responsabilidade fiscal a vista
PIB crescendo 0-2% em média nos próximos anos
Dívida crescendo muito mais rápido que isso.
A direção é a vala. A questão é apenas: quando?
Ou fazemos reformas, ou vala. Não é uma questão ideológica, é questão de matemática.
Isso que não levamos em conta ainda as eleições.
Lula seria jogar dinamite no incêndio. Bolsonaro não deve mudar muito esse cenário.
A incógnita aí é Moro. Ele tem feito falas reformistas, mas tem um economista que beira o incompreensível.
O Congresso pode ser mais reformista em 2023, e menos comercial. Vamos ver.
O STF já sabemos, nem vale perder tempo discutindo.
Precisamos de uma contenção de gastos extremamente séria. 10-20bi a essa altura é piada e não vale a discussão. Estamos falando de 50bi+
E precisamos de reformas. Crescer 2-3% ao ano agora é o absoluto mínimo para não se afogar.
Precisamos falar de reformas que nos joguem pra 6-8% ao ano, ou mais.
Se você deve 20 milhões de reais e seu salário dobra... de 2 mil para 4 mil reais, tanto faz. Você afoga igual.
Quem quiser argumentar contra esse cenário precisa seriamente defender os seguintes pontos
1) Congresso, Executivo e STF serão responsáveis e botarão um superávit primário de 2%+
2) Temos plena condição hoje de crescer 3%+ em média na década
Boa sorte
E a tragédia é a muito tempo anunciada. O @IFIBrasil fez um excelente trabalho de narrar a escavação da vala fiscal do Brasil, sendo ignorado quase completamente pelos escavadores.
Avisaram que a margem fiscal acabaria. E acabou. Agora avisam da rota. E vão acertar.
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O estado evoluiu incluindo esses serviços não por carinho a população e sim por sobrevivência política.
Bismarck começou com saúde publica como compra de votos. A Prussia colocou educação pública pra treinar a população para a guerra.
Estados foram incorporando isso conforme precisaram para sobreviver e manter seu poder e parasitagem.
A função do estado não é dar saúde. É te subornar com um postinho decrépito pra você relevar os privilégios de políticos e os feudos econômicos dos corporativistas.
O problemade "defender educação" é que se é o estado fazendo, você está na realidade pedindo que politicos resolvam como educar todas as crianças do Brasil, com todas as diferenças de condições que elas tem.