Foi aprovado na Câmara dos Deputados o PL 9622/2018, que obriga clubes que recebem recursos de bancos e instituições públicas a adotar medidas de proteção de jovens atletas contra a violência sexual.
Segue o fio para entender a importância da nova lei 🧶
O projeto de lei, de autoria da deputada @erikakokay, foi motivado por esta reportagem, que denunciou o descaso da CBF em relação a vários de casos de abuso sexual de crianças e adolescentes em escolinhas e categorias de base.
A CBF sempre foi resistente em apurar, punir e prevenir a violência sexual no futebol. Em 2014, seus ex-presidentes, Marin e Del Nero, chegaram a assinar um pacto com o Congresso Nacional se comprometendo a tomar medidas. Que nunca foram cumpridas…
Abusos sexuais ainda são muito comuns em centros de formação de atletas, não só no futebol. Por muitos anos, o esporte brasileiro fechou os olhos pra essa realidade, mesmo com centenas de denúncias de assédio, estupro e maus tratos de jovens atletas.
Caso a lei entre em vigor, clubes ou quaisquer instituições esportivas que queiram receber verbas e patrocínios públicos precisarão adotar um protocolo de prevenção à violência sexual na base. Se a CBF lava as mãos, cabe ao Estado cumprir seu papel.
É uma medida que ataca a parte sensível da engrenagem, ainda mais em tempos de clube-empresa e de um sistema esportivo historicamente dependente de recursos públicos: receita, poder de investimento. Quem descumprir, perde dinheiro. Simples.
A proposta agora será encaminhada ao Senado e depois à sanção presidencial. Sigamos atentos e vigilantes, pois o lobby dos cartolas é pesado em Brasília. Pra se ter ideia, o projeto demorou QUATRO ANOS para ser aprovado.
Todos devemos lutar por um processo de formação de atletas mais humanizado, que, acima de lucro e resultado, proteja crianças de todo tipo de violência. O jogo não está ganho. Porém, é tempo de celebrar essa vitória parcial para o esporte.
Nunca foi fácil cobrir e pautar a violência sexual no noticiário do futebol. Há resistência de vários lados, sobretudo num meio acostumado a blindar abusadores. Mas acredito cada vez mais que o jornalismo pode ser protagonista de mudanças e avanços no esporte. Vamos por mais! 👊🏽
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Como muitos que me acompanham já sabem, há algum tempo cubro casos de violência sexual no futebol. Um problema grave que persiste ano após ano em clubes e escolinhas.
Se você tem filho ou conhece crianças que sonham virar jogador(a), segue o fio para entender como evitar abusos.
Em 2019, foram 18 ocorrências de abuso relacionadas ao futebol. O levantamento se baseia em processos e registros policiais (média de 20 casos/ano). Essa amostragem está longe de retratar a dimensão dos danos, pois apenas 7% das agressões sexuais contra crianças são denunciadas.
O assunto tem sido mais discutido que há uma década, quando comecei a apurar essas histórias. A última temporada de Malhação, por exemplo, alertou sobre o assédio a jovens atletas em divisões de base, mas, dentro dos clubes, o tabu ainda é enorme. brasil.elpais.com/brasil/2019/03…