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Mar 9, 2022 23 tweets 9 min read Read on X
Quase todos os registros fotográficos de membros das forças militares ucranianas são acompanhados de símbolos (neo)nazistas nas fardas e patches. E a imprensa, ao invés de esclarecer o significado desses símbolos, tem ajudado a naturalizá-los e associá-los a valores positivos.

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O emblema do Batalhão de Azov é o mais recorrente. O Batalhão de Azov é uma organização paramilitar neonazista fundada em 2014, com financiamento e treinamento da CIA, responsável por diversos crimes de guerra e massacres cometidos contra as minorias russas de Donbass.

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O emblema do Batalhão de Azov consiste em um wolfsangel invertido. Wolfsangel é um símbolo heráldico alemão de inspiração viking que foi adotado como primeiro símbolo do Partido Nazista da Alemanha.

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Mesmo após a adoção da suástica como símbolo oficial do Partido Nazista, o wolfsangel seguiu como emblema de diversas divisões blindadas e de infantaria da SS, organização paramilitar nazista que conduziu a matança de milhões de pessoas na Segunda Guerra.

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O símbolo foi adotado por organizações nazistas da Alemanha e de outros países europeus, incluindo o Movimento Nacional Socialista dos Países Baixos e a Guarda Valona da Bélgica. Na Ucrânia, foi também usado pelo Svoboda, antigo Partido Nacional-Socialista Ucraniano.

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Outros símbolo que tem sido visto com frequência nas fardas dos militares ucranianos é o Sol Negro.

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O símbolo consiste em uma roda solar formada por runas radiais. O Sol Negro decorava o piso do Castelo de Wewelsburg, que Heinrich Himmler, proeminente líder nazista e comandante da SS e da Gestapo, reservou para uso das organizações paramilitares nazistas.

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O Sol Negro é um dos principais elementos do misticismo nazista, considerado signo da energia mística que renovaria a raça ariana. Após a queda da Alemanha nazista, o Sol Negro foi adotado como um substituto da suástica por sugestão de Wilhelm Landig, ex-oficial da SS.

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O Sol Negro serve de símbolo a diversas organizações e milícias neonazistas atuais, incluindo o Antipodean Resistance e membros do movimento Unite the Right - não apenas pelas ligações com o ocultismo nazista, mas também por lembrar a forma de três suásticas sobrepostas.

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O emblema estampado na bandeira do Batalhão de Azov combina os dois símbolos nazistas - Wolfsangel e Sol Negro - e o brasão de armas da Ucrânia.

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O brasão de armas da Ucrânia se assemelha a um outro símbolo que tem sido bastante difundido pela imprensa, onde a haste central do tridente é substituída por uma espada. Trata-se do emblema da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN).

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A OUN era uma organização fascista liderada por Stepan Bandera que colaborou com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi responsável por realizar os pogroms que exterminaram 15 mil judeus em Lviv e conduziu o massacre de 100 mil poloneses na Galícia e em Volínia.

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O emblema da OUN foi adotado como símbolo pela organização neonazista Pravyi Sektor (Setor Direito), apontada como principal responsável pelo assassinato de dezenas de manifestantes. A onda de violência serviu de justificativa ao golpe de 2014 e à queda de Yanukovich.

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Outro símbolo bastante presente em patches, tatuagens e bandeiras é o emblema e a bandeira da OUN-B - facção radicalizada da OUN que tentou proclamar a fundação de um estado ucraniano vassalo da Alemanha nazista em Lviv em 1941.

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A insígnia do Leão Russiano também é um símbolo bastante presente em patches e nas manifestações da extrema-direita ucraniana. A insígnia servia de símbolo à 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen SS Galizien - a infame Divisão Galícia.

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A Divisão Galícia era uma divisão de infantaria subordinada à SS, chefiada por oficiais nazistas e composta por voluntários ucranianos simpatizantes do ideário nazista.

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A Divisão Galícia atuou em diversas ofensivas organizadas pelo Terceiro Reich e foi responsável por diversos massacres e crimes de guerra, sobretudo contra as comunidades polonesas e judaicas do oeste ucraniano - nomeadamente os massacres de Pidkamin e Palikrowy.

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Há inúmeros registros de soldados ucranianos utilizando o símbolo de um escudo preto com uma caveira sobre ossos cruzados. É outro símbolo nazista, conhecido como "totenkopf".

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O totenkopf era utilizado pela Stabswache, a guarda pessoal de Adolf Hitler, que viria a ser enormemente expandida até se converter na gigantesca organização paramilitar Schutzstaffel (SS). A insígnia seguiu sendo utilizada, adotada como elemento decorativo dos quepes da SS.

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Diversas organizações nazistas adotaram o uso do totenkopf, incluindo as unidades militar Panzer do Exército e da Luftwaffe, as tropas de elite da Fallschirm-Panzer-Division, o esquadrão de bombardeio Kampfgeschwader e a 3ª Divisão SS Totenkopf da Waffen-SS.

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Combatentes ucranianos também tem ostentado brevês decorados com representações da runa odal (ou runa othala), um símbolo derivado da língua protonórdica.

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A runa odala era o símbolo do Departamento Central de Raça e Colonização da SS. Também serviu de insígnia para a Divisão de Montanha da SS Prinz Eugen na Croácia e substituiu a suástica como emblema de diversas organizações nazistas após a Segunda Guerra.

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A runa odal nazista diferencia-se da runa tradicional por possuir serifas (pés). Há registros do uso de ambas por grupos de extrema-direita, mas a versão com serifas foi criada para ser um emblema de organizações do Partido Nazista alemão.

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Dec 4
Há 66 anos, o general Lott esmagava a Revolta de Aragarças, levante golpista contra o governo de Juscelino Kubitschek. A revolta foi conduzida por militares que já tinham tentado um golpe 3 anos antes, mas receberam anistia. Leia no @operamundi

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A abdicação de Pedro I em 1831 marcou o início de um dos períodos mais turbulentos da história do Brasil. O herdeiro do trono, Pedro II, tinha apenas 5 anos de idade. Assim, de 1831 até 1840, o país seria governado por regentes escolhidos pelo Parlamento.

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Assim, o Brasil seria um dos primeiros países do continente a construir ferrovias e telégrafos, mas também o último a abolir a escravidão. Dentre os projetos de "modernização" estava adoção do sistema métrico decimal — sistema de medidas que surgira na França no século 18.

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Oct 21
Está avançando na Assembleia Legislativa de São Paulo o PL 49/2025, oriundo da base de apoio do governador Tarcísio de Freitas, que prevê a extinção da FURP — a Fundação para o Remédio Popular, laboratório público que que produz medicamentos de baixo custo para o SUS.

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O governo Tarcísio alega que os resultados financeiros negativos da fundação justificariam o seu fim. O projeto de lei prevê a autorização para vender os edifícios, terrenos e ativos da FURP nas cidades de Guarulhos e Américo Brasiliense.

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As instalações da FURP — sobretudo a unidade de Guarulhos — são há muito tempo cobiçadas pelo mercado imobiliário. O terreno de Guarulhos tem 192.000 m² e está estrategicamente localizado próximo à Via Dutra e à futura estação do Metrô.

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