Ouvindo aos episódios 1325 e 1326 do @medoedeliriobr, me deu vontade de puxar um fio questionando uma narrativa que os bolsonazistas usam muito: a de que teria morrido ainda mais gente pela #COVID19 no #Brasil se o @Haddad_Fernando fosse presidente. Chega mais... (+)
1) A gente SABE que isso não é verdade. Mas, é preciso mais que isso para convencer as pessoas, né? Óbvio que é impossível cravar uma realidade alternativa, mas temos exemplos reais no próprio país que me dão certeza que o drama aqui teria sido MUITO menos grave. (+)
2) Estudos robustos indicam que teríamos salvo centenas de milhares de vidas apenas se tivéssemos ficado próximos à média mundial de mortes. O @oatila, o @PedroHallal, a @TaschnerNatalia e dezenas de outros cientistas apontaram todas as falhas cometidas por nosso desgoverno. (+)
3) Todo mundo que ouviu esses e outros especialistas sérios falando - e que tenha mais de 2 neurônios ativos no corpo - sabe o que deveríamos ter feito e o que NÃO deveríamos ter feito. Mas, o ponto é: teríamos feito certo com um outro governo? (+)
4) E minha resposta é: sim, sem sombra de dúvidas. E, essa conjectura pode ser feita por qualquer pessoa, só aplicando a análise por similaridade a uma situação real pela qual passamos em um passado recente: nossa resposta institucional à pandemia da #H1N1 (+)
5) Sim, à pandemia da #H1N1. "Mas, moço... São doenças muito diferentes." Sim, claro. Mas, estou propondo uma análise com base na nossa resposta institucional a um vírus respiratório que teve sua dispersão declarada como #pandemia pela @WHO. O ano era 2009. (+)
6) Em março de 2009 os primeiros casos surgem, no México. Em abril, a OMS decreta "Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional". A escala vai subindo até junho, quando é decretada #pandemia

(Fonte: cee.fiocruz.br/?q=node/1314)

No BR, a doença apareceu em maio de 2009. (+)
7) Mas, o BR tinha, desde 2000, o "Plano Nacional da Vigilância da Influenza", que estabelecia, dentre outros: "acompanhar a tendência da morbimortalidade associada à doença; responder a situações inusitadas; detectar e oferecer resposta rápida à circulação de novos subtipos..."
8) E, desde 2005, por decreto Presidencial, o Grupo Executivo Interministerial (GEI), que era composto por representantes de 16 órgãos da Presidência da República e Ministérios, com a finalidade de acompanhar e propor as medidas emergenciais necessárias para implantação (+)
9) Do "Plano de Enfrentamento da Pandemia de Influenza", pois o surto de gripe aviária que ocorreu naquele ano, mesmo que mais leve sob nosso prisma atual (< de 100 mortes no mundo todo), foi o suficiente para alertar o MS da época. (+)
11) Nesse plano, inclusive, constam dados de um modelo matemático que estimava que um novo surto poderia causar cerca de 25k mortes e sinalizava até uma possível sobrecarga do nosso sistema público de saúde, "com o acréscimo de 1,2 mi de consultas e 550k internações" (+)
12) Daí que, em 2009, pegamos o plano existente e o aplicamos. Mas, não fomos bem. De abril a dez/2009, mais de 800 pessoas já haviam morrido de #H1N1. Isso forçou o MS a atualizar o Plano. A nova versão foi publicada em maio/2010

google.com/url?sa=t&sourc…
(+)
13) Observem a complexidade de atores e de responsabilidades em todas as esferas do Estado que ele apresentava. Percebam que nosso ponto de partida para o enfrentamento de QUALQUER pandemia de vírus respiratório era extremamente organizado. E tivemos tempo para implantá-lo (+)
14) Onde estaríamos hoje se tivéssemos pego este plano e implementado? Ignorem que são vírus diferentes, porque planos passados são, obviamente, modificados para considerar as características do desafio em voga, havendo vontade política para isso, claro. (+)
15) Agora, vamos voltar pro feijão-com-arroz... O Plano de 2005 (aplicado em 2009), determinava o estabelecimento de barreiras Sanitárias em rodoviárias e aeroportos, aquisição e aplicação de testes para identificação dos contaminados e, pasmem, compra de remédios e vacinas! (+)
16) E foi isto que fizemos. Em novembro de 2009 tínhamos comprado mais de 80 milhões de doses de vacinas, inclusive fechamos um acordo de transferência de tecnologia para produção de vacinas contra a #H1N1 pelo @butantanoficial. E alguém aí ouviu alguém questionar esta compra?(+)
17) Que aconteceu sem a aprovação da #ANVISA. Sabem por quê? Porque nunca precisou. A autorização de uso emergencial saiu depois da compra e antes da campanha de vacinação, sem interferência política ou espetacularização negacionista. (+)
18) Compramos a maioria das vacinas de laboratórios privados e utilizamos a #OPAS para fornecer uma outra (pequena) parcela. Alguém aí se lembra de ter sido necessário uma centena de e-mails ofertando vacinas ou o presidente do Brasil à época atrapalhando a produção local? (+)
19) Assim, 11 meses depois da @WHO ter decretado a pandemia da #H1N1, tínhamos já no NOSSO TERRITÓRIO, 83 MILHÕES DE DOSES DE VACINAS contra a influenza A. Em abril e maio de 2010 iniciamos uma campanha de vacinação que vacinou 88 milhões de brasileiros EM 3 MESES (+)
20) Ou seja, o plano de 2005, o não-melhorado, nos permitiu fechar o ano de 2010 com 100 milhões de brasileiros vacinados. Infelizmente, naquele mesmo ano, outros 1.600 compatriotas foram mortos pela doençarl. O saldo total de vítimas deste surto foi de cerca de 2600 pessoas. (+)
21) E o ponto que me parece que tem fugido a todos os analistas: havia desde o princípio, uma terapia medicamentosa funcional disponível! O #tamiflu foi testado já nas primeiras semanas e, vejam só, se mostrou eficaz! (+)
22) Por isso, fechamos o ano de 2009 com compra de 75 milhões de comprimidos de 75 mg, 14 milhões de comprimidos de 45 mg e outros 16 milhões de 30 mg, além de 4 toneladas do medicamento em barril. Isso representa um total de 14,5 milhões de tratamentos (+)
24) O tratamento para uma pessoa era composto por 10 comprimidos. Já o valor da compra somou cerca de R$ 400 milhões à época.
25) E eu vou encerrar este fio sem amarrar todas as pontas soltas porque se você chegou até aqui, você deve, por favor, parar tudo e ler o "Plano de Enfrentamento da Pandemia de Influenza", de 2010. E, feito isto, imagine comigo: qualquer governo minimamente consciente... (+)
... e humano teria partido dele para criar um plano de enfrentamento da COVID-19 ainda em 2020, não é? por último, responda à seguinte pergunta: teríamos salvo centenas de milhares de pessoas? Com tudo isso que mostrei acima, SIM ainda me parece a única conclusão honesta. #paz

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