Doutor em Ciência Política pela UFRGS. Autor de Imperialismo; China e Rússia no Pós Guerra Fria; e co-autor de Teoria das Relações Internacionais.
Nov 26 • 5 tweets • 2 min read
A China tem cumprido um papel absolutamente determinante no combate à desertificação no continente africano. Obviamente que isso passa ao largo da grande mídia e das críticas apressadas. Vamos entender melhor. 🧶🇨🇳
A África é particularmente vulnerável à degradação da terra e à desertificação, sobretudo do Sahel. A própria Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável definiu o tema como prioridade. E a China, com sua experiência doméstica, tem ajudado e muito.
Nov 25 • 7 tweets • 2 min read
Sempre que se fala das relações Brasil-China e das possíveis obras de infraestrutura (ferrovias), vem a crítica: "ain, só matéria prima, commodities, agro, etc". Acho que esse tema merece algumas notas explicativas. 🧶🇧🇷🇨🇳
Antes de qualquer coisa, óbvio que qualquer país deveria aumentar a complexidade de suas cadeias de valor. Aprofundar a industrialização e o desenvolvimento tecnológico deve ser meta de qualquer projeto de nação. Mas vejamos.
Oct 23 • 6 tweets • 2 min read
A mídia nativa é realmente impressionante. Vamos falar um pouco sobre o editorial de O Globo sobre o BRICS que, segundo eles, está se tornando uma coalizão antiocidental. Aqui, se entrelaçam muitas condições. Vamos por partes.🧶 1. Brasileiros e latinos não são considerados ocidentais, pelo menos não são iguais nos EUA e Europa. Não misturem aspiração com realidade. 2. Não ser obediente aos EUA é absolutamente diferente de ser antiocidental. Eita.
Aug 27 • 4 tweets • 1 min read
Dando prosseguimento ao post de ontem, devemos reconhecer que o maior envolvimento do Brasil com a China é irreversível. Portanto, para nosso desenvolvimento, a questão de fundo não é a adesão formal à Nova Rota da Seda. Vai além.🧵🇨🇳🇧🇷
Não resta dúvidas que seguirão aumentando tanto investimentos quanto a demanda por produtos primários brasileiros por parte da China. Assim, o decisivo é extrair das relações com a China meios para alavancar nosso desenvolvimento tecnológico e industrial, precarizado há décadas.
Aug 26 • 6 tweets • 2 min read
A visita de Xi ao Brasil e a possível entrada do Brasil na Nova Rota da Seda tem inflamado o debate. Vamos pontuar algumas questões relevantes. 🧵🇨🇳🇧🇷
Os críticos vão dizer que é um alinhamento com potência extrarregional e pode aprofundar a primarização da nossa economia. Os entusiastas acreditam que pode ser a solução para o nosso desenvolvimento.
Aug 24 • 5 tweets • 2 min read
A crise imobiliária na China deu provas de como opera a relação mercado e Estado no país. Ou seja, mesmo que as construtoras tivessem grandes ativos e protagonismo, o planejamento segue guiando a realidade chinesa. Vejamos o caso da prioridade de imóveis.🧵🇨🇳
Na China, incríveis 90% dos cidadãos são proprietários de suas casas. Isso que disse foi uma pesquisa da revolucionária Universidade de Albany (EUA). Já nos EUA é algo como 65% e na Alemanha 51%. No Brasil, se aproxima a 66%. E a crise imobiliária pouco afetou essa situação.
Aug 20 • 6 tweets • 2 min read
O Sahel africano tem sido objeto de instabilidade recentemente. Foram sete mudanças de regime em três anos nesses países da África. Se golpes ou mudanças mais profundas, veremos com o tempo. Mas o que isso pode representar para a China?🧵🇨🇳
Antes de qualquer coisa, cabe situar o contexto mais geral. Os países africanos saídos do colonialismo entre os 1950-70 estavam se erguendo. Mas o neoliberalismo dos anos 1990 foi deletério para o continente, num contexto de crise, guerras civis e proliferação de epidemias.
Jul 31 • 4 tweets • 1 min read
Um dos efeitos bumerangues da guerra na Ucrânia, foi sobre o setor de energia. Os mais prejudicados, claro, foram os Europeus. Vejamos o caso da China.🧵🇨🇳🇷🇺
As sanções ocidentais em matéria de energia cindiram a cooperação energética entre a Rússia e a Europa. E empurrou ainda mais a Rússia paramos mercados da Ásia e Sul Global. E isso está alterando o cenário geopolítico e o poder político e econômico internacional.
Jul 19 • 9 tweets • 2 min read
Para fechar essa série sobre a presença da China na África, vamos tratar das diferenças entre neocolonialismo e cooperação Sul-Sul, motivo de muita confusão.🧵🇨🇳
Primeiro, a China não é colonialista porque é absolutamente diferente das potências europeias e dos EUA. O imperialismo implicou todo tipo de pilhagem, agressão, corações, desumanização, racialização, entre outras formas de ingerência e violências.
Jul 15 • 4 tweets • 1 min read
A China investiu mais de US$ 4 bilhões no setor energético da Etiópia entre 2011 e 2018, respondendo por mais de 50% da nova capacidade de geração de energia. "Ain mas é neocolonialismo". Será? 🧵🇨🇳🇪🇹
Lembre-se que atualmente cerca de 620 milhões de africanos, o que equivale a dois terços da população do continente, não têm acesso à eletricidade. Não precisa ser expert para saber que sem acesso à eletricidade, não se faz muita coisa.
Jul 14 • 8 tweets • 2 min read
A China tem sido um dos maiores investidores na África. Muitos resumem tudo à chave explicativa do 'neocolonialismo'. Venha entender os limites dessa narrativa que faz salivar as elites ocidentais que estão vendo o mundo mudar. 🧵🇨🇳
Durante as enchentes no Rio Grande do Sul vi muitos colegas atônitos com a falta de acesso rodoviário à capital e com o dilema da falta de aeroporto. Os mesmos que são contra desenvolvimentismo, construtoras, grandes obras - e, claro, os "interesses escusos" da China no mundo.
Jul 6 • 6 tweets • 2 min read
Seguindo a série de posts sobre obras do Cinturão e Rota (BRI), hoje vamos falar do túnel ferroviário Qamchiq, no Uzbequistão. Um projeto de 19,2 km de extensão e o mais longo da Ásia Central. O que representa esse projeto para a cooperação China-Uzbequistão e para a BRI? 🧵🇨🇳🇺🇿
Antes de qualquer coisa, cabe lembrar que a BRI ou Nova Rota da Seda foi anunciada na Ásia Central (Cazaquistão) em 2013. E desde 2001, a Organização para a Cooperação de Xangai vem intensificando a cooperação regional - esse foi um dos tópicos do meu livro de 2011.
Jul 3 • 4 tweets • 1 min read
A China, que já é o primeiro do ranking na produção mundial agropecuária, está avançando rapidamente. O planejamento e a tecnificação do campo têm sido chaves nesse impulso do país asiático. 🧵🇨🇳
A China tem 7% de terra arável, mas alimenta 22% da população mundial. Um país que lutou contra a pobreza e a subnutrição hoje se torna uma potência agropecuária. O investimento em pesquisa e desenvolvimento agrícola, técnicas avançadas e mecanização têm sido determinantes.
Jul 2 • 4 tweets • 1 min read
Os drones representam uma revolução na agricultura. Nesse setor, a China também tem sido líder na inovação. E estes podem revolucionar a produção no campo. Vejamos. 🧵🇨🇳
Os drones são ferramentas chaves agricultura inteligente e de precisão. Um dos impactos diz respeito à otimização na aplicação de fertilizantes e pesticidas. Pode reduzir a 1/10 do uso convencional, reduzindo custos e eventuais impactos ambientais e sanitários.
Jun 25 • 10 tweets • 2 min read
Em 1980, no início do período de Reformas, a China tinha pouco mais de 2% do PIB mundial em poder de paridade de compra, ante mais de 21% dos EUA. Hoje a China tem 19% e os EUA, 15,5%. O pior, contudo, é a tendência.🧵🇨🇳🇺🇲
Mas hoje vamos falar de dados - e não propriamente desse cenário econômico. Afinal, tão recorrente e clichê quanto perguntar se 'chinês se alimenta de inseto', tem sido tentar desacreditar qualquer pesquisa sobre a China com o argumento de que os 'dados são forjados'.
Jun 16 • 7 tweets • 2 min read
Os EUA estão obcecados em conter a China - e a Rússia. A construção de uma OTAN Asiática ganha, a cada dia, contornos mais claros. O recurso à força e a incapacidade de liderar o desenvolvimento diz muito sobre o atual estágio de poder do hegemon.🧵🇨🇳🇺🇲
A construção da OTAN Asiática tem ganhado forma desde a formação do QUAD em 2007, o diálogo securitário quadrilateral EUA-Japão-Austrália-Índia. Em 2021 foi a vez da criação da AUKUS com o pacto Austrália-Reino Unido-Estados Unidos (AUKUS).
Jun 7 • 6 tweets • 2 min read
A entrevista de Biden para o Time é a expressão máxima do atual quadro político dos EUA. A leitura sobre a China do atual mandatário estadunidense oscila entre a dissonância e as distorções ideológicas mais torpes. Vejamos. 🧵🇨🇳🇺🇲
A carta de sempre é a iminente falência da China, anunciada pela enésima vez. Mas não é só... O presidente Biden falou sobre o que caracterizou como o declínio do poder e da influência global da economia da China.
May 22 • 8 tweets • 2 min read
Sem rodeios, os EUA dizem, no Voice of America, o que está óbvio: objetivo primordial é a contenção da China. Dessa vez, trata-se do JAKUS, ou seja, do fortalecimento da aliança entre o país com Japão e Coreia do Sul. Vamos entender seus objetivos e contextos.🧵🇨🇳🇺🇲
Em agosto de 2023, em Camp David, em Maryland, os três países realizaram o seu primeiro Diálogo Trilateral Indo-Pacífico. O objetivo é expandir a cooperação em segurança para conter a ascensão da China e responder às "ameças"🤡 da Coreia do Norte.
May 16 • 7 tweets • 2 min read
Enquanto o meu estado, o Rio Grande do Sul, enfrenta a maior calamidade de sua história, aflora o debate sobre alternativas para a gestão de extremos climáticos. Nesse contexto, ganhou notoriedade o modelo de Cidade Esponja desenvolvido na China por Kongjian Yu. Vejamos.🧵🇨🇳
O conceito envolve planejamento urbano por meio de infraestruturas de drenagem verde-cinza. Trata-se de replicar processos hidrológicos naturais de infiltração e bioretenção para gerenciar e controlar o escoamento de águas pluviais, manter as águas subterrâneas e proteger bacias.
Apr 15 • 7 tweets • 2 min read
Já falamos aqui sobre o debate se a China é ou não socialista sob diversos prismas. Hoje vamos falar um pouco sobre a participação do Estado no tecido produtivo chinês. E isso vai bem além das empresas estatais, como veremos. E muitos mais além de visões dogmáticas.🧵🇨🇳
Primeiro, surpreende que se busque nos clássicos do marxismo do século XIX todas as respostas sobre como seria o socialismo. É ignorar por completo sua base filosófica, ou seja, as condições concretas e as contradições do seu tempo e lugar. É abandonar a história e a dialética.
Apr 4 • 7 tweets • 2 min read
As Cidades Inteligentes representam uma fronteira decisiva da gestão pública. Essa dimensão da governança digital tem avançado rapidamente na China, país conhecido pelas dimensões demográficas e de suas cidades. Vejamos alguns exemplos. 🧵🇨🇳
Isso significa a mobilização de tecnologias 5G, Big Data, Internet das Coisas, computação em nuvem e outros para facilitar a gestão dos espaços urbanos. O potencial é, certamente, transformador, como veremos em alguns projetos pilotos.