Há 117 anos, em 15 de fevereiro de 1905, nascia a psiquiatra Nise da Silveira. Pioneira da psicoterapia ocupacional, Nise se destacou por promover a humanização do tratamento psiquiátrico, ajudando a abolir práticas como o confinamento, o eletrochoque e a lobotomia.
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Nascida em Maceió, Alagoas, Nise era filha da pianista Maria Lídia e de Faustino Magalhães, diretor do Jornal de Alagoas. Após cursar o ensino básico no Colégio Santíssimo Sacramento, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, tornando-se a única mulher de sua turma.
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Graduou-se em 1926, entrando para o seleto rol das primeiras mulheres formadas em medicina no Brasil. Casou-se posteriormente com o sanitarista Mário Magalhães da Silveira, que seria seu companheiro pelo resto da vida.
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Os artigos do marido sobre os impactos da pobreza nos problemas sanitários ampliariam seu interesse por questões sociais. Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde conheceu o farmacêutico socialista Otávio Brandão, que a incentivou a estudar o marxismo.
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No início dos anos 30, Nise filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (antigo PCB) e tornou-se uma das signatárias do "Manifesto dos Trabalhadores Intelectuais ao Povo Brasileiro", documento que exortava a luta popular contra a opressão.
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Pouco tempo depois, entretanto, Nise foi expulsa do PCB, acusada de ser trotskista. Em 1932, a médica estagiou na clínica neurológica de Antônio Austregésilo, pioneiro da neurologia no Brasil.
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No ano seguinte, foi aprovada em concurso público, ingressando no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha, onde passou a atuar como médica psiquiatra e pesquisadora.
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Após o Levante Comunista de 1935, Nise tornou-se alvo da repressão do governo Vargas. Foi presa em 1936, permanecendo por quase 2 anos detida no Presídio Frei Caneca. Durante a prisão, conheceu o escritor Graciliano Ramos, que a incluiu no livro "Memórias do Cárcere".
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Após ser libertada, Nise retornou ao Nordeste e aprofundou seus estudos filosóficos, interessando-se pelas obras de Baruch Spinoza. Com o fim do Estado Novo e a anistia aos comunistas, Nise foi reintegrada ao serviço público, voltando a atuar no Centro Psiquiátrico.
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Incomodada com o tratamento desumano, Nise pressionou pela abolição das terapias arcaicas e começou a se negar a aplicar eletrochoques. Foi então transferida para o trabalho com a terapia ocupacional, onde os pacientes eram obrigados a realizar tarefas de limpeza.
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À frente da Seção de Terapêutica Ocupacional, Nise determinou a substituição das tarefas de manutenção e limpeza por atividades artísticas e recreativas, criando ateliês de pintura e modelagem para uso dos internos.
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As mudanças foram extremamente benéficas, permitindo o estímulo dos recursos físicos, cognitivos e emocionais dos pacientes, levando ao alívio dos sintomas e à diminuição do estresse e incentivando a recomposição dos vínculos dos internos com a realidade.
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Nise também vinculou a análise da produção artística ao tratamento clínico, baseando-se nas ideias de Carl Gustav Jung sobre as memórias do inconsciente. O trabalho de Nise teria reconhecimento internacional e profundo impacto sobre o desenvolvimento da arte-terapia.
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Em 1952, Nise fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, um centro de pesquisa destinado a conservar, estudar e expor as obras produzidas pelos pacientes do Centro Psiquiátrico Nacional. O museu se converteu em pouco tempo em uma referência internacional em arte-terapia.
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Em 1956, Nise inaugurou a Casa das Palmeiras, primeira clínica psiquiátrica a funcionar em regime de externato no Brasil, tendo por foco a reintegração dos pacientes à vida em sociedade. A Casa das Palmeiras tornou-se o modelo para a criação dos primeiros CAPS.
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Nise também foi uma das precursoras da terapia assistida por animais, incentivando pacientes a cuidarem de animais abandonados como parte do processo de recomposição das referências afetivas. A experiência foi relatada no livro "Gatos, a Emoção de Lidar", de 1998.
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Nise também foi pioneira na introdução da psicologia junguiana no Brasil. A médica manteve contato com Carl Gustav Jung a partir de 1954, tendo sido incentivada a expor trabalhos de seus pacientes durante o II Congresso Internacional de Psiquiatria, sediado em Zurique.
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Jung acompanhou Nise à mostra, orientando-a sobre o processo de análise dos trabalhos e o estudo das referências religiosas e mitológicas para identificar e compreender os arquétipos. Nise estudou no Instituto Carl Gustav Jung entre 1957 e 1962...
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...onde recebeu orientação da renomada psicoterapeuta Marie-Louise von Franz. Após retornar ao Brasil, publicou o livro "Jung: Vida e Obra" e fundou o Grupo de Estudos Carl Jung, que presidiu até 1968.
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Nas décadas seguintes, Nise seguiu atuando em prol da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica e publicou diversos trabalhos, tais como "Casa das Palmeiras" (1986) e "O Mundo das Imagens" (1992) e "Cartas a Spinoza" (1995).
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Recebeu inúmeros prêmios e comendas, incluindo a Ordem do Rio Branco e a Ordem Nacional do Mérito Educativo. Foi membra-fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica e influenciou a criação de inúmeras instituições de arte-terapia no Brasil e no mundo.
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Nise faleceu no Rio de Janeiro aos 94 anos, em 30 de outubro de 1999. Sua vida foi retratada no filme "Nise: O Coração da Loucura", dirigido por Roberto Berliner e lançado em 2016.
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Há 66 anos, o general Lott esmagava a Revolta de Aragarças, levante golpista contra o governo de Juscelino Kubitschek. A revolta foi conduzida por militares que já tinham tentado um golpe 3 anos antes, mas receberam anistia. Leia no @operamundi
Candidato à presidência pelo PSD na eleição de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) se apresentou ao eleitorado como herdeiro político de Getúlio Vargas, prometendo trazer ao Brasil “50 anos de desenvolvimento em 5 anos de mandato”.
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JK conseguiu herdar os votos de Vargas e foi eleito presidente. O mesmo ocorreu com João Goulart, ex-Ministro do Trabalho de Vargas, que foi eleito como vice em votação separada.
Mas, ao mesmo tempo, JK e Goulart também herdaram a fúria do antigetulismo.
O Ministério Público de Milão anunciou abertura de uma investigação formal contra cidadãos italianos suspeitos de terem participado de "safáris humanos" durante a Guerra da Bósnia. Os turistas europeus pagavam até R$ 600 mil para matar civis por diversão.
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O caso ocorreu durante o Cerco de Sarajevo, episódio dramático da Guerra da Bósnia, que se estendeu de 1992 a 1996. Considerado um dos mais violentos cercos militares do século 20, a ofensiva contra a capital bósnia deixou cerca de 12.000 mortos e 60.000 feridos.
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Conforme a denúncia, o serviço era ofertado pelo exército sérvio-bósnio, chefiado por Radovan Karadzic, preso desde 2008. O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia o condenou a 40 anos de prisão por genocídio e crimes contra a humanidade.
Está avançando na Assembleia Legislativa de São Paulo o PL 49/2025, oriundo da base de apoio do governador Tarcísio de Freitas, que prevê a extinção da FURP — a Fundação para o Remédio Popular, laboratório público que que produz medicamentos de baixo custo para o SUS.
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O governo Tarcísio alega que os resultados financeiros negativos da fundação justificariam o seu fim. O projeto de lei prevê a autorização para vender os edifícios, terrenos e ativos da FURP nas cidades de Guarulhos e Américo Brasiliense.
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As instalações da FURP — sobretudo a unidade de Guarulhos — são há muito tempo cobiçadas pelo mercado imobiliário. O terreno de Guarulhos tem 192.000 m² e está estrategicamente localizado próximo à Via Dutra e à futura estação do Metrô.
Há 2 anos, a Palestina perdia uma de suas maiores artistas. A pintora Heba Zagout foi assassinada por um bombardeio aéreo israelense que destruiu sua casa em Gaza. 2 de seus 4 filhos pequenos também foram mortos no ataque. Leia mais no @operamundi
Heba Zagout nasceu em 14/02/1984 no campo de refugiados de Al-Bureij, na Faixa de Gaza. Ela descendia de uma milhares de famílias expulsas de suas terras durante a “Nakba” — a operação de limpeza étnica conduzida pelas milícias sionistas após a criação do Estado de Israel.
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A família de Heba era proveniente da cidade palestina de Isdud — um povoado milenar, registrado nos textos bíblicos como uma das 5 cidades-estados da Filisteia. Conforme o próprio plano de partilha da ONU, Isdud deveria pertencer aos domínios do Estado Palestino.
Há 20 anos, Lula lançava programa de renovação da frota de petroleiros. O PROMEF fomentou a recuperação da indústria naval do Brasil, que se tornou uma das maiores do mundo e superou a dos EUA — mas foi destruído pela Lava Jato. Leia no @operamundi
A política de desenvolvimento da indústria naval teve início em 1956, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. O governo criou o Fundo de Marinha Mercante e investiu no parque naval como parte da política de industrialização e de substituição de importações.
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João Goulart ajudou a consolidar o projeto, visando diminuir as despesas com afretamento de embarcações estrangeiras. Os investimentos na indústria naval eram tão estratégicos que foram mantidos pelos militares após o golpe de 1964.
Há 172 anos, nascia José do Patrocínio. Ele se consagrou como um dos grandes jornalistas do século 19 e foi um dos principais comandantes da luta contra o regime escravocrata, recebendo a alcunha de "Tigre da Abolição". Leia mais no @operamundi
José do Patrocínio nasceu em 09/10/1853 em Campos dos Goytacazes. Era filho do vigário João Carlos Monteiro e de Justina do Espírito Santo, uma jovem escravizada. Seu pai, embora fosse padre, era conhecido pela vida desregrada, repleta de bebidas, jogos e aventuras sexuais.
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Era também um homem poderoso, proprietário de terras e deputado. Justina era uma das muitas pessoas escravizadas pelo padre. Foi entregue a ele como presente de uma fiel da paróquia.
O vigário não reconheceu Patrocínio como filho, mas permitiu que crescesse como liberto.