Vamos falar de coisa boa? A Dra. @VirusesImmunity compartilhou, em seu twitter, um estudo (preprint) trazendo a estratégia de IMUNIZAÇÃO DA MUCOSA👃 utilizando fragmentos da Spike, como um reforço após a vacinação! Os resultados são SURPREENDENTES
Vem coisa boa por aí! 🧶👇
Sabemos que as vacinas que reduzem o risco para infecção e para a doença são necessárias para combater a pandemia. Para alcançar isso, temos as vacinas!
As vacinas atuais contra a COVID-19 são administradas por via intramuscular, "no braço" .
Mas existem também outras formas de administrar vacinas, que podem ter efeitos interessantes: um exemplo são as vacinas que tem como objetivo gerar uma proteção no nível das mucosas! Temos um exemplo clássico no Brasil que é o zé gotinha, a vacina contra a polio
No caso da vacina da polio, temos um vírus atenuado, ou seja, um vírus que apesar de ter capacidade de fazer cópias de si, esse processo é super enfraquecido/atenuado. Apesar de gerar uma proteção robusta, não é indicado para imunocomprometidos
Mas temos outras alternativas!
Uma delas é usar subunidade de proteínas, como a gente já viu que algumas vacinas "convencionais" (aplicadas dentro do músculo) usam (ex.: Novavax). E uma grande sacada do grupo da Dra @VirusesImmunity : pela via intranasal 👃 pois estamos lidando com um vírus respiratório
E para garantir que uma grande resposta será gerada, podemos hackear o sistema imunológico: A resposta está em aproveitar a imunidade adaptativa existente (gerada pelas vacinas da COVID) e aplicar um REFORÇO dessa vacina intranasal
O estudo demonstra que após a administração da vacina da Pfizer, a proteína Spike purificada presente em uma vacina intranasal gerou:
🔹Um aumento dos anticorpos IgA e IgG na mucosa nasal, pulmonar e no sangue
🔹 Estimulou células B de memórias e células liberadoras de anticorpos
De uma forma surpreendente, essa estimulação via combinação de vacina intramuscular da Pfizer com o reforço de uma vacina intranasal com a proteína Spike aumentou a presença de células T de memória em:
🔹Compartimentos respiratórios🌬️
🔹Pulmões🫁
🔹Cavidade nasal👃
Ainda, o trabalho mostra uma outra modalidade de vacina intranasal: ao invés de usar a proteína Spike, o grupo testou também com RNA mensageiro dentro de nanopartículas, demonstrando que também é capaz de estimular a resposta na mucosa!
O grupo demonstra que a aplicação intramuscular de uma vacina de RNA com reforço de uma vacina intranasal com a Spike foi capaz de proteger mais todos os camundongos da doença e da morte (ao expor os camundongos a uma concentração altíssima do vírus) do que sem o reforço
O mesmo padrão de achados também foi visto quando foi testado o reforço com uma vacina intranasal contendo nanopartículas com RNA mensageiro!
Gente, esses resultados me deixam maravilhada com o quanto a ciência avança no quesito vacinas
E não para por aí: tanto o regime vacina intramuscular de RNA + reforço intranasal com a Spike ou reforço intranasal com nanopartículas de RNA do SARS-CoV-1 mostraram que as proteções geradas/reforçadas são capazes de reconhecer tanto o SARS-CoV-1 quanto o SARS-CoV-2!
Conclusões:
🔹Um reforço intranasal tanto com a Spike, quanto com nanopartículas de RNA mensageiro codificando a Spike são capazes de aumentar a imunidade da mucosa COM SEGURANÇA, podendo gerar uma proteção aumentada contra a infecção
🔹É uma estratégia válida, também, para gerar uma proteção ampliada contra variantes
🔹Uma vez que foi detectada a presença de células de memória em diferentes tecidos do corpo (👃,🫁, etc), essa estratégia provavelmente confere memória duradoura!
🔹Ainda, vacinas intranasais são fáceis de aplicar, muito estáveis (no caso das vacinas que utilizam proteínas), e com chance de maior aceitação (pensando nas pessoas com fobia de agulha, por exemplo)
🔹Que venham os estudos clínicos com essa proposta!
Esse fio contou com tuítes traduzidos do fio original da Dra @VirusesImmunity que fez um BRILHANTE trabalho junto de seu time de cientistas. O fio completo pode ser conferido aqui (e podemos usar a modalidade tradução do twitter!):
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo
Estudo interessante da @VirusesImmunity e colegas, mostra diferenças em como a COVID longa afeta homens e mulheres: mulheres são mais propensas a apresentar COVID longa, com uma carga maior de sintomas afetando diferentes órgãos, e hormônios podem ser preditores da condição 🧵
O grupo de pesquisadores investigou como o perfil imunológico na COVID longa pode diferir entre homens e mulheres e se isso poderia nos ajudar a entender como essa condição afeta ambos.
165 indivíduos (com ou sem COVID longa) foram avaliados.
O estudo identificou que alguns sintomas relacionados à COVID longa são mais presentes em mulheres (como inchaço, dores de cabeça, dores musculares, cãibras, queda de cabelo) e outros, mais em homens, como a disfunção sexual