Em 16 de dezembro de 1989, véspera do segundo turno da eleição presidencial, o delegado Romeu Tuma divulgou imagens vinculando sequestradores do empresário Abilio Diniz ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.
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Evidências plantadas incluíam imagens de armas expostas ao lado do material de campanha do PT. Os sequestradores foram obrigados a posar com camisetas do partido. Explorado à exaustão pela imprensa, o factoide teve papel decisivo na derrota de Lula no pleito.
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O pleito de 1989 era a 1ª eleição direta para a presidência desde o golpe de 1964. Apoiado pela burguesia e pela imprensa, o candidato do PRN, Fernando Collor, foi o mais votado no 1º turno. Em segundo lugar, ficou o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
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Impulsionado pela mídia, Collor chegou ao 2º turno com uma vantagem de 8 pontos sobre Lula, mas o petista conseguiu diminuir a diferença. As pesquisas divulgadas na última semana indicavam empate técnico entre os dois candidatos. A tendência de alta favorecia o PT.
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Diante do crescimento do adversário, Collor intensificou os ataques contra Lula, fazendo uso indiscriminado de boatos. Acusou Lula de querer confiscar a poupança e obrigar famílias de classe média a dividirem seus apartamentos com moradores de rua.
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Collor apresentou em seu programa eleitoral um depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando o sindicalista de tentar forçá-la a realizar um aborto. O boato de maior impacto, entretanto, surgiria na véspera do 2º turno, no âmbito do sequestro de Abilio Diniz.
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Proprietário da rede Pão de Açúcar, Abilio Diniz já estava entre os homens mais ricos do Brasil desde os anos 60. Em 11 de dezembro de 1989, o empresário foi sequestrado enquanto se dirigia ao seu escritório no bairro dos Jardins, em São Paulo.
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Os responsáveis pelo sequestro eram quase todos estrangeiros, vinculados a grupos revolucionários chilenos (MIR e ORA) que buscavam fundos para financiar a guerrilha em El Salvador. O resgate exigido para libertar Diniz foi de 30 milhões de dólares.
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Após 5 dias, a polícia localizou e estourou o cativeiro, situado no bairro paulistano do Jabaquara, libertando o empresário e prendendo todos os envolvidos na ação. Os detidos ficaram sob responsabilidade do delegado Romeu Tuma, ex-diretor geral do DOPS durante a ditadura.
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Após convocar a imprensa para divulgar informações sobre o caso, a polícia afirmou ter localizado no cativeiro camisetas, bandeiras e faixas do Partido dos Trabalhadores e um grande número de materiais da campanha de Lula.
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Os itens foram apresentados ao lado dos fuzis, metralhadoras e munições apreendidas. Os sequestradores foram levados aos jornalistas trajando camisetas do PT. No dia da eleição, todos os veículos de mídia publicaram reportagens ligando o PT aos sequestradores.
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Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e O Globo afirmaram que o PT tinha vínculos com as organizações guerrilheiras chilenas e noticiaram que os policiais haviam apreendido com os sequestradores uma agenda contendo telefones de lideranças petistas...
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... tais como Luiz Eduardo Greenhalgh e Eduardo Suplicy, então presidente da Câmara Municipal. Por sua vez, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que a casa teria sido cedida aos sequestradores por um padre que era "simpatizante do PT".
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O jornal ainda afirmou que Alcides Diniz, irmão do empresário sequestrado, havia confirmado que o PT estava envolvido na ação, sem esclarecer, entretanto, que Alcides era amigo pessoal de Collor e que estava engajado na campanha do candidato do PRN.
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O jornal "O Rio Branco", por sua vez, publicou na capa a manchete "PT sequestra Abilio Diniz". Os desmentidos do partido foram ignorados pela imprensa ou relegados às notas pequenas de pé de página, com títulos capciosos. Na TV, a Rede Globo se esbaldou com a notícia.
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Após manipular o debate para favorecer Collor — apelando até para o uso de pastas com falsas denúncias — e transmitir um resumo editado para prejudicar Lula, a emissora dedicou parte substancial de seu tempo para amplificar a denúncia.
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A estratégia deu certo. Em São Paulo, as sondagens de boca de urna indicaram mudanças abruptas em relação às pesquisas prévias, indicando que a denúncia tirou muitos votos de Lula.
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Somente após a confirmação da vitória de Collor, a imprensa começou a publicar os desmentidos. No dia 20, O Globo publicou que "sequestro de Abílio não foi político" e o Jornal do Brasil disse que a tentativa de atrelar o sequestro ao PT era uma "trama policial".
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Quase um ano depois, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma entrevista com o governador Orestes Quércia, afirmando que "houve pressões no sentido de que se conduzissem as investigações para envolver o PT".
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As investigações descartaram o envolvimento do partido no episódio e os advogados dos sequestradores confirmaram em juízo que eles foram torturados e forçados a usar as camisetas da agremiação.
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Há 66 anos, o general Lott esmagava a Revolta de Aragarças, levante golpista contra o governo de Juscelino Kubitschek. A revolta foi conduzida por militares que já tinham tentado um golpe 3 anos antes, mas receberam anistia. Leia no @operamundi
Candidato à presidência pelo PSD na eleição de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) se apresentou ao eleitorado como herdeiro político de Getúlio Vargas, prometendo trazer ao Brasil “50 anos de desenvolvimento em 5 anos de mandato”.
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JK conseguiu herdar os votos de Vargas e foi eleito presidente. O mesmo ocorreu com João Goulart, ex-Ministro do Trabalho de Vargas, que foi eleito como vice em votação separada.
Mas, ao mesmo tempo, JK e Goulart também herdaram a fúria do antigetulismo.
O Ministério Público de Milão anunciou abertura de uma investigação formal contra cidadãos italianos suspeitos de terem participado de "safáris humanos" durante a Guerra da Bósnia. Os turistas europeus pagavam até R$ 600 mil para matar civis por diversão.
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O caso ocorreu durante o Cerco de Sarajevo, episódio dramático da Guerra da Bósnia, que se estendeu de 1992 a 1996. Considerado um dos mais violentos cercos militares do século 20, a ofensiva contra a capital bósnia deixou cerca de 12.000 mortos e 60.000 feridos.
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Conforme a denúncia, o serviço era ofertado pelo exército sérvio-bósnio, chefiado por Radovan Karadzic, preso desde 2008. O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia o condenou a 40 anos de prisão por genocídio e crimes contra a humanidade.
Está avançando na Assembleia Legislativa de São Paulo o PL 49/2025, oriundo da base de apoio do governador Tarcísio de Freitas, que prevê a extinção da FURP — a Fundação para o Remédio Popular, laboratório público que que produz medicamentos de baixo custo para o SUS.
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O governo Tarcísio alega que os resultados financeiros negativos da fundação justificariam o seu fim. O projeto de lei prevê a autorização para vender os edifícios, terrenos e ativos da FURP nas cidades de Guarulhos e Américo Brasiliense.
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As instalações da FURP — sobretudo a unidade de Guarulhos — são há muito tempo cobiçadas pelo mercado imobiliário. O terreno de Guarulhos tem 192.000 m² e está estrategicamente localizado próximo à Via Dutra e à futura estação do Metrô.
Há 2 anos, a Palestina perdia uma de suas maiores artistas. A pintora Heba Zagout foi assassinada por um bombardeio aéreo israelense que destruiu sua casa em Gaza. 2 de seus 4 filhos pequenos também foram mortos no ataque. Leia mais no @operamundi
Heba Zagout nasceu em 14/02/1984 no campo de refugiados de Al-Bureij, na Faixa de Gaza. Ela descendia de uma milhares de famílias expulsas de suas terras durante a “Nakba” — a operação de limpeza étnica conduzida pelas milícias sionistas após a criação do Estado de Israel.
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A família de Heba era proveniente da cidade palestina de Isdud — um povoado milenar, registrado nos textos bíblicos como uma das 5 cidades-estados da Filisteia. Conforme o próprio plano de partilha da ONU, Isdud deveria pertencer aos domínios do Estado Palestino.
Há 20 anos, Lula lançava programa de renovação da frota de petroleiros. O PROMEF fomentou a recuperação da indústria naval do Brasil, que se tornou uma das maiores do mundo e superou a dos EUA — mas foi destruído pela Lava Jato. Leia no @operamundi
A política de desenvolvimento da indústria naval teve início em 1956, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. O governo criou o Fundo de Marinha Mercante e investiu no parque naval como parte da política de industrialização e de substituição de importações.
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João Goulart ajudou a consolidar o projeto, visando diminuir as despesas com afretamento de embarcações estrangeiras. Os investimentos na indústria naval eram tão estratégicos que foram mantidos pelos militares após o golpe de 1964.
Há 172 anos, nascia José do Patrocínio. Ele se consagrou como um dos grandes jornalistas do século 19 e foi um dos principais comandantes da luta contra o regime escravocrata, recebendo a alcunha de "Tigre da Abolição". Leia mais no @operamundi
José do Patrocínio nasceu em 09/10/1853 em Campos dos Goytacazes. Era filho do vigário João Carlos Monteiro e de Justina do Espírito Santo, uma jovem escravizada. Seu pai, embora fosse padre, era conhecido pela vida desregrada, repleta de bebidas, jogos e aventuras sexuais.
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Era também um homem poderoso, proprietário de terras e deputado. Justina era uma das muitas pessoas escravizadas pelo padre. Foi entregue a ele como presente de uma fiel da paróquia.
O vigário não reconheceu Patrocínio como filho, mas permitiu que crescesse como liberto.