Thread by @apyus

O encontro aqui no TSE começou há mais ou menos duas horas. Minha desculpa para ter me mantido calado é que Henrique Neves, ex-ministro do TSE, fala tão bem que fiquei mais ocupado com o registro em áudio de tudo.

#JogoLimpo

Isto em breve vai virar um artigo mais profundo sobre o sistema eleitoral. Agora ouvimos Thiago Fini, assessor-chefe da AGEL. Ele está detalhando tipos de fraude que ocorriam antes da urna eletrônica.

Uma fraude mais engenhosa que rolava se chamava "voto de formiguinha". Um primeiro eleitor roubava para si uma cédula sem preenchimento, depositando na urna um papel qualquer. Do lado de fora, um 'coronel' preenchia a cédula, entregava a um outro eleitor, que depositava a...

...a cédula preenchida pelo 'coronel' e surrupiava mais uma cédula em branco. Quando entregava a nova cédula em branco ao 'coronel', recebia um pagamento. Com mais uma cédula em mãos, o 'coronel' preenchia um segundo voto, e assim por diante, até eleger quem lhe interessava.

Agora sou eu perguntando: imagina isso na mão de milicianos?

Uma curiosidade:

Se todos os mesários mobilizados pelo TSE em uma eleição formassem uma nova cidade, nasceria um município mais populoso do que Curitiba, o oitavo mais populoso do país.

Ainda sobre o 'voto de formiguinha': por causa desse tipo de fraude, era comum que sessões inteiras depositassem votos em um único candidato.

Nos anos 1990, no Maranhão, uma recontagem de votos não foi adiante porque as cédulas foram invalidadas por cupins. É um problema contornado com voto eletrônico, explica Júlio Valente, secretário do STI.

Outro ponto destacado por Júlio: os recursos multimídia das urnas eletrônicas permitem a inclusão de vários eleitores que tinham alguma dificuldade para votar, seja porque possuíam alguma deficiência ou mesmo porque não são alfabetizadas.

Júlio também explica que as urnas eletrônicas não foram desenvolvidas na Venezuela, como espalham por aí. Mas por uma iniciativa que envolvia Justiça Eleitoral, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério das Comunicações, INPE, ITA e, atenção, Forças Armadas.

Pois é.

E se o site do TSE for atacado na noite da apuração?

O voto não vai ser consumido por cupins. Pois há cópias do voto na urna, em 5 boletins de urna com QR-Codes (com a apuração feita pela própria urna), em um pendrive e até mesmo na tal sala 'secreta' do TSE.

(Aliás, vamos daqui a pouco conhecer a tal sala secreta. Aguardem fotos.)

Nos testes de segurança de urna, que acontecem em anos ímpares, o TSE convida qualquer brasileiro, independente da formação, para que ataque as urnas com um plano de invasão. O TSE paga até mesmo o deslocamento até Brasília.

Já foram realizados seis eventos do tipo. No maior, vinte seis 'hackers' executaram 29 planos de ataque. Em nenhum evento os hackers conseguiram substituir os votos depositados nas urnas por votos em candidatos de seu interesse.

Por que a urna eletrônica brasileira não é usada em outros países? Júlio explica: porque a urna brasileira foi desenvolvida para as leis brasileiras. E não seria recomendável exportar e adaptar a nossa tecnologia eleitoral para outras nações.

Sim, seguimos no TSE.

Neste vídeo, temos o local ‘secreto’ onde é possível fiscalizar o código fonte das urnas, aquele que as Forças Armadas pediram com urgência, mas está liberado deste outubro de 2021. Inclusive, as Forças Ameadas estão aqui.

E, aqui, a tal sala ‘secreta’ que tem nada de secreta.

Algo importante que Júlio falou. É a sala da totalização, mas os funcionários que lá atuam não fazem a totalização, que é automática. Eles apenas monitoram se o sistema está funcionando corretamente.