Inclui colunistas, comentaristas e analistas que pontificam nos meios de comunicação profissionais
1/10 – O jornalismo democrático tem como fundamento a liberdade. Onde não há liberdade de imprensa, com múltiplos sistemas alternativos de informação e análise disponíveis, não há democracia e sim ditadura. Um (a) jornalista não poderá defender ou deixar de denunciar restrições de direitos políticos e liberdades civis, venham de ontem vierem, em especial a censura sob qualquer modalidade ou pretexto.
2/10 – Press releases e briefings oficiais não são notícia, a não ser depois de serem checados, questionados, contextualizados e cotejados com o que dizem as oposições sobre os temas em tela (considerando que numa democracia as oposições – desde que não descumpram as leis – devem ser reconhecidas e valorizadas como players fundamentais para o bom funcionamento do regime). Jornalistas não serão divulgadores de matérias plantadas por agentes governamentais e partidários, em especial se visarem a deslegitimar as oposições.
3/10 – Jornalistas não podem ser alto-falantes de fontes. Fontes não são provas de verdade. Jornalistas podem ter e cultivar suas fontes, mante-las no anonimato se necessário, mas não citá-las (mesmo sem nomeá-las) para corroborar a validade do que noticiam. Jornalistas devem saber distinguir fontes de “plantadores” profissionais de interpretações (considerando que existem partidos que destacam comissários, treinados ao longo de anos, para desempenhar essa função de “emprenhar pelo ouvido” jornalistas). Por medo de perder uma fonte, jornalistas não devem agradá-la, divulgando suas versões numa espécie de barganha para continuar tendo acesso a informações privilegiadas ou de primeira mão (“furos”).
A EXTREMA-DIREITA ESTÁ GOVERNANDO QUANTOS REGIMES DITATORIAIS NO MUNDO DE HOJE?
Vamos pegar cerca de 40 regimes ditatoriais atuais para mostrar que é falsa essa conversa de que a extrema-direita (os regimes populistas-autoritários, iliberais) é a única (ou principal) ameaça à democracia. Adicionalmente, o levantamento abaixo mostra como é impotente em termos analíticos o esquema interpretativo direita x esquerda.
Siga o fio.
1 Azerbaijão | Ilham Aliev e seu Partido Novo Azerbaijão orbitam na esfera de influência da ditadura russa. Mas não podem ser classificados como extrema-direita.
2 Barein| Salman bin Hamad bin Isa Al Khalifa é o primeiro-ministro do Barein, uma monarquia islâmica sem partidos. O regime não pode ser classificado como de esquerda ou de direita.
Bolsonaristas perguntam sempre por que se fala em extrema-direita e não se fala em extrema-esquerda. A explicação é simples. A extrema-direita existe de fato no Brasil e em outros países. Por exemplo, ela está presente no bolsonarismo e no trumpismo. No Brasil existe também uma extrema-esquerda, mas ela é muito minoritária: por exemplo, o PCO. O lulopetismo é hegemônico na esquerda brasileira, mas ele representa a esquerda populista, não a extrema esquerda. A extrema-esquerda é uma remanescência da esquerda classista, revolucionária, do século passado, ainda que parte da nova esquerda identitarista do século atual também tenha, às vezes, comportamentos extremos. No Brasil existe essa esquerda identitarista, meio que copiada da sua congênere americana, mas ela também é minoritária (sobretudo eleitoralmente). Dito isso, é preciso entender, entretanto, que o populismo de esquerda (por exemplo, o neopopulismo latino-americano de Obrador, Xiomara, Petro, Evo e Arce e Lula), tem raízes marxistas, mas não pratica os métodos da luta revolucionária, visando a tomada do poder pela força, porque optou pela via eleitoral para chegar aos governos e neles se delongar até conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido. Em alguns casos, todavia, populistas de esquerda deram golpes de Estado (ou auto-golpes) já estando nos governos de seus países, convertendo seus regimes em ditaduras (como são os casos de Maduro e Ortega). Nestes casos, talvez, se pudesse dizer que se tornaram extrema-esquerda, assim como Cuba (o modelo revolucionário clássico do século 20, que se mantém), a Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua, a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional em El Salvador, etc. Nada disso, porém, faz muito sentido porque o velho espectro classificatório 'extrema-direita, direita, centro-direita, centro-esquerda, esquerda, extrema-esquerda' é inadequado para captar a realidade. E porque o que importa não é se uma força política é mais ou menos de direita ou de esquerda e sim se é autocrática (eleitoral ou não-eleitoral) ou se é democrática (apenas eleitoral ou liberal).
Tem que ler o último parágrafo, pessoal. Minha classificação de regimes políticos (e, por decorrência, das forças políticas) é a seguinte:
Os regimes eleitorais (ainda chamados de democracias, conquanto apenas eleitorais) em transição autocratizante são os parasitados por populismos.
Estamos escrevendo um artigo explicando as imagens abaixo. Nem seria necessário fazer isso se a maioria das pessoas tivesse alguma noção dos temas ligados à disjunção democracia x autocracia. 1/6
Antes de qualquer coisa é preciso saber que a segunda grande guerra fria, que já está instalada, não é, como a primeira, uma divisão de blocos Oeste x Leste (EUA x China). É uma campanha de exterminação das democracias liberais. 2/6
Há um eixo autocrático se formando no mundo imerso em uma terceira onda de autocratização. 3/6
O divisor de águas não foi o 7 de outubro, mas o 17 de outubro. A pressa com que setores da esquerda compraram a versão do Hamas e já sairam às ruas em seguida, sem ter a prudência de aguardar mais evidências sobre o ocorrido, revela muita coisa. Eu diria, quase tudo. +
Poderíamos dizer que só estavam aguardando algo como o bombardeio de um hospital com centenas de mortos para confirmar o que já sabiam: que Israel é genocida. Isso é como um axioma, uma verdade evidente por si mesma, que não está sujeita à comprovação no âmbito da "teoria". +
Pelo que se vê nas fotos de hoje (18/10) o hospital em Gaza continua de pé. Um míssil que explodiu num estacionamento dificilmente causaria 600 mortos como foi divulgado pelo "ministério da saúde" do Hamas (tratado pela imprensa como "as autoridades" e fonte fidedigna). +
Me perguntaram no Face se o PT é um partido comunista. Não, o PT não é um partido comunista. É um partido neopopulista. Mas o neopopulismo latino-americano teve origem no marxismo. Os dirigentes que fundaram o PT e até hoje orientam sua militância são (ou foram) marxistas.
Pulando, por óbvio, os ditadores cubanos, isso aconteceu em todos os regimes neopopulistas. Na Nicarágua: Daniel Ortega e Humberto Ortega e López e Borge e Mayorga; na Venezuela: Hugo Chávez e Nicolás Maduro; no Brasil: Lula e Dilma.
Continua...
Na Bolívia: Evo Morales e Luis Arce; no Equador: Rafael Correa e Lenin Moreno; no Paraguai: Fernando Lugo; em El Salvador: Maurício Funes e Salvador Cerén; na Argentina: Cristina Kirchner e Alberto Fernandez; no México: Obrador; no Peru: Castillo, na Colômbia: Petro.