Após vários pedidos, darei algumas dicas de leitura para quem quer entender e estudar a China. Sendo assim, selecionei um conjunto de livros (português) de mais fácil acesso. No futuro falaremos de outras obras clássicas em inglês, papers, sites e até filmes.🧵
1. O início, é claro, são os manuais de História da China. Esses dois são bons pontos de partida.
2. Depois, livros para visão de conjunto e sistêmica. Visentini e Arrighi são essenciais.
3. A obra do Kissinger é imprescindível.
4. Losurdo enfrenta como poucos o debate sobre a revolução e a reforma. O livro do Perry Anderson também vale a leitura.
5. Minha tese trata das relações entre China e Rússia no Pós-Guerra Fria sobre diversos ângulos e traça um histórico mais amplo. E o recém lançado tem o último capítulo problematizando se a China é imperialista.
6. Os livros do Elias Jabbour são sempre ótimos materiais. Aqui sua dissertação e sua tese - além de seu mais recente "China: socialismo no século XXI" que só tenho por ebook.
7. Algumas biografias como as do Deng e do Zhou merecem ser lidas.
8. Por fim, mas não menos importante, as publicações com formulações dos líderes (Mao, Zemin e Xi) são imprescindíveis.
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A China tem cumprido um papel absolutamente determinante no combate à desertificação no continente africano. Obviamente que isso passa ao largo da grande mídia e das críticas apressadas. Vamos entender melhor. 🧶🇨🇳
A África é particularmente vulnerável à degradação da terra e à desertificação, sobretudo do Sahel. A própria Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável definiu o tema como prioridade. E a China, com sua experiência doméstica, tem ajudado e muito.
Até o uso de Plataforma de Big Data tem sido utilizadas para auxiliar o "Great Green Wall", uma iniciativa liderada por africanos para restaurar as paisagens degradadas. A inspiração foi o Programa de Conversão de Terras Cultivadas em Florestas da China.
Sempre que se fala das relações Brasil-China e das possíveis obras de infraestrutura (ferrovias), vem a crítica: "ain, só matéria prima, commodities, agro, etc". Acho que esse tema merece algumas notas explicativas. 🧶🇧🇷🇨🇳
Antes de qualquer coisa, óbvio que qualquer país deveria aumentar a complexidade de suas cadeias de valor. Aprofundar a industrialização e o desenvolvimento tecnológico deve ser meta de qualquer projeto de nação. Mas vejamos.
Primeiro, o tal setor agroindustrial, e grande parte voltado ao mercado chinês, é responsável por enormes superávits. Tais divisas são essenciais para adquirir os produtos importados que não produzidos e fechar as contas nacionais.
A mídia nativa é realmente impressionante. Vamos falar um pouco sobre o editorial de O Globo sobre o BRICS que, segundo eles, está se tornando uma coalizão antiocidental. Aqui, se entrelaçam muitas condições. Vamos por partes.🧶
1. Brasileiros e latinos não são considerados ocidentais, pelo menos não são iguais nos EUA e Europa. Não misturem aspiração com realidade. 2. Não ser obediente aos EUA é absolutamente diferente de ser antiocidental. Eita.
3. Países que entraram no grupo, como Egito, EAU e Arábia Saudita têm histórico de aliança, e não rivalidade com EUA. 4. Depois vem a ladainha das democracias ocidentais contra o resto, os impuros. Abobrinha que não dura um capítulo de Contra-história do Liberalismo, de Losurdo.
Dando prosseguimento ao post de ontem, devemos reconhecer que o maior envolvimento do Brasil com a China é irreversível. Portanto, para nosso desenvolvimento, a questão de fundo não é a adesão formal à Nova Rota da Seda. Vai além.🧵🇨🇳🇧🇷
Não resta dúvidas que seguirão aumentando tanto investimentos quanto a demanda por produtos primários brasileiros por parte da China. Assim, o decisivo é extrair das relações com a China meios para alavancar nosso desenvolvimento tecnológico e industrial, precarizado há décadas.
Para tanto, é preciso ter projeto nacional e saber desenhar uma estratégia para lidar com a China. Aliás, caberia extrair, inclusive, lições da experiência de desenvolvimento da China pós-Reformas. Ou seja, utilizar mecanismos similares, adaptados à realidade brasileira.
A visita de Xi ao Brasil e a possível entrada do Brasil na Nova Rota da Seda tem inflamado o debate. Vamos pontuar algumas questões relevantes. 🧵🇨🇳🇧🇷
Os críticos vão dizer que é um alinhamento com potência extrarregional e pode aprofundar a primarização da nossa economia. Os entusiastas acreditam que pode ser a solução para o nosso desenvolvimento.
Em ambos os casos, é comum responsabilizar outro país, no caso a China, por nossos descaminhos. E, claro, acabam por diminuir o elemento central e estruturante: a necessidade de o Brasil forjar um projeto nacional de desenvolvimento. Sem isso, não há saída em nenhum caso.
A crise imobiliária na China deu provas de como opera a relação mercado e Estado no país. Ou seja, mesmo que as construtoras tivessem grandes ativos e protagonismo, o planejamento segue guiando a realidade chinesa. Vejamos o caso da prioridade de imóveis.🧵🇨🇳
Na China, incríveis 90% dos cidadãos são proprietários de suas casas. Isso que disse foi uma pesquisa da revolucionária Universidade de Albany (EUA). Já nos EUA é algo como 65% e na Alemanha 51%. No Brasil, se aproxima a 66%. E a crise imobiliária pouco afetou essa situação.
Aliás, inclusive entre a geração Y, quase 70% dos millennials chineses tinham imóvel. Isso quem disse foi o estudo subversivo do HSBC. O percentual destoa dos demais países, onde essa faixa etária ainda não conseguiu de tornar proprietário da sua própria casa.