O fio de hoje é sobre:
🔹Vacinação e a importância da terceira dose
🔹Imunidade híbrida (pessoa que teve COVID-19 e que se vacinou)
🔹E 'breakthrough infections" (que seria infecções em pessoas vacinadas, e não infecções revolucionárias😵💫)
Vamos juntos🧶👇
Dados na @ScienceMagazine mostram alguns resultados de resposta imune em pessoas vacinadas, pessoas que se vacinaram após ter COVID-19 (imunidade híbrida) ou pessoas que se vacinaram ANTES de ter COVID-19 (breakthrough infections - chamarei de "BI")
Temos dados indicando que a vacinação após a recuperação da infecção natural por SARS-CoV-2 🦠➕💉, ou “imunidade híbrida”, aumenta substancialmente a potência e a amplitude da resposta humoral contra o vírus - porém a infecção traz MUITOS riscos. ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/34182569
Infelizmente, foi o caso de muita gente, que teve COVID-19 e depois se vacinou. Assim como também tem pessoas que se vacinaram e acabaram se infectando com o vírus.
Portanto, estudos assim são super relevantes, e NÃO DEVEM SER DISTORCIDOS pois NÃO ESTIMULAM A EXPOSIÇÃO AO VÍRUS
Foram 104 participantes no estudo:
🔹31 pessoas totalmente vacinados com infecções confirmadas por PCR (BI)
🔹31 pessoas com uma (6) ou duas doses de vacina (25) após a recuperação de COVID-19 (imunidade híbrida)
🔹42 pessoas totalmente vacinados sem histórico de COVID-19
A coleta das amostras foi realizada entre 4-5 semanas após o último evento:
No grupo "vacina🟠" temos um intervalo de 3 semanas entre as doses
No grupo imunidade híbrida🟢10 meses separaram a infecção e a dose 1 da vacina, com um intervalo de 3 semanas entre as doses
(continuando)
No grupo BI🟣, o intervalo entre dose 1 e 2 foi de 3 semanas, com um relato de infecção pelo vírus 5 meses após o recebimento da 2ª dose.
Nesse estudo, não foi estudada uma 3ª dose
Lembrando novamente:
🟠: pessoas que receberam 2 doses das vacinas, sem histórico de infecção pelo vírus
🟢: pessoas que tiveram a infecção ANTES (10 meses) de receber 2 doses da vacina
🟣: pessoas que tiveram a infecção APÓS (5 meses) receber 2 doses da vacina
As vacinas recebidas pelos participantes:
🔹96 participantes receberam BNT162b2 (vacina da Pfizer)
🔹6 receberam mRNA-1273 e 2 receberam Ad26.COV2.S. (vacina da Janssen)
Para os grupos 'imunidade híbrida' e 'BI', a quantidade de anticorpos foi elevadas (mas sem diferenças entre eles), para a Spike, RBD e nucleocapsídeo (N). Os grupos 'imunidade híbrida' e 'BD' apresentaram anticorpos contra N, estando de acordo com um histórico de infecção
Sabemos da relevância do papel neutralizante que os anticorpos tem, reduzindo o risco da entrada do vírus nas células. Mas anticorpos também podem se "grudar" em partes específicas do vírus, "marcando" ele, um processo chamado de opsonização vumc.org/viiii/immuknow…
Quando ocorre a opsonização, algumas células de defesa vão "entender" esse sinal como um comando de "vou comer esse complexo vírus-anticorpo", destruindo, portanto, os vírus circulantes.
Tanto o grupo que se infectou antes da vacinação (imunidade híbrida) ou após (BI), apresentaram um aumento desse fenômeno.
Parafraseando os autores: a infecção TRAZ RISCOS.
A vacinação é muito mais segura, busque o reforço com a 3 dose.
Nas figuras abaixo, os autores mostram que:
🔹Os níveis de anticorpos IgG e IgA contra RBD foram elevados para os grupos imunidade híbrida e BI (sem diferença entre eles)
🔹Os valores foram elevados ou parecidos independente da idade nesses dois grupos
VARIANTES: em relação a #Beta vemos valores menores para os três grupos. Em geral, os valores foram elevados para imunidade híbrida e BI, sem diferença entre eles
Novamente: o artigo NÃO ESTIMULA a infecção, pelo contrário. Uma terceira da vacina dose estimula MUITO tuas defesas
Mas, novamente pessoal:
🔹O artigo e os dados NÃO ESTIMULAM a infecção. Temos várias pessoas que tem histórico de COVID-19 antes e depois da vacinação, por isso, dados assim são importantes
🔹A 3ª dose é a forma mais segura de buscar um reforçamento das defesas
Aqui, fiz um fio de outro estudo que conclui algo similar:
Temos também outros dados indicando que uma terceira dose (reforço) aumenta a neutralização (de anticorpos) por um fator de 15-32x, contra a variante beta (a qual tem um escape imunológico significativo - mas as vacinas seguem protegendo)
Com os dados da Suiça (por 100.000 indivíduos), observamos que a menor taxa de óbito semanal está entre vacinados que receberam o reforço. Os valores de taxa de óbito semanal entre não vacinados foram substancialmente mais altos.
Dado o imenso contingente de dados que temos atualmente, sabendo que a vacinação protege contra doenças graves e morte, é mais seguro que os indivíduos sejam vacinados antes do que após a infecção natural. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34476395/
Imunidade via infecção NÃO É o caminho
Os dados apresentam algumas limitações:
🔹Não foi avaliado o benefício da 3ª dose em relação aos demais grupos
🔹Não foi considerado a vacinação "mista" (quando a pessoa recebe a 1ª dose de uma vacina, mas a 2ª dose é de uma vacina de tecnologia diferente)
Por exemplo
Os autores concluem que:
🔹A vacinação é altamente eficaz na prevenção dos resultados mais graves da COVID-19 e deve ser fornecida INDEPENDENTE do status de infecção anterior e da idade. TODOS DA POPULAÇÃO ALVO PRECISAM SE VACINAR
E não esqueça:
🔹Imunidade pela infecção TRAZ RISCOS PARA A SAÚDE! Busque a vacinação! Complete seu esquema vacinal e busque o reforço!
🔹Siga se cuidando: use PFF2 bem ajustada ao rosto, faça distanciamento e combine com ambientes abertos e bem ventilados sempre que possível!
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo
Estudo interessante da @VirusesImmunity e colegas, mostra diferenças em como a COVID longa afeta homens e mulheres: mulheres são mais propensas a apresentar COVID longa, com uma carga maior de sintomas afetando diferentes órgãos, e hormônios podem ser preditores da condição 🧵
O grupo de pesquisadores investigou como o perfil imunológico na COVID longa pode diferir entre homens e mulheres e se isso poderia nos ajudar a entender como essa condição afeta ambos.
165 indivíduos (com ou sem COVID longa) foram avaliados.
O estudo identificou que alguns sintomas relacionados à COVID longa são mais presentes em mulheres (como inchaço, dores de cabeça, dores musculares, cãibras, queda de cabelo) e outros, mais em homens, como a disfunção sexual