Encerrado o 1o dia de julgamento do #PacoteVerdenoSTF. Hoje entraram na pauta 2 das 7 ações, a ADPF 760 e a ADO 54, que a Min. Carmen Lúcia optou por julgar em conjunto dada a conexão entre elas. Seguem os destaques de hoje: 🧵
1. A fala de abertura da Min. Carmen Lúcia foi impactante e poderosa. Ela estabeleceu uma relação entre o processo de degradação ambiental com a corrosão das instituições, a qual chamou de "cupinização da democracia". Uma expressão que já entrou para a história +
2. A ministra traçou um paralelo entre o "ponto de não retorno" da floresta amazônica com um "ponto de não retorno" da democracia. A democracia ambiental ganhou vida e cor nas palavras da ministra e relatora das ações +
3. A ministra mostrou que vê as ações em toda sua complexidade: não se trata apenas de decidir sobre o meio ambiente, mas sobre a vida e outros direitos. Não se trata de uma questão nacional, mas global, dada a dimensão climática inerente ao desmatamento na Amazônia +
4. Dentre as sustentações orais dos partidos, o PV abriu lembrando que o mundo está olhando para o Brasil neste momento. A Rede trouxe o histórico do PPCDAm e pugnou por políticas baseadas em dados. O PT fez uma ótima exposição sobre o enfraquecimento dos órgãos e instituições +
5. Sandra Cureau, representante da Rede na qualidade de amicus curiae na ADO 59 e ONGs na ADPF 760, resgatou o histórico do arcabouço ambiental do Brasil e afirmou, com base em pesquisas, que é impossível atingirmos a nossa meta climática com as atuais políticas e práticas +
6. O PSB afirmou que a região amazônica tem seus direitos violados e, por meio de dados, como diminuição do orçamento e inexecução dos recursos, mostrou como o sistema de proteção ambiental brasileiro está sendo desmantelado +
7. A AGU alegou preliminares para buscar afastar a jurisdição da Corte e reconheceu a importância da Amazônia e do meio ambiente, mas fez uma defesa genérica das ações do governo na área ambiental +
8. Nas sustentações orais dos "amigos da Corte", @mauricio_guetta, do @socioambiental fez uma apresentação exemplar e contudente, com dados sobre a paralisia das autuações, embargos e outras medidas de fiscalização ambiental diante de níveis crescentes de desmatamento +
9. O advogado indígena @luizeloyterena - bastante conhecido da Corte por sua atuação brilhante em outras ações constitucionais - ressaltou o papel dos povos indígenas na preservação da floresta e o perigo iminente do "tipping point" da Amazônia para os povos isolados +
10. Pela @conectas, Gabriel Sampaio fez uma fala com bastantes referências a instrumentos internacionais de clima e direitos humanos e a personalidades que deram suas vidas pela causa ambiental e dos DH, como Dorothy Stang e Chico Mendes +
11. O advogado Rafael Echeverría, representando a Terrazul, deu um recado preciso para a Corte: o mundo - e a ONU - estão olhando o julgamento e não temos mais tempo. O futuro chegou e o STF precisa dar uma resposta às ameaças à humanidade. FIM.

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Mar 30
Quer entender o que está em jogo no julgamento histórico que se inicia hoje no @STF_oficial sobre sete ações ambientais e climáticas? Segue o fio com uma curadoria das melhores análises sobre as ações e seus potenciais impactos e repercussões.🧵
Para começar, hoje a Renata Lo Prete (@renataloprete) entrevistou o Maurício Guetta (@mauricio_guetta) em seu podcast O Assunto. Maurício destacou que as ações dizem respeito ao futuro da humanidade e que em outros países alteraram políticas públicas:

g1.globo.com/podcast/o-assu…
A professora de direito ambiental da USP, Ana Nusdeo, destacou a importância histórica dos tribunais superiores na evolução da proteção ambiental no Brasil. Ela contextualizou as ações frente aos métodos da "política antiambiental" do governo:

politica.estadao.com.br/blogs/fausto-m…
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Dec 9, 2020
A ousada jogada diplomática do Salles nas negociações climáticas internacionais, a ambiguidade do compromisso que o Brasil anunciou no Acordo de Paris e o perigoso precedente criado. Fio: 👇🪡🧵
Após lacônico anúncio ontem, o gov. brasileiro formalizou hoje na ONU o novo compromisso do país para o objetivo do Acordo de Paris sobre mudança do clima. Às pressas, o anúncio tenta viabilizar a participação do país na Cúpula da Ambição Climática deste sábado./1
O destaque nos jornais é a "meta indicativa" de neutralidade climática até 2060. É a primeira vez que o Brasil assume um compromisso dessa natureza. À primeira vista, parece positiva, mas o diabo mora nos detalhes./2
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Dec 8, 2020
Anunciada agora há pouco a nova contribuição brasileira ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Resumo: 1) Neutralidade de emissões até 2060; 2) Pode ser antecipada se Brasil receber US$ 10 bi/ano, 3) Sem clareza sobre a meta já existente para 2030 (43% de redução).
Rápida análise:
1. Neutralidade climática em 2060 equipara o Brasil a um outro player importante: China.
2. Se Brasil quer $ para antecipar meta, contraditório prescindir do Fundo Amazônia. Tb vai ter que ter postura construtiva nas negociações sobre mercados de carbono.
3. Veremos amanhã com o texto, mas nada foi dito sobre o atual compromisso de reduzir as emissões em 37% até 2025 e 43% até 2030. Essas metas devem ser progressivas, conforme o Acordo.
4. A ver se o compromisso de neutralidade das emissões até 2060 passa a ser parte da NDC.
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Aug 8, 2020
Pode o PayPal excluir a conta de Olavo de Carvalho? Uma análise à luz dos parâmetros da ONU sobre os deveres das empresas em relação aos direitos humanos. Vamos explorar obrigações positivas, negativas, cumplicidade e outros conceitos. 👇🧵 (@thiamparo)

noticias.uol.com.br/politica/ultim…
De acordo com princípios aprovados pela ONU em 2011, empresas têm o dever de pelo menos "não violar" direitos humanos. Essa obrigação das empresas é, de certa forma, "menor" que a do Estado, porque este também tem obrigações positivas (como a de implementar políticas públicas) /2
No entanto, "não violar" não significa não fazer nada. Pelo contrário, para não se ver envolvida em uma violação, a empresa deve adotar medidas de diligência em direitos humanos. Essa diligência envolve desde analisar normas aplicáveis a prestar informações públicas. /3
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Aug 3, 2020
A Irlanda se tornou o 2o país da Europa a ter uma ordem judicial, vinda da Suprema Corte, obrigando o governo a rever seus compromissos climáticos. O que foi bom? O que foi ruim? E o que foi pegou mal na decisão? Quais as implicações para o Brasil. Segue o fio! 🪡🧵👇
THE GOOD: Começando, claro, pelo resultado: a Suprema Corte irlandesa entendeu que o Plano de Mitigação do governo era muito "vago e aspiracional". Não trazia, com o detalhamento requerido pela Lei de Ação Climática e Desenvolvimento de Baixo Carbono, medidas concretas. /2
THE GOOD: Mas o melhor da decisão foi a maneira como a corte justificou que esse era um caso 'judicializável'. Apesar de reconhecer que mudanças climáticas envolvem políticas complexas e certa discricionariedade, entendeu-se que o plano não atendia a exigências legais mínimas. /3
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Jul 7, 2020
O @MPF_PGR entrou com ação de improbidade administrativa contra o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A ação de 128 páginas é assinada por 12 Procuradores(as) da República e pede o afastamento cautelar do cargo. O fio resume os fatos e fundamentos da ação 👇 /1
Ato de improbidade é a conduta inadequada de quem ocupa cargo público que resulta em 1. dano ao erário público, 2. enriquecimento ilícito ou 3) quebra do dever de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. Pode ser ação ou omissão, dolosa ou culposa. /2
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