Jornalismo de qualidade exige mais do que recursos. E o Grupo Folha, que tem um faturamento anual de mais de 2,7 bilhões de reais, é prova disso. Em 5 de abril de 2009, a Folha de S. Paulo estampou em sua capa uma ficha policial falsa atribuída a Dilma Rousseff.
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Apresentado como autêntico, o documento forjado foi publicado na íntegra na página A10 do jornal, ilustrando uma matéria que implicava Dilma Rousseff em um suposto plano para sequestrar Delfim Netto, ministro da fazenda da ditadura militar.
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Segunda a Folha, a reportagem foi baseada em um depoimento de Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) — grupo da esquerda radical que participou da luta armada contra a ditadura militar.
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Espinosa teria dito ao jornal que o plano de sequestrar Delfim Netto, um dos mais destacados burocratas do regime, era conhecido pelos membros da cúpula da organização, incluindo Dilma Rousseff.
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O grupo, entretanto, teria desistido do sequestro após ser parcialmente desarticulado pelas operações dos órgãos de repressão. Ao ser questionada pelo jornal, Dilma negou ter conhecimento sobre tal ação. Não obstante, a matéria foi publicada como relato factual.
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O próprio Espinosa, entretanto, desmentiu a reportagem, negando ter dito que Dilma conhecia o plano e acusando o jornal de distorcer seu relato. "Dilma sequer teria como conhecer a ideia da ação, a menos que fosse informada por mim (...).
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"O que disse à repórter é que informei (...) que o Regional de SP estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para sequestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde", afirmou o ex-guerrilheiro.
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Embora fosse integrante da VAR-Palmares, Dilma pertencia ao grupo dos "basistas", que desenvolvia ações voltadas à conscientização política, e sempre sustentou não ter participado de ações armadas — afirmação endossada por outros membros da organização.
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O jornal admitiu ter mentido sobre a origem da ficha policial falsa utilizada para ilustrar a matéria, atribuindo a desinformação a um "erro de catalogação". Ao contrário do que disse a Folha, a ficha não foi obtida junto ao Arquivo Público de São Paulo.
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A ficha estava disponível em um site de extrema-direita chamado "Ternuma" ("Terrorismo Nunca Mais"), uma organização de apologistas da ditadura e admiradores do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. O documento forjado atribuía a Dilma práticas como terrorismo,...
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...assaltos e conspiração para a prática de homicídio. Dilma, entretanto, jamais foi indiciada ou processada por tais atos durante a ditadura — nem mesmo durante os três anos em que ficou presa por "subversão", sendo submetida a interrogatórios e sessões de tortura.
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Não há quaisquer documentos nos arquivos militares e acervos documentais que a vinculem às práticas descritas na ficha. Em junho de 2009, a ficha policial foi analisada por especialistas do Instituto de Computação da Unicamp.
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O laudo produzido pela Unicamp confirmou que a ficha era falsa e fora fabricada digitalmente, possuindo indícios de manipulações tipográficas grosseiras. A Folha noticiou a perícia, mas ocultando o nome da instituição e insinuando conflito de interesse na chamada.
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Apesar disso, a Folha seguiu se negando a admitir que utilizou um documento falso para atacar a Ministra-Chefe da Casa Civil do governo Lula — já reconhecida como nome favorito do partido para disputar a eleição presidencial no ano seguinte.
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Em uma publicação patética misturando mea culpa envergonhado e arrogância injustificada, o jornal voltou a mentir para seus leitores, afirmando que a autenticidade da ficha "não pode ser assegurada, mas também não pode ser descartada"
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A imprensa reagiu com o habitual corporativismo, ignorando a polêmica. Na Veja, Reinaldo Azevedo, tratou de contemporizar e ao mesmo tempo inflamar, dizendo que se a VAR-Palmares de Dilma chegasse ao poder, milhões morreriam. "É matemática, não é ideologia", assegurou.
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Há 82 anos, em 16 de maio de 1943, as tropas alemãs esmagavam o Levante do Gueto de Varsóvia — a maior insurreição judaica contra as forças nazistas ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial. Contamos essa história hoje, no @operamundi
Até o início do século 20, a Polônia abrigava a maior comunidade judaica da Europa. Comparado às outras nações do continente, o país tinha um histórico de relativa tolerância em relação aos judeus, o que estimulou a imigração das populações perseguidas no Leste Europeu.
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Na capital, Varsóvia, a população judaica era estimada em mais de 400 mil pessoas — quase um terço dos habitantes da cidade.
A invasão da Polônia pela Alemanha nazista em setembro de 1939 trouxe enorme apreensão para a comunidade judaica. O medo era plenamente justificado.
15 de maio é o Dia da Nakba, data em que se rememora o processo de limpeza étnica instaurado na Palestina após a criação de Israel — e que resultou na expulsão de 800 mil palestinos e inúmeros massacres. Contamos essa história hoje no @operamundi
A identidade palestina foi moldada ao longo de milhares de anos e reflete a multiculturalidade da região do Levante. Os palestinos descendem de povos que habitavam o Crescente Fértil desde a Idade do Bronze — incluindo os cananeus, que já viviam nessa área há 4.000 anos.
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Ao longo dos séculos, o povo palestino sofreu influência das ondas migratórias e das mudanças políticas no Levante. Inúmeras culturas semitas, nômades e indo-europeias também se estabeleceram na região e vários impérios dominaram a Palestina — dos egípcios aos romanos.
Há 40 anos, a polícia dos EUA bombardeava o bairro afro-americano de Cobbs Creek, na Filadélfia, visando destruir a sede do movimento negro MOVE. A ação resultou na morte de 11 pessoas, incluindo 5 crianças. Contamos essa história no @operamundi
O MOVE é um movimento negro de inspiração anarcoprimitivista, fundado na Filadélfia em 1972 por John Africa (Vincent Leaphart). O grupo combina ideário revolucionário (inspirado nos Panteras Negras e no movimento Black Power), ativismo ambiental e defesa dos animais.
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O MOVE defende um estilo de vida comunitário, critica o capitalismo e a revolução tecnológica e prega a ideia de "regresso à natureza". A exemplo do fundador, os membros do grupo adotam o sobrenome "Africa", em alusão às raízes ancestrais.
Há 105 anos, em 09/05/1920, nascia a revolucionária cubana Celia Sánchez. Estrategista e coordenadora logística da guerrilha, ela exerceu papel fundamental na viabilização da Revolução Cubana. Contamos sua história hoje, no @operamundi
Celia nasceu em Media Luna, uma cidade na província de Oriente, em uma família de classe média alta. Era filha de Acacia Manduley e do médico Manuel Sánchez. A mãe de Celia faleceu quando ela ainda era pequena, deixando 8 filhos.
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A visão de mundo de Celia foi bastante influenciada por seu pai. Liberal humanista e admirador das ideias de José Martí, Manuel costumava atender gratuitamente os pacientes pobres nos grotões de Cuba e criticava energicamente as injustiças sociais no país.
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A frase de Trump é apenas a adição mais recente a um extenso catálogo de declarações revisionistas que buscam, ao mesmo tempo, apagar o papel da União Soviética na luta contra o regime nazista e exagerar a contribuição dos Estados Unidos e de seus aliados no Ocidente.
Há 133 anos, nascia Josip Broz Tito, um dos maiores líderes socialistas do século XX. Marechal Tito comandou a luta contra o regime nazista nos Balcãs e liderou o governo revolucionário da Iugoslávia. Contamos sua história hoje no @operamundi
Josip Tito nasceu em 7 de maio de 1892 em Kumrovec, na Croácia, à época parte do Império Austro-Húngaro. Envolveu-se ainda jovem com o movimento operário, filiando-se ao sindicato dos metalúrgicos e ao Partido Social-Democrata da Croácia.
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Em 1913, ingressou no Exército Austro-Húngaro, onde galgou rápida ascensão. Após a eclosão da Primeira Guerra, combateu as tropas da Rússia na Frente Oriental. Ferido em combate, foi capturado pelos russos e enviado para um campo de trabalhos forçados nos Montes Urais.