Bolsonaro, o Jair, visitou o presidente da Hungria, de extrema-direita. Deu tapinha na barriga do "companheiro" e disse que têm muito em comum. Isso já sabemos. Vale a pena um fio sobre o que é a extrema-direita mundial. Lá vai:
1) Na Europa, a extrema-direita se organiza em partidos que tomam entre 13% e 26% das cadeiras do parlamento nacional dos seus países. Como se percebe nos mapas abaixo, formam um cinturão europeia e já se pode falar numa rede continental que o Jair tenta se vincular.
2) Na América Latina, não há tal organização, mas há governos ultraconservadores e há think tanks e organizações que movimentam corações e mentes nesta direção. No mapa, é perceptível o papel do Brasil e o peso do governo de extrema-direita de Bolsonaro, o Jair.
3) Qual o tamanho da extrema-direita brasileira e como ela se organiza? Segundo dados de pesquisas recentes, são 20 milhões a 30 milhões de brasileiros que destilam valores de extrema-direita. Não se trata de disseminar valores conservadores, mas reacionários.
4) Conservador aceita mudanças, desde que lentas. Sua máxima é: "não alterar aquilo que já foi provado pela história". A velocidade, para um conservador, é irracional. A violência, idem.
5) Reacionário reage, sua reação é sistemática e se baseia numa idealização de momentos históricos e valorização de uma ordem social imposta pela força e ameaça. Todo reacionário se opõe tanto do conservador quanto do revolucionário.
6) Então, estamos falando de ao redor de 1 milhão de reacionários fanáticos em cada Estado brasileiro que agitam assim que são acionados por discursos irracionais. Discursos cujo objetivo é promover excitação e ódio.
7) O Brasil está vivenciando organizações que promovem este fanatismo reacionário. São mais de 500 células neonazistas no Brasil. Temos ações doutrinárias em 200 favelas a partir das peças do Brasil Paralelo. Eduardo Bolsonaro criou o Instituto Liberal-Conservador.
8) Temos um movimento em curso que ainda não se consolidou numa organização política nacional ou mesmo num partido político. Mas, já temos núcleos nazistas e think tanks voltados para a disseminação de valores de extrema-direita.
9) A viagem de Bolsonaro para a Hungria deve ser entendida por este prisma. Não envolveu agenda econômica, mas ideológica. E procura fortalecer as pontes entre lideranças de extrema-direita. Desde 2004, Bolsonaro, o Jair. tentava algo do gênero. Agora, deu um passo. (FIM)
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Bom dia. Posto um fio sobre a caracterização do bolsonarismo como ideário fascista, subversivo à Ordem Democrática e que deve ser colocado na ilegalidade. Vou me basear no livro que publiquei sobre o fascismo brasileiro. Lá vai:
1) Com o indiciamento de Jair Bolsonaro e 25 militares, sendo 24 do Exército (8 generais, 6 tenentes-coronéis, 7 coronéis, 1 capitão, 1 subtenente e 2 majores) na trama do golpe de Estado, o cenário de risco e a fonte de ameaça à democracia brasileira já está nítido.
2) Os líderes do bolsonarismo se autodeclaram de direita. A direita sustenta que a espécie humana possui distinções comportamentais: alguns são mais esforçados que outros; alguns mais inteligentes ou mais ambiciosos ou mais bem preparados.
Bom dia. Comprei o livro de Byung-Chul Han sobre o conceito de esperança num mundo de multicrise (o palavrão é dele). Vou comentar brevemente num fio. Lá vai:
1) Byung-Chul Han é possivelmente o filósofo mais profícuo do mundo. Não consigo nem acompanhar a produção dele. Acreditei que o seu livro “O Espírito da Esperança” seria o último, mas o livreiro me alertou que era o penúltimo. Mas, isso pouco importa.
2) O que importa é que “O Espírito da Esperança” debulha o trigo que Paulo Freire plantou. Esperançar se tornou o verbo mais citado por educadores brasileiros. Freire empregou a palavra para chamar para a ação.
Bom dia. As eleições municipais que acabaram ontem completaram o círculo vicioso do baixo clero. Este é o fio de hoje. Vamos a ele:
1) As eleições de 2024 foram uma volta ao passado político do Brasil. Uma enorme derrota para a esquerda, mas também uma quebra nas expectativas inflamadas da extrema-direita.
2) Não ter a polarização recente como vitoriosa não significou a vitória da tal terceira via, um modelito repaginado do liberalismo sem sentido em nosso país. Não há espaço para liberalismo no mais desigual dos 10 mais ricos do planeta.
Mais uma vez, me assusto com o envelhecimento do PT. Embora tenha eleito jovens para Câmaras Municipais, o comando e a base do partido envelhecem rapidamente. Vamos aos dados:
1) Segundo dados do TSE de 2022, homens de meia idade são o principal perfil dos filiados a partidos. O PT não foge à regra: 19% dos filiados são homens de 45 a 59 anos de idade, índice similar ao do PCdoB. O índice cai para 14% no caso do PSOL. PSTU vai a 24%
2) Mulheres de 18 a 24 anos não chegam a 1% dos filiados do PT. Já os homens nesta faixa etária não perfazem mais que 0,5% dos filiados petistas. Quase 42% dos homens filiados petistas têm entre 35 a 69 anos (17% dos filiados homens têm de 60 a 74 anos).
Bom dia. Enquanto o mundo continua existindo por aqui, cumpro minha promessa e posto o fio sobre Darcy Ribeiro e suas propostas para a educação brasileira. Lá vai:
1) Darcy Ribeiro, sociólogo e antropólogo, foi defensor da escola pública e da educação integral. Costumava dizer que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”, referindo-se às estruturas sociais segregacionistas presentes no Brasil
2) Sua concepção também foi influenciada pelo movimento Escola Nova, assim como Anísio Teixeira. A idealização dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS), a partir da experiência da Escola Parque, vem desta filiação.
Bom dia. Ontem, perguntei aqui se deveria continuar os fios sobre educadores e, se sim, quais. Vários sugeriram fazer um mix de teóricos. Então, farei um fio sobre Anísio Teixeira e, mais adiante, sobre Darcy Ribeiro e outros. Começando agora.
1) Anísio Teixeira foi o educador com maior influência política no Brasil. Tanto que seu nome está inscrito no mais importante instituto que realiza exames educacionais, o INEP.
2) O educador baiano seguia o liberal igualitarista John Dewey, pedagogo dos EUA que defendia a democracia e a liberdade de pensamento como elementos para a maturação emocional e intelectual das crianças. Dewey imaginava a educação como base central da formação do cidadão.