A educação é essencial para mantermos na memória coletiva (de uma sociedade tão numerosa) grandes traumas e problemas que a sociedade vive ao longo da história, traumas que acontecem pulando várias gerações.
Terremotos, guerras, enchentes e pandemias, por exemplo.🧵🧶👇🏻
Acabamos de viver uma pandemia, que só não foi como foram as dos séculos passados devido aos avanços em saúde pública. Porém, mesmo assim, não podemos nos esquecer desse trauma e devemos nos preparar para os próximos e preveni-los. E a #educação formal é central nisso.
Em todas as disciplinas (ou itinerários formativos) esse assunto deve ser tratado com o devido embasamento e seriedade, nos currículos isso deve ficar claro, principalmente no ensino de ciências.
Pois foi graças a ciência que esse trauma não foi pior, mas não apenas a ciência...
Graças a ciência. Mas ñ apenas as ciências biológicas ou da saúde. Graças as ciências sociais e as políticas públicas e até a arte.
Na escola devemos ensinar que ciência de qualidade depende de políticas públicas de qualidade e educação de qualidade, só assim para lidar...
...de maneira mais eficaz com uma pandemia, de maneira sistêmica e preventiva.
Porém, será que isso tem acontecido em nossas escolas? O que parece acontecer em algumas esferas sociais é um estado né inanição e esquecimento, como se tudo aquilo não tivesse acontecido.
Talvez a polarização política agrave a busca da abordagem da pandemia no ensino básico e mesmo no ensino de ciências. Pois afinal, a maneira como esse momento foi politizado pela extrema direita no Brasil impossibilitou ou dificultou muitos espaços educativos bem embasados.
Falar dessa crise deve trazer a tona todos os problemas ambientais e sociais que a causaram e, que foram agravados por ela: desigualdade, pobreza, crise climática, capitalismo, crises econômicas e políticas, dentre outras.
Devemos nos perguntar também, a quem e ao quê interessa que esse assunto seja esquecido. Quais os motivos de (talvez) a educação formal não trabalhar essa crise de maneira profunda?
A quem interessa e quais os motivos de apagar a pandemia da memória coletiva?
Por fim, formar uma memória coletiva exige que o conhecimento sobre a pandemia seja compilado e disponibilizado de alguma forma. Não só conhecimento sobre a pandemia atual, mas sobre as do passado e o que elas nos ensinaram.
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Você já se perguntou: “como seria o mundo se as pessoas soubessem mais sobre o que é a ciência e sobre como ela funciona?”. Essa é uma pergunta eu meu faço desde os meus 10 anos, quando eu descobri esse universo através da série cosmos e dos livros da escola.
Acho que simplesmente saber mais sobre #ciência, seu funcionamento e resultados não é a receita única para um mundo melhor, mas uma parte importante e essencial dessa busca. 👇
Uma thread sobre a valorização de professores e professoras de ciências.
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Ouço muito que "devemos valorizar a educação, a ciência e os professores de ciências". Ok, tudo muito bonito. Mas o que significa VALORIZAR? Como valorizar? Porquê e para quê?
Bora do começo...🧵
Vivemos em uma sociedade profundamente marcada por contradições, dilemas, crises, injustiças e desigualdades. Uma sociedade que tende ao colapso, devido à exploração irracional de pessoas e recursos naturais para o lucro. Quer dizer que precisamos repensar e mudar isso, certo?
Sem dúvida, precisamos repensar e transformar nosso modelo de sociedade e civilização, para um que seja mais justo, equânime e duradouro. E duas ferramentas importantes de transformação são a educação e a ciência. (apesar de elas poderem ser usadas para coisas "ruins" também).
Em geral, heróis são pessoas corajosas, preocupadas com o bem-estar da sociedade, mas também são indivíduos com sérios problemas em sua vida pessoal, perderam os pais, abandonaram seu planeta, foram expulsos de sua terra natal. São também, pessoas que lutam contra dilemas morais.
O que define um herói são as dificuldades que ele enfrenta para "salvar pessoas", e se assim for, professores tem tudo para ser heróis, pois enfrentam as mais diversas e perversas dificuldades e dilemas para formar sujeitos críticos. Por isso, muitos romantizam a profissão.
Além disso, com grandes poderes vem grandes responsabilidades. E talvez, devido a essa visão de professores como heróis, temos uma sociedade que responsabiliza e culpabiliza a classe por todas os problemas da educação, da economia, do trabalho e até da sociedade em sua totalidade
Tem dias que o twitter me deixa ansioso e angustiado. As críticas nessa rede tomam proporções perigosas e fica difícil se orientar diante tantos assuntos dispersos e pessoas sempre querendo ter mais razão que as outras. Até gente que admiro acaba entrando nessa onda...
Os debates sobre ciência e educação que acontecem aqui, muitas vezes me deixam com a sensação que vivemos numa realidade que só existe no twitter, perigosa em vários sentidos. Uma realidade paralela que gera mais discórdia do que mudanças que realmente necessitamos.
Quando fico assim me ausento um pouco. Paro para pensar e me acalmar para não entrar na onda da lacração a todo custo. Como um canal de ciência e educação, acabo abordando aqui temas diversos, mas às vezes fico com medo vendo como alguns "especialistas" fazem críticas tóxicas.
Na transposição do conhecimento científico para uma linguagem popular, simplificações são necessárias.
Porém, algumas simplificações podem ser perigosas e outras até podem ser feitas com certos "objetivos" ocultos. Deixar de lado alguns "poréns" nesse processo é perigoso.👇🏻
Um exemplo interessante de simplificação perigosa é o caso do desenvolvimento de tecnologias de transporte aéreo. Alguns divulgam o desenvolvimento dessas tecnologias (com base em ciência) como se elas trouxessem apenas benefícios para a humanidade. Porém....
Qual o custo ambiental e social disso? A longo e curto prazo? Quem pode voar de avião? Certas contrapartidas são grandes demais para serem ignoradas assim, deliberadamente. Mas um argumento comum é: logo novas tecnologias virão e voar de avião será "sustentável". Será mesmo?
Sei bem que não mudaremos o mundo do dia para a noite.
Porém, ñ devemos abrir mão da busca por lugares em que possamos debater as contradições e dilemas da sociedade atual buscando soluções para a construção de um mundo melhor. A divulgação científica deve ser um desses lugares.
Uma ciência e uma divulgação científica acríticas, neutras, elitistas, que servem meramente a interesses de um mercado -que vem destruindo os ecossistemas- não devem ser estimuladas. Ciência é também ceticismo, curiosidade, criticidade e aceitação da mudança quando necessário.
Uma ciência, um ensino de ciências e uma divulgação científica que não possuem compromisso com a luta por uma sociedade mais justa e uma civilização humana que cuide da manutenção dos ecossistemas não nos interessa. Devemos revirar as bases de certas coisas que achamos "normais".