#Psicologia
As Esferas Emocionais
Os Fundamentos da Psicologia Geral de S. L. Rubinstein
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Quando abordamos a questão dos processos e das vivências emocionais, é evidente que não podemos qualificar todas as suas manifestações de forma homogeneizada ou horizontalizada. Há vivências emocionais mais intensas, outras gerais e desvinculadas de objetos específicos, etc.
Os diferentes tipos de vivências emocionais estão associados ao desenvolvimento dos próprios processos e da totalidade da vida do sujeito singular, manifestando-se com maior ou menor intensidade a partir da sua atividade e dos objetos aos quais corresponde.
S. L. Rubinstein distingue à princípio três agrupamentos de manifestações da esfera emocional: 1) a sensibilidade orgânica afetivo-emocional; 2) os sentimentos objetivos; 3) os sentimentos filosóficos ou ideológicos (ou sentimento superiores).
Entende-se que nestas esferas não ocorre uma complexificação de uma para outra, na qual a esfera anterior deixa de existir. Trata-se de níveis cada vez mais complexos de manifestação emocional, no qual o âmbito menos complexo não deixa de estar presente.
A sensibilidade orgânica afetivo-emocional podem ser caracterizadas por sua vinculação às sensações físicas e às necessidades orgânicas, manifestadas nas sensações de agrado e desagrado, gosto e desgosto, etc.
Podem tanto ser locais e especializadas quanto gerais e indeterminadas, ou seja, representam uma vaga sensação de caráter não-objetivo, como um sentimento de melancolia ou euforia "sem razão".
Os sentimentos objetivos se destacam pela maior tomada de consciência e vinculação do sentimento ao objeto que o provocou, isto é, uma orientação do sentimento para seu respectivo objeto.
Por exemplo, trata-se não do medo "em geral" ou "indeterminado", mas medo de algo ou de alguém. Neste nível, o sentimento é já expressão de uma vivência conscientizada da relação do sujeito com o mundo circundante.
Enquanto o primeiro nível - o da sensibilidade afetivo-emocional - exprime simplesmente um estado do sujeito, nos objetivos objetivos, expressa-se a atitude do sujeito em relação ao objeto e ao mundo.
A objetivação dos sentimentos atinge a sua máxima expressão quando os próprios sentimentos passam a ser diferenciados de acordo com a esfera objetiva à qual se referem. Trata-se aqui dos sentimentos superiores.
Estes podem ser diferenciados, segundo S. L. Rubinstein, entre sentimentos intelectuais, estéticos e morais. Estes se distinguem de acordo com o seu conteúdo e com o seu grau de abstração, isto é, não se trata mais da vinculação a um objeto ou relação em específica,
mas a um conteúdo mais geral, mais universal, de caráter necessariamente ideológico. Tais manifestações emocionais, dada a sua complexidade, serão abordadas em um momento posterior da série.
Aqui, ressalta-se o grau cada vez mais estreito do aspecto emocional com o aspecto cognitivo. Nos níveis mais primários estes aspectos não se diferenciam; porém, em seu desenvolvimento passam a se apresentar em um antagonismo que, no entanto, não anula sua unidade.
O desenvolvimento dos sentimentos se relaciona intimamente com o desenvolvimento da esfera intelectual e com a mútua penetração do intelectual e do emocional.
Se em princípio são as sensações e percepções diretas dos objetos que produzem os sentimentos, em um momento posterior são as próprias representações que despertam o sentimento.
Os processos imaginativos são incrementados e mobilizados pela esfera emocional, e mesmo os pensamentos e ideias mais abstratas podem despertar os mais intensos sentimentos.
Segundo S. L. Rubinstein, "a compreensão do significado social objetivo guia o sentimento do homem", atingindo assim sua máxima expressão emocional.
REFERÊNCIAS
RUBINSTEIN, S. L. Principios de Psicologia General. Barcelona: Editorial Grijalbo, 1978.
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#SaudeMental
Sobre o Suicídio, Setembro Amarelo e a individualização do sofrimento psíquico
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Há anos, a campanha do Setembro Amarelo advoga à favor da “conscientização” sobre o suicídio no Brasil. Organizado principalmente pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em 2022, o lema da campanha é “A Vida é a Melhor Escolha”, porém em nenhum momento a campanha coloca o debate sobre as condições de vida da maioria da população brasileira.
Para se falar de forma responsável e consequente sobre conscientização e prevenção ao suicídio é preciso ter no centro do debate as condições de vida materiais e objetivas da maioria da população: a classe trabalhadora.
Por isso, o lema da campanha #setembroamarelo 2022 "A vida é a melhor escolha", precisa levar em consideração que só é possível escolher o cuidado, quando há de fato essa escolha.
E para isso, precisamos combater o desmonte da saúde e dos serviços públicos, desemprego, fome, déficit de moradia, revogar o teto de gasto, a reforma trabalhista e a reforma da previdência.
Se a vida é a melhor escolha, precisamos que a vida das pessoas sejam plenamente humana.
Hoje é dia do psicólogo e odeio essas datas, mas tava revendo um post antigo e achei que valia a pena trazer pra cá:
Toda forma de atividade social possui uma função dentro da totalidade na qual está inserida, ainda que essa não possua consciência ou intencionalidade. Com a psicologia não seria diferente.
Sofrendo alterações conforme se modificava a estrutura geral da sociedade, a psicologia possui um importante papel ideológico na manutenção ou transformação das subjetividades e da forma como os sujeitos compreendem a si mesmos inseridos em determinadas relações histórico-sociais
Informações importantes sobre o minicurso abaixo 👇
Este minicurso será uma exposição de 2h mais debate sobre a história e o desenvolvimento teórico da concepção de realismo em Lukács. O objetivo é apresentar a concepção de arte em Lukács a partir de 1930.
Serão tratados os primeiros escritos sobre realismo em Lukács, muitos dos quais nunca foram traduzidos para o português. Esta exposição intenciona instrumentalizar os participantes a continuarem o estudo sobre Lukács após o minicurso.
Agora além de neurodivergente a gente tem psicodivergente. Boa segunda-feira à todos.
Vamos lá, gente, o que é divergente? É algo. Que se afasta, se opõe a um referencial. Mas qual é esse referencial psicológico ou neurológico? Mais importante, ele existe efetivamente ou é um produto abstrato e ideológico?
Se a gente se pergunta qual é o referencial, alguns termos acabam surgindo à mente: é o normal, o saudável. Que geralmente é um monolito sem variações. Só há uma maneira de ser normal, mas várias de ser divergente. O normal, nessa visão, não aceita variações.