Thread by @tatiroque

Hoje é Dia da Terra, um movimento nos tempos dos direitos civis, da contracultura e das lutas contra a Guerra do Vietnam.

Quase ninguém ligava para questões ambientais. Em 1969, porém, um vazamento gigante de petróleo chocou os EUA, com imagens de animais cobertos de óleo etc

O livro Primavera Silenciosa tinha aparecido anos antes, alertando para o problema dos pesticidas. Outros desastres, como um rio que pegou fogo, ajudaram no clima de comoção. Mas o que pegou mesmo foi a indignação com a barbárie, humana e ambiental, que acontecia no Vietnam

Um senador democrata americano fundou o Dia da Terra em 22 de abril de 1970. Sim, ele deu a ideia. Mas não teria tido a força que teve sem os protestos por direitos civis e contra a guerra. Inclusive, as estratégias usadas na mobilização foram as mesmas e aí que a coisa explodiu.

Foram 250 mil pessoas em NY e 12000 eventos descentralizados Estima-se que 20 milhões de americanos tenham participado. Havia algo no ar. Uma comoção popular que, inclusive, influenciou o desenvolvimento das Ciências do Sistema Terra na NASA. Essa parte eu conto no meu livro.

Esse clima de mudança só fez aumentar nas décadas seguintes, com os resultados científicos sobre o aquecimento global e a criação do IPCC. No fim dos anos 1990 veio o backlash. Estava ficando perigoso pro sistema. O negacionismo climático foi apenas uma das contra-estratégias.

As causas são muitas e complexas. Além da reação milionária das empresas de petróleo, houve certa despolitização da agenda ambiental (também falo disso no meu livro). Claro que o neoliberalismo também contribuiu, mas as lutas ambientais foram marginalizadas pela esquerda.

Talvez agora, quando fica tão nítida a centralidade da agenda antiambiental e negacionista para a extrema-direita, possamos reafirmar que a questão ambiental como pauta da esquerda. Mais do que isso: trata-se do principal caminho para a necessária renovação da esquerda. #EarthDay