Socialmente, a dedicação e o esforço são mecanismos muito valorizados. A sociedade entende a importância de desenvolver estes valores e acredita que os mesmos devem ser incentivados desde a infância.
Contudo, quando falamos em superdotação e outras neurodivergências isto pode apontar para um dos erros sociais mais comuns: focar nos resultados e não no processo, como medida para avaliar a dedicação.
Isto porque a dialética entre esforço e resultados pode ser totalmente contraditória.
Quando falamos da dialética entre esforço e resultados, muitas vezes pode-se erroneamente entender que os resultados refletem a dedicação, mas isto não é correto.
Em crianças TDAH e DEAs, por exemplo, o equívoco está em achar que notas escolares abaixo da média significam que o aluno não se esforça o suficiente; por outro lado, pessoas AHSD podem ter resultados (muito) satisfatórios com pouco ou nenhum esforço, já que sua capacidade de…
…aprendizagem é alta.
Se falamos de pessoas com altas habilidades acadêmicas e/ou intelectuais, a discrepância entre dedicação e notas é ainda mais perceptível.
Isto não significa que pessoas AHSD sempre terão boas/ótimas notas, apenas que suas notas não refletem necessariamente seu esforço.
Se, quando criança, a família e a escola não percebem isso, o indivíduo pode crescer sem entender o valor do esforço e abandonar qualquer tarefa que demande perseverança.
Por exemplo, eu tinha sempre notas máximas em matemática mas não consigo até hoje entender o conceito de estudar para provas. Até mesmo a "tarefa de casa" fazia só com uma leitura dinâmica e já sabia o resultado, sem calculadora ou sem a necessidadede escrever os cálculos.
Nunca estudei, me entendiava em ter que rever conteúdos mais de uma vez; minhas notas não refletiam meu esforço que era mínimo, quase inexistente.
O que fazer então? Concentrar-se no processo, valorizar o caminho e não os resultados.
Isto serve não apenas para crianças superdotadas, mas o ponto deste post é chamar atenção para um dos problemas mais comuns em pessoas AHSD (que pode ser potencializado pela dupla excepcionalidade, especialmente com TDAH): manutenção do tempo de atividade e dedicação e abandono..
...das atividades que necessitam perseverança.
O problema maior não está na infância e, sim, na vida adulta, onde estes indivíduos precisaram manter-se em atividades que demandam tempo e dedicação, muitas vezes tendo de executar tarefas repetitivas e...
...sem a estimulação necessária para seus cérebros. A vida labural ou as demais tarefas da vida adulta e cotidiana se tornam um desafio muitas vezes insuperável/insuportável. Daí a importância de desde a primeira infância valorizar e incentivar o esforço.
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Existe uma antiga lenda celta que diz que quando as fadas visitavam o mundo dos humanos, trocavam seus filhos pelos filhos destes, levando as crianças humanas ao seu mundo.
As crianças fadas tinham dificuldades de se adaptarem ao novo mundo e muitas vezes ficavam presas entre os dois.
Ficar perdido neste meio, dificultava sua comunicação com os humanos.
Algumas até conseguiam falar; outras apenas repetiam o que lhes diziam, como se fossem o reflexo de um espelho mágico; haviam também aquelas que falavam uma língua inteligível pelos humanos, provavelmente, o idioma das fadas; e existiam também as que não soltavam um único som.