EXCLUSIVO🧶O FNDE, chefiado por um preposto de Ciro Nogueira, manipula o orçamento para prometer 2 mil novas escolas sem ter dinheiro para isso, driblando a obrigação legal de priorizar a conclusão de mais de 3600 obras paradas. São #escolasfakes@Estadaopolitica.estadao.com.br/noticias/geral…
Faltando R$ 1,7 bilhão para concluir obras paradas, o Fundo celebrou 2 mil Termos de Compromisso em 2021, com valores globais de R$ 6,2 bilhões. Só empenhou R$ 235 milhões, 3,8% do total. Deputados vão às redes dizer que conseguiram milhões para construir escolas.
Apesar da divulgação do deputado Zé Mário (MDB-GO), de que houve R$ 6,9 milhões em “Recurso viabilizado junto ao FNDE”, Morrinhos-GO só obteve de R$ 30 mil de empenho (0,43% do total). “Eu não tenho como iniciar uma obra desse valor”, admitiu o prefeito Joaquim Guilherme (PSDB).
Um dos campeões de propaganda eleitoral com #escolasfakes é Vicentinho Junior, deputado recém-filiado ao Progressistas de Ciro Nogueira e do presidente da Câmara Arthur Lira. Alardeou no Tocantins empenho de R$ 200 milhões. Mas só foram R$ 5,4 milhões, não dá para 1 escola sequer
Ao todo, 560 obras receberam tiveram menos de 1% dos valores totais empenhados em 2021. O governo criou o "restos a empenhar" de R$ 5,9 bilhões. Mas, neste ano, o fundo só tem R$ 114 milhões de recursos próprios. É preciso 50x mais. Sem falar em R$ 1,7 bilhão para obras paradas.
O esquema se assemelha a uma pirâmide, como descrito no gráfico abaixo, presente na reportagem. Poderia chamar também de cheque sem fundo. Leia a reportagem feita por mim e por @andreshalders e @julia_affonso_ no @Estadao de hoje.
As prioridades para realização de novos empreendimentos atendem a critérios políticos, com a necessidade de aprovação de Ciro Nogueira. Arthur Lira também tem influência, pois parte do esquema é abastecido pelo orçamento secreto. O FNDE prioriza redutos do partido deles, o PP.
O esquema de distribuição a conta-gotas de recursos para novas obras soma-se a outros casos de captura da área da educação no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL): lobby dos pastores, pedido de propina em ouro a prefeito, edital com sobrepreço de mais de R$ 500 milhões
FIM
Quem tá na ponta sofre. O prefeito Dr. João Antônio, de Inhumas-GO, esteve em Brasília numa das reuniões no MEC com pastores, o ministro Milton Ribeiro e o presidente do FNDE, Marcelo Ponte. Pediu ajuda para concluir 2 creches e uma escola. Hoje ele diz que ainda não obteve ajuda
A reportagem visitou uma escola inacabada em Inhumas. No local, o mato cresce e urubus fazem ninhos. “Eu pedi a todos os deputados, solicitei a senadores, procurei o ministro, tentando liberar o mais rápido possível”, lamentou Dr. João. “É muito dinheiro público aqui estragando".
A professora Élida Graziane Pinto (@elida_graziane), da FGV, afirmou que “alocar recursos sabidamente insuficientes para obras novas, quando há um saldo significativo de obras paralisadas, ofende a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei de Diretrizes Orçamentárias”.
O advogado e professor Heleno Taveira Torres (@helenott), titular de Direito Financeiro da Universidade de São Paulo, disse que "os empenhos picados, sem créditos orçamentários, ferem a Lei 4.320. É algo muito grave".
Na quinta-feira, 7, o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete no Senado de Ciro Nogueira, disse na Comissão de Educação do Senado que a prioridade do órgão é terminar obras inacabadas. Por 3 vezes, senadores perguntaram quanto foi investido ano passado. Não disse.
Segundo o Siga Brasil, o FNDE teve R$ 201 milhões para investir em infraestrutura de escolas básicas no ano passado. Mas empenhou cerca de dois terços disso, R$ 131 milhões, para novas obras, o que demonstra o descumprimento da obrigação legal de priorizar as obras paradas.
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1. A apuração começa em dezembro de 2020, quando ouvi relatos de compra de apoio pelo governo para eleger Arthur Lira presidente da Câmara. Foi o marco zero da série de reportagens que culminou na liminar do STF que barrou o esquema.
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2. Como um preâmbulo, o primeiro furo de reportagem veio no fim de janeiro, quando revelamos no @Estadao a liberação de R$ 3 bilhões pelo @mdregional_br, a pedido de 285 deputados e senadores durante a negociação para as eleições do Congresso.
3. Desde então, mergulhei fundo no tema das emendas parlamentares. Em imersão de três meses, procurei dezenas de políticos, conversei com técnicos em orçamento, fiz mais de 30 pedidos de LAI. Escarafunchei os painéis orçamentários e de execução de emendas.