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Apr 3, 2022 8 tweets 2 min read Read on X
1- Vou fixar esse fio sobre chuvas na cidade do Rio, já que a coisa não para. Vivaldo Coaracy - primeiro sujeito que deve ser lido para se estudar a história da cidade - fala do espanto do Padre José de Anchieta com fortes chuvas que alagavam o Rio de Janeiro na década de 1570.
2- Vieira Fazenda, outro clássico, cita uma chuvarada que não saiu da memória da cidade durante muito tempo. Foi durante a invasão dos piratas franceses de Dugay-Trouin, que sequestrou a cidade (sim, a cidade toda) no meio do temporal. Isso foi em 1711.
3- A enchente de 1811 é talvez a mais lendária da cidade. Recebeu até nome: enchente das "Águas do monte". Morreu gente, desabou parte das muralhas da Fortaleza de S. Sebastião. D. João mandou abrirem todas as igrejas para acolher desabrigados. Parte do Morro do Castelo desabou.
4 - Em 1864 os cariocas apelidaram outra enchente: foi a "chuva de pedra", com granizos e os cacetes. A cidade ficou debaixo d´água, casas caíram, igrejas foram destelhadas, bois boiavam. Machado de Assis, nascido em 1839, conta que nunca se esqueceu do dilúvio.
5- Vieira Fazenda cita uma enchente que acabou com uma procissão de quarta-feira de cinzar e destruiu a cidade em 1854. Fala de um dilúvio que em 1897 destruiu uma festa no Itamaraty e arrasou parte do centro.
6- Olavo Bilac fala, daquele jeitão dele, "das ruas transformadas em rios, as praças, mudadas em lagoas, os bondes metamorfoseados em gôndolas, - e homens e cachorros nadando, como peixes, pela vasta extensão das águas derramadas”. Isso foi em 1904, ano da reforma Passos.
7 - Lima Barreto tem talvez a mais famosa crônica sobre enchentes na cidade, de 1915. Lima acusou Pereira Passos diretamente: "O prefeito Passos, que tanto se interessou pelo embelezamento da cidade, descurou completamente de solucionar esse defeito do nosso Rio. "
8 - Em 1906, parte dos morros da Gamboa, Santa Teresa e Santo Antônio foram arrasados pelas águas. O Mangue transbordou. Em 1924, parte do São Carlos veio abaixo. Marques Rebelo citou enchentes bíblicas em suas crônicas.

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Aug 16, 2024
Para quem gosta de Carnaval, um fio sobre a letra do samba da Anitta e parceiros na @gresutijuca :

O samba começa comparando o espelho de Oxum às fontes e nascedouros das águas [orisun] e diz que Orunmilá, guardião dos mitos, registrou a história que será contada: (+)
"Reflete o espelho… Orisun
Nas águas de Oxum
À luz de Orunmilá"

Em seguida, o próprio Logun descreve seu nascimento, a partir do amor entre Oxum e Erinlé:
"Magia que desaguou na ribeira
E fez o caçador se encantar
Sou eu, sou eu
Príncipe nascido desse grande amor... "(+)
Em seguida, Logun se refere a tudo que aprendeu com os demais orixás (Exu, Ogum, Ossain, Ewá, Oyá, Omolu), fortalecendo assim o seu axé. Ressaltando a intensidade de seu temperamento de festa e guerra, ele finalmente brada orgulhoso o seu nome: (+)
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May 24, 2024
SANTA SARA KALI
Hoje, 24 de maio, é dia dela! Santa Sara, segundo a tradição, era egípcia, de Berenice. De pele escura, ficou conhecida como Kali, a negra, expressão de provável origem no sânscrito. (+)
Há duas versões sobre quem ela teria sido: a parteira de Maria no nascimento de Jesus e uma amiga de Maria Madalena que teria testemunhado a Paixão de Cristo e sido lançada ao mar, ao lado de Maria Salomé, Maria Madalena e Maria Jacobina, em um barco sem remo e mantimentos. (+)
À deriva, Sara rezou e prometeu que se elas se salvassem, passaria o resto da vida com a cabeça coberta por um lenço. O barco chegou intacto à costa da França, onde a tradição diz que as mulheres foram salvas e acolhidas por um grupo de ciganos. (+)
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May 22, 2024
Viva Santa Rita de Cássia! Protetora dos doentes, das viúvas, das mães, padroeira das causas impossíveis. Nascida em Roccaporena, Itália, em 1381, e falecida em Cássia, no dia 22 de maio de 1457, ela se chamava Margherita Lotti. (+) 🌹
Santa Rita teve uma vida difícil. Perdeu o marido, assassinado em combate, e os dois filhos, por doenças. Após a morte dos familiares, recolheu-se a um convento, onde viveu quarenta anos praticando a caridade. O milagre da rosa é lindo! Vou contar. (+)
Reza a tradição que pouco antes de morrer, adoecida, Rita foi visitada por um parente que perguntou o que ela desejava ganhar. Rita respondeu que gostaria de receber uma rosa do quintal do visitante. Como era inverno e a neve cobria os jardins, o pedido parecia impossível. (+)
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May 1, 2024
Um testemunho sobre a morte do Ayrton Senna. Não era especialmente ligado em Fórmula 1. Em 1994, comecei a minha carreira como professor. Ayrton morreu em um domingo e, no dia seguinte, fui dar aulas pra garotada. (+)
Até hoje não vivi no magistério nada parecido. A consternação absoluta, o pasmo, a incredulidade da garotada, me deram uma dimensão do que Senna significava que, até então, eu não tinha. Sabia que Ayrton era ídolo, Tinha certa noção. Mas a reação da meninada me comoveu.(+)
Ali eu reparei uma coisa: uma geração de brasileirinhas e brasileirinhos foram apresentados ao irreversível da morte naquele 1/5/1994. Tenho pra mim que a dimensão da morte de Senna ainda não é mensurável para quem a vivenciou na meninice. (+)
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Apr 26, 2024
Já que hoje é sexta, esse fio é pra turma do tambor. Um dos ritmos mais nobres do candomblé é o Igbin; toque dedicado a Oxalufã (do iorubá Orisá Olufon; orixá senhor de Ifón - uma localidade próxima a Oxogbó, na Nigéria). (+)
Oxalufã é a manifestação de Obatalá como o ancião, dotado da sabedoria dos mais velhos, que baila de forma lenta e curvada, apoiado em um bastão, o opaxorô. Seu toque de tambor se caracteriza pela lentidão e, ao mesmo tempo, desenvolvimento contínuo do ritmo. (+)
Igbin, diga-se, é também o caramujo africano que, ao lado do ebô (alimento com milho branco), é a principal oferenda feita a Oxalá. O ritmo do Igbin, portanto, se assemelha ao lento caminhar do caramujo que carrega a própria casa. (+)
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Apr 8, 2024
Sobre o enredo da @gresuviradouro , já que me perguntaram. Malunguinho, é o Rei do Quilombo de Cacutá (PE) e Mestre da Jurema Sagrada O primeiro texto escrito que conheço sobre ele é a descrição que Mário de Andrade no livro "Música de Feitiçaria no Brasil" (+)
Mário descreve Malunguinho como uma entidade terrível, uma espécie de espírito sem luz dado a feitiços. Eu não sei de onde ele tirou isso. Todos os outros registros que conheço se referem a Malunguinho como um mestre benevolente e remediador de mazelas diversas. (+)
Malunguinho foi líder quilombola do século XIX (um personagem histórico que morreu defendendo o Catucá , em 1835) que subverteu a morte e virou um mestre juremeiro e Rei das Matas. Encantou-se defendendo a mata! (+)
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