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Mar 12, 2022 14 tweets 5 min read Read on X
Lápides com nomes de estadunidenses que morreram em decorrência de diabetes não tratada são posicionadas nos jardins do Capitólio de Utah, durante um protesto de pacientes dependentes de insulina. A maioria eram jovens na casa dos 20 anos. Salt Lake City, setembro de 2019.

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A incidência de diabetes na população dos EUA é considerada epidêmica, atingindo 24 milhões de pessoas (8% da população). Desse total, 1,2 milhão são portadores de diabetes tipo 1 - doença crônica autoimune que só pode ser controlada por injeções diárias de insulina.

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Apesar disso, um em cada quatro estadunidenses diagnosticados com diabetes não tem acesso a nenhum tipo de tratamento. Isso porque a lógica do lucro que pauta o sistema de saúde dos EUA obriga os diabéticos a optarem pela ruína financeira ou pela morte.

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A maior economia do mundo é também um dos raros países do continente americano que não oferecem tratamento médico gratuito para diabéticos em seus sistemas públicos de saúde, ao lado de nações como Haiti e Suriname.

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Grande parte dos estadunidenses encontram-se em um limbo assistencial. Ao mesmo tempo em que não têm renda suficiente para contratar planos de saúde particulares, também não preenchem requisitos para se enquadrarem nos programas governamentais de subsídio de medicamentos.

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Assim, precisam arcar por conta própria com o custo do tratamento de diabetes, que pode ultrapassar os 1.300 dólares por mês (quase 7.000 reais mensais).

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Não existe insulina genérica nos Estados Unidos - e o governo não tem qualquer política de intervenção junto aos laboratórios privados para impedir preços abusivos. As grandes farmacêuticas são livres para explorar as margens de lucro que acharem mais adequadas.

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Um frasco com 10 ml de insulina, fabricado a um custo médio de 5 dólares, é vendido em média por 300 dólares nos Estados Unidos. O preço do medicamento triplicou em uma década. No acumulado de 20 anos, o aumento foi de quase 700%.

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Os preços praticados tornam a insulina inacessível até mesmo para parte da classe média. Com isso, os estadunidenses não conseguem manter tratamentos adequados. Os que moram próximos às fronteiras viajam para o México ou para o Canadá em busca de insulina acessível.

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Alguns racionam o uso da insulina, tomando menos doses do que o mínimo recomendado, enquanto outros se arriscam comprando medicamentos mais baratos de origem duvidosa, fabricados clandestinamente.

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Os mais pobres, entretanto, não tem outra opção além de não se tratarem - e morrerem cedo.

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Dicas de leitura: "Como a insulina se tornou inacessível nos EUA", artigo de Drew Pendergrass publicado no Harvard Political Review e traduzido pelo site Que Isso Camarada:

queissocamarada.com/loja/politica/…
"Custo faz jovens racionarem insulina nos EUA; por que remédio lá é caro?". Reportagem de Tatiane Pronin publicada no no VivaBem

uol.com.br/vivabem/notici…
"The High Cost of Insulin in the United States: An Urgent Call to Action". Artigo de S. Vincent Rajkumar.

mayoclinicproceedings.org/article/S0025-…

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Feb 2
O bairro do Bixiga, em São Paulo, abriga uma casa centenária com fama de mal assombrada. Trata-se da residência de Sebastiana de Melo Freire, a Dona Yayá. Uma mulher muito rica, com uma história trágica — e que viveu até a sua morte como prisioneira da própria casa...

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Manuel ocupou por três vezes o cargo de deputado na Assembleia Provincial de São Paulo e foi senador do Congresso Legislativo paulista.
Apesar da origem privilegiada, a vida de Yayá foi marcada desde a infância por uma série de tragédias e vicissitudes.

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Estudante aplicado, Robeson recebeu uma bolsa de estudos do Rutgers College, tornando-se um dos primeiros negros a ingressar na instituição. Dedicou-se paralelamente à carreira esportiva, distinguindo-se como jogador de futebol americano.

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Jan 23
Que Hitler era um pintor frustrado, todos sabem. Mas você sabe onde foram parar as obras que ele pintou? Ou o que aconteceu com todas aquelas obras glorificando o nazismo produzidas pelos artistas do 3º Reich?
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O Centro de História Militar do Exército dos Estados Unidos, localizado em Fort Belvoir, na Virgínia, possui a maior coleção de arte nazista do mundo. São milhares de itens, cuidadosamente conservados na reserva técnica da instituição.

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