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Jan 25, 2022 12 tweets 4 min read Read on X
Há 187 anos, na madrugada de 25 de janeiro de 1835, tinha início em Salvador a Revolta dos Malês. A revolta foi o maior levante de escravos ocorrido na província da Bahia e um dos maiores conflitos do Período Regencial - intervalo entre os reinados de Pedro I e Pedro II.

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Salvador contava então com 65.500 habitantes, 40% dos quais eram escravos. Dentre os cativos, 63% eram nascidos na África. A revolta foi majoritariamente conduzida pelos escravos africanos e seus principais líderes foram os malês.

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Malê era a designação dada aos negros de origem islâmica — com os Nagôs e os Haussás — a maioria dos quais provenientes da Nigéria e do Benim. Mas outros grupos étnicos e religiosos também contribuíram na revolta, nomeadamente os praticantes do candomblé.

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A revolta foi combinada com muita antecedência e marcada para o mês sagrado do Ramadã, quando os muçulmanos fazem jejum. O objetivo do levante era criar uma rebelião generalizada que permitisse a tomada do governo e, em seguida, a libertação dos cativos.

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Planejou-se o início do levante para o dia 25, quando a população iria para Igreja de Nosso Senhor do Bonfim celebrar o dia de N. Sra. da Guia, deixando o centro da cidade vazio. Após tomar o centro, se dirigiriam para os bairros do entorno até conseguirem dominar a cidade.

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Os malês partiram para a batalha usando abadás brancos e amuletos. Iniciaram o levante com uma série de incêndios em pontos diferentes da cidade, para distrair a atenção da polícia enquanto um grupo de algumas dezenas de homens atacava a Câmara Municipal.

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A invasão objetivava libertar Pacífico Licutan, um dos líderes malês, preso para ser leiloado e quitar uma dívida de seu senhor. Em pouco tempo a cidade mergulhou no caos, com batalhas generalizadas por todas as partes.

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A batalha principal ocorreu quanto os malês se depararam com o quartel da cavalaria, na região de Água dos Meninos. Melhor equipadas e mais numerosas, as forças policiais levavam vantagem e debelaram o levante em menos de 24 horas.

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A repressão foi brutal. Os libertos que haviam se juntado à revolta foram condenados à deportação forçada para a África. Os escravos revoltosos foram condenados à pena de açoites, que poderia ser de 300 a 1200 chibatadas.

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As 16 lideranças identificadas pelas forças policiais foram condenadas à morte - quatro dos quais fuzilados no Campo da Pólvora em 14 de maio de 1835.

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O líder malê, Pacífico Licutan, foi condenado a 1.200 chibatadas - que não eram dadas de uma única vez, para que os condenados não morressem rapidamente.

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Embora derrotada, a Revolta dos Malês teve um importante papel na luta pela emancipação, insuflando novos levantes antiescravagistas e denunciando a insatisfação generalizada dos negros oprimidos pelo regime escravocrata.

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