Uma análise despretensiosa do banco de dados dos participantes incluídos nas "pesquisas" da proxalutamida conduzidas no Brasil não trouxe impressões nada animadoras, deixando mais óbvio ainda o porquê dessa droga jamais ter sido aprovada pela @anvisa_oficial 🧶...
O que já sabíamos? Violações éticas graves, multiplicação indevida de tamanho amostral, registro retrospectivo ou incompleto da projeto... revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2021/08…
Aqui salientamos a entrada estimada de aproximadamente 58k comprimidos de proxalutamida e/ou placebo no Brasil, os desvios nos TCLEs e a continuação dos estudos no braço "South" após a apresentação dos resultados supostamente muito positivos.
São dois estudos diferentes, portanto, South and North, cujos dados receberam uma licença poética para serem reunidos e analisados como se pertencessem a uma mesma coorte. Deveriam ter sido metanalisados, para início de conversa. Sem mencionar as comparações múltiplas após...
Antes de tudo, é necessário copiar os dados do banco do formato .pdf para .xlxs ou .csv.
De cara, verifica-se que o processo de randomização é bem problemático. Essa disposição praticamente invalida qualquer tentativa de manter sigilo na alocação dos participantes.
Chama a atenção que 73 participantes foram incluídos após 7 dias de hospitalização. O critério de inclusão do estudo previa: "required hospitalization in the past seven days of recruitment".
Baixa qualidade dos dados:
a) participantes #57 e #113 foram avaliados com escore clínico 8 (=morte) no desfecho de 14 dias, mas em seguida como estando vivos em outra coluna específica.
b) participantes 387 e #551 foram avaliados como mortos no dia 14, mas como vivos no dia 28.
Os dados disponibilizados simplesmente não permitem reproduzir a curva de análise de sobrevida tal como foi colocada no artigo, uma vez que só dispõem de dados dos dias 0, 3, 7, 14 e 28. Isso precisaria de correção urgente.
A anonimização dos dados também é frágil, porque são fornecidos muitos dados indiretos (p.ex., data de hospitalização, idade, gênero, desfecho de óbito) que permitem a identificação do participante no seu conjunto. Deveria ser revisto e, por isso, não expus a totalidade aqui.
Em suma, sempre agradeço a deferência dos #proxaboys pelo poder destrutivo a mim atribuído, todavia, os méritos são da própria #FarsaDaProxa em não conseguir o crédito da comunidade científica.
Para mim, o âmbito da discussão não é mais nem científico.
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A responsável pela demissão do autor dos inúmeros estudos fraudulentos (e agora retirados) declarou na postagem anterior: "This is a gross oversight on Cureus part too". retractionwatch.com/2022/03/30/fir…
E, veja bem, a Cureus não se responsabiliza pela verificação das denúncias de más condutas científicas, entendendo que isso é atribuição da Instituição representada pelo autor. cureus.com/author_guide#!…
As diferenças de hospitalizações entre vacinados (2 doses) e não vacinados (1 dose ou menos) são consistentemente apontadas nas mais variadas coortes.
Um pouco vem sendo esquecido: a tão falada “imunidade natural” está deixando (MUITO) a desejar. 🧵
À medida em que os ñ vacinados fossem se infectando, era de se esperar que as diferenças entre hospitalizações e mortes fossem reduzindo, pois haveria proteção da imunidade natural nesse grupo. Não.
Spoiler: a terceira dose torna a diferença ainda mais abissal.
Uma das maiores críticas ao trabalho é a completa falta de transparência sobre como os dados foram obtidos.Existe algum banco de dados detalhado o suficiente no sistema de saúde de Itajaí que consiga contemplar detalhes clínicos de todos os pacientes que adoeceram por covid-19?🧶
Autores mencionam que teriam revisado registros médicos exaustivamente de pelo menos 7345 pacientes - todos com diag de covid-1. Isso seria possível? Itajaí possui um sistema de saúde tão informatizado que interliga dados clínicos mesmo de pacientes atendidos por médico privado?
Sem contar o fato de que não seria possível sequer garantir adesão ao uso de ivermectina, o que fica claro no site da própria Prefeitura. itajai.sc.gov.br/noticia/26084/…
Preocupadíssima com a divulgação "doença mais branda" no que tange à variante Ômicron.
Em sendo tão mais eficiente em transmissibilidade, o sistema de saúde, já cronicamente tensionado, entrará em novo colapso, como já vem acontecendo no hemisfério norte
As filas de espera para cirurgias e consultas com especialistas estão gigantescas. Ainda penamos com o vasto número de doentes crônicos que apresentam descompensações graves por falta de acompanhamento.
E, embora as pessoas possam pensar que "ficou curado da covid-19 ao ter alta hospitalar", a realidade é muito mais cruel. A taxa de readmissão dos sobreviventes é elevadíssima - muitos falecem em hospitalizações subsequentes por complicações das sequelas. ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
1- Ocorre a endocitose do invólucro lipídico que contém a partícula de RNA mensageiro pela célula apresentadora de antígeno (APC). 2- O RNAm escapa do endossomo e é traduzido pelo ribossomo para sintetizar a proteína viral.
3- O recém formado antígeno viral pode ser quebrado em vários fragmentos pelo proteassomo, que são então exibidos na superfície da célula pelo MHC I (complexo principal de histocompatibilidade), estimulando os linfócitos citotóxicos (4).
Quem sabe não nos tornamos mais racionais na solicitação de biomarcadores inflamatórios na UTI? 🧵
A solicitação de um biomarcador deve acompanhar a hipótese diagnóstica de infecção com base em achados clínicos, e não ser utilizada como rastreamento sistemático de infecção. Valores elevados isoladamente não devem ser abordados com ATB empírico. link.springer.com/article/10.100…
Além disso, capacidade de distinguir infecção viral e bacteriana através de um biomarcador é comprometida. Valores elevados de procalcitonina são identificados em pctes críticos por COVID-19, e provavelmente têm implicação prognóstica -mas não diagnóstica