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Feb 14, 2022 13 tweets 5 min read Read on X
“Um dia de terror”: a chacina do Rangel, quando uma família foi assassinada por conta de uma galinha.
Carlos José dos Santos e Edileuza Oliveira viviam numa casa no bairro do Rangel, em João Pessoa, (PB), juntamente ao filho do casal. Na casa ao lado viviam Moisés Soares Filho, 33 anos, Divanise Lima dos Santos, de 35, – que estava grávida de gêmeos, e os cinco filhos.
No dia 8 de julho de 2009, alguns dos filhos de Divanise e Moisés, e o filho dos seus vizinhos teriam tido uma discussão acerca de uma galinha e a quem ela pertenceria. Mais tarde, Carlos alegou que, na verdade, Moisés teria matado uma de suas galinhas e o ameaçado de morte.
Seja qual fosse a razão, Carlos decidiu se vingar do vizinho. Na madrugada do dia seguinte, munido de um facão e acompanhado pela esposa, invadiu a residência ao lado. Enquanto dormiam, Moisés e Divanise – que perderia os gêmeos – foram assassinados a golpes de uma "peixeira".
Segundo a perícia, Carlos decepou a mão de Moisés antes de o degolar. Em seguida, Edileuza pegou o facão e matou a vizinha grávida. Também foi ela quem decidiu promover um massacre, caçando e atacando os filhos do casal. Apenas dois sobreviveram à chacina.
Rayssa dos Santos, 2 anos, Ray dos Santos, 4, e Raquel dos Santos Soares, 10, morreram na local. O filho de 7 anos foi ferido no rosto, pescoço e nuca, mas foi socorrido e sobreviveu. O mais velho, de 14, pôde apenas assistir debaixo da cama enquanto sua família era massacrada.
A polícia foi acionada por vizinhos e o casal de assassinos foi preso em flagrante. Karine Tenório, jornalista que cobriu o caso, afirmou que a polícia e perícia desandaram a chorar enquanto localizavam “todos os pedaços dos corpos das vítimas, principalmente das crianças”.
Marx Cahuê Batista da Silva, capitão da PM responsável pela coordenação de policiamento na região à época do massacre, sumarizou o caso em declaração ao Portal T5: “Foi um dia de terror, pela coordenação de policiamento”. O casal foi julgado mais de um ano depois.
O julgamento ocorreu nos dias 16 e 17 de setembro. Ambos os réus confessaram o ato, mas divergiram quanto aos fatos. Inicialmente, Carlos, tentando livrar a esposa para que ela pudesse criar o filho, havia alegado que fora responsável pela consumação de todas as mortes.
Edileuza, num primeiro momento, tentou corroborar tal versão, afirmando estar dormindo durante o ato; entretanto, seus relatos foram conflitantes em diversos pontos. Eventualmente, não restaram dúvidas de que ela foi quem matou a mãe e as crianças.
Além de essa ser a convicção da perícia, o policial militar José Fausto de Oliveira relatou que, antes de morrer, Divanise lhe explicou que Carlos matou seu marido; Edileuza tornou a cena num massacre. O júri concordou com a versão e unanimemente considerou o casal culpado.
Pelos cinco homicídios qualificados (por motivo fútil e meio cruel) e pela tentativa de homicídio do filho de 7 anos, Carlos e Edileuza foram condenados a 116 e 120 anos de reclusão, respectivamente, dos quais poderão cumprir apenas 30, conforme a legislação vigente à época.
Em razão da pena extremamente extensa, terão de cumpri-la integralmente em regime fechado. Houve um plano para a construção de um santuário em homenagem às vítimas no local onde a família morava, mas a obra nunca foi concluída e o local, abandonado.

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