COVID longa: resultados recentes reforçam que sintomas pós-COVID podem ser vistos em jovens (como adolescentes), e em pessoas que não tiveram uma infecção grave/severa.
Nesse fio, vou trazer alguns dados focando em adolescentes e também sobre alterações neurológicas 🧶👇
Já tem um tempinho que fiz um fio falando sobre COVID longa e crianças, reforçando que crianças recuperadas podem apresentar sintomas persistentes ou relacionados a COVID-19. O fio levou em consideração o cenário da variante #Delta
Recentemente, um preprint foi divulgado revisando alguns trabalhos publicados sobre COVID longa em adolescentes. Segundo o trabalho, "um total de 80.071 crianças e adolescentes com COVID-19 foram incluídos", com a prevalência de COVID longa igual a 25,24% medrxiv.org/content/10.110…
Segundo a notícia desse trabalho no @euronews esses "sintomas duraram pelo menos 4 a 12 semanas, ou novos sintomas persistentes que apareceram dentro de 12 semanas." euronews.com/next/2022/03/1…
Segundo esses dados, "as manifestações clínicas mais prevalentes foram sintomas relacionados ao humor (16,50%), fadiga (9,66%), e distúrbios do sono (8,42%)", com um risco maior para dispneia persistente, anosmia/ageusia e/ou febre, comparado com pessoas sem histórico de infecção
Mas o trabalho acima tem *muitas* limitações.
Em outro estudo, com +6 mil adolescentes que tiveram COVID-19, viu-se que "tiveram maiores chances de ter pelo menos um sintoma de COVID longa com duração de pelo menos 2 meses comparado com o grupo controle" thelancet.com/journals/lanch…
Em outra revisão sobre o assunto, os autores observaram uma série de possíveis manifestações relacionadas a COVID longa, que abrangem manifestações psiquiátricas, neurológicas, gastrointestinais, cardiovasculares e pulmonares, por ex. link.springer.com/article/10.100…
Nesse trabalho, os autores destacam que, apesar de não termos visto tantas infecções na população pediátrica em ondas anteriores de COVID-19, "essa nova onda está resultando em um aumento de casos nas populações pediátricas não vacinadas".
Como vimos em muitos achados (acima mencionados e outros que tu podes conferir em bit.ly/fiosmell na seção COVID LONGA), as manifestações neurológicas e psiquiátricas são frequentemente relatadas.
Mas o que pode explicar (parte de) isso?
Estudos com modelos animais tentam buscar essas respostas. Em um estudo recente com primatas não-humanos infectados pelo SARS-CoV-2, "neuroinflamação, micro-hemorragias, hipóxia cerebral e lesão hipóxico-isquêmica foram observadas" nature.com/articles/s4146…
Os autores acharam evidências de degeneração em porções do neurônio, além de apoptose (que pode ser entendida como um mecanismo de morte da célula)
O que mais me chamou a atenção: "isso é observado entre os animais infectados que NÃO DESENVOLVERAM doenças respiratórias graves"
Ou seja, é aquilo que alguns trabalhos estão destacando, em contextos neuropsiquiátricos, mas também em outros contextos: o risco da COVID longa TAMBÉM existe naqueles que se recuperaram de uma infecção leve/moderada, e precisamos ter atenção imensa nisso.
Outro estudo mostra que essa degeneração em porções do neurônio é vista em axônios (ou prolongamentos, importantes para a condução do impulso elétrico para fazer sinapses, p. ex), foi observada em regiões relacionadas ao olfato em pacientes com COVID-19. jamanetwork.com/journals/jaman…
Apesar do estudo contar com uma amostra pequena (23 indivíduos que tiveram infecção pelo SARS-CoV-2), os autores evidenciaram que "tanto as alterações axonais e microvasculares foram piores em pacientes com COVID-19 com alterações olfativas do que naqueles com olfato intacto"
Nas imagens acima, a gente consegue ver áreas bem escuras meio circulares/elipticas, que mostra essa cobertura de mielina nos axônios (em A). Quando a gente vai olhando as figs. B, C e D, a gente vai vendoessa perda dessa cobertura, se intensificando de B para D.
Isso pode gerar prejuízos imensos não só na condução desse estímulo, mas para a própria viabilidade esse neurônio. O sistema nervoso é um tecido muito plástico/remodelável, no entanto, a infecção pelo vírus pode gerar alterações muito sérias e possivelmente duradouras.
Nessa altura de entendimento da pandemia, não deveríamos mais estar subestimando a COVID-19. Outros estudos em outros contextos mostram o risco que recuperados não-hospitalizados podem ter:
Para finalizar, um estudo mostrou que "em comparação com o período de controle, as taxas de incidência aumentaram significativamente:
- 70 dias após a COVID-19 para trombose venosa profunda
- 110 dias para embolia pulmonar
- 60 dias para sangramento" bmj.com/content/bmj/37…
O estudo sugere que "a Covid-19 é um fator de risco para trombose venosa profunda, embolia pulmonar e sangramento." e podem ser importantes para ajudar no cuidado/recomendações após a recuperação desses pacientes
@seleno_glauber tem muito mais propriedade para falar sobre!
Reforço novamente: COVID longa é uma questão muito séria e que pode acometer muitas pessoas, não só aquelas que foram muito acometidas pela infecção, mas também casos mais leves podem ter certas manifestações pós-COVID. Precisamos preparar nosso sistema de saúde para isso.
O Dpto de Saúde de NY🇺🇸 alerta para a circulação da BA.2.12 e BA.2.12.1, sub-linhagens da BA.2 (ainda é Omicron), que corresponde a 80,6% das infecções em NY.
Não há evidências de aumento da gravidade da doença ou um escape maior das vacinas atuais 👇🧶 health.ny.gov/press/releases…
O @todospelasaude mostra que a prevalência de BA.2 especialmente no SE está próxima de 70%. A manutenção da alta transmissão propicia o surgimento de novas sub-linhagens, variantes, e portanto é relevante que a gente siga se cuidando
Para alguns, o tempo parece estar voando. Para outros, não poderia estar passando mais lento. Essa experiência é subjetiva, varia de acordo com o estado do indivíduo e é muito intrigante, "um dos deuses mais lindos" como diria @caetanoveloso
Como o cérebro percebe o tempo 👇🧶
O tempo é precioso para nós, não só pela questão das experiências vividas, mas a compreensão do tempo de cada evento "é fundamental para se mover, falar, determinar a causalidade e decodificar um monte de padrões temporais em nossos receptores sensoriais." jneurosci.org/content/25/45/…
Sendo fundamental para planejamento/compreensão desses eventos e criação de comportamentos, "o cérebro carece de um sistema sensorial dedicado ao tempo de processamento", ao contrário do que vemos para outras dimensões físicas, como a visão nature.com/articles/s4159…
Ter casos de sarampo como estamos vendo, em decorrência das baixas coberturas vacinais, é algo muito triste e frustrante.
Sarampo é uma doença viral com alta transmissibilidade. Há campanhas de vacinação acontecendo, e a adesão é importante 👇🧶 revistagalileu.globo.com/amp/Ciencia/Sa…
Em Porto Alegre, por exemplo, profissionais de saúde podem já se vacinar.
Primeira etapa: de 4 a 30 de abril
Público Alvo: trabalhadores da saúde.
Documento necessário: contracheque ou outro documento que demonstre o vínculo empregatício prefeitura.poa.br/sms/noticias/s…
Segunda etapa: de 2 de maio a 3 de junho
Público alvo: crianças de seis meses a menores de cinco anos (4 anos, 11 meses e 29 dias)
Documentação: apresentação da caderneta de vacinação.
O Comitê de Emergências da OMS ( @WHO) decide em MANTER a Covid-19 como emergência de saúde pública internacional, ou seja, a COVID-19 segue com o status de pandemia.
Segundo @DrTedros "a Covid-19 continua a ter uma evolução imprevisível, agravada pela sua ampla circulação e intensa transmissão em humanos e em outras espécies".
Destaco ainda que, segundo um relatório divulgado recentemente pela @WHO "68 nações com cobertura vacinal abaixo de 40% e 21 países não vacinaram nem 10% da população contra Covid-19". Altas coberturas vacinais são críticas para o manejo da pandemia.
O sistema imunológico é complexo e é muito graças a ele que sobrevivemos a diversas desafios imunológicos ao longo da vida. Mas também temos mecanismos de defesa da própria célula infectada, que pode reconhecer que está infectada e ativar mecanismos para conter a infecção
Segundo a revisão do 1º tuíte, muitos componentes desse sistema de defesa pode ter evoluído de bactérias, que também precisam se defender contra a infecção de certos vírus que infectam bactérias (ex.: fagos). Um dos mecanismos que tem sido muito estudado é o CRISPR-Cas, p. ex.
COVID longa: estudo🇬🇧 com 536 pessoas revela a presença de sintomas pós-COVID em 6 meses, com comprometimentos de um único órgão (59%) e de múltiplos órgãos (23%). Após 1 ano da infecção, esses sintomas persistiram em 59% e 27% dos indivíduos.
Acompanhe 🧶👇
A média de idade dos indivíduos é de 45 anos, com a maior parte dessa população (73%) sendo mulheres, e com 13% de indivíduos que hospitalizaram por COVID-19. Ou seja, há muitos indivíduos aqui que não tiveram uma infecção severa.
Entre os sintomas pós-COVID apresentados no início do estudo (baseline), os sistemos (46%) e cardiopulmonares (44%) foram os mais frequentes. Ainda, falta de ar grave (36%) e disfunção cognitiva (50%) também estavam presentes.