Não é a primeira vez que o assassinato de um(a) jovem curdo(a) impulsiona protestos massivos contra a repressão dos Estados sobre as populações curdas na região.
Posso mencioar diversos momentos em que funerais e/ou assassinatos viram o estopim de protestos massivos de "BASTA!"
Inclusive, existe uma expressão em curdo que diz: Edî bes e! (Basta!)
Esse lema marca os levantes ocorridos na década de 1990 (os maiores desde a década de 1930 na Turquia). Levantes esses conhecidos como a Intifada Curda ou Serhildan.
Insinuar que é "casualidade" que protestos tenham estourado após o assassinato de #MashaAmini (Jîna) é, no mínimo, desinformado sobre a história revolucionária no Curdistão. O lema utilizado nos protestos (mulher, vida, liberdade) nos ajuda a entender o contexto #JinJiyanAzadi
Há décadas mulheres curdas lutam, tanto em guerrilhas quanto nas instituições formais, para garantir o seu reconhecimento étnico. A luta antipatriarcal não é "feminismo importado do ocidente". Existe a Jineologî, o feminismo islâmico, mulheres organizadas sob diversas pautas
Há muita disputa política em jogo, há radicalidade de movimentos pautando e construíndo democracia radical, há muita luta que precisa ser fortalecida.
A ameaça imperialista e a violência estatal encurralam manifestantes há décadas e cabe a nós apostarmos no internacionalismo
Posso citar diversos exemplos, mas como este fio não tem a pretenção de ser um artigo científico vou deixar o exemplo dos protestos de 21.3.1990 em Nusaybin, onde um funeral curdo duramente reprimido levou milhares de manifestantes às ruas em protesto.
Deixo a Wikipedia pra quem quiser um resumo detalhado do que estou falando.
OS levantes de mulheres curdas que vemos recentemente não são "acaso" nem surgem "do nada", há muita luta sendo contruída.
Assim como no Brasil.
Q não seja pop é outra coisa.
en.wikipedia.org/wiki/Serhildan
Então, por favor, não fiquem dando RT nos meus posts escrevendo insinuações tais como: "casualidade que agora decidiram se manifestar" pq isso só demonstra o quanto os sabichóes de geopolitica não estão estudando o suficiente antes de cravar análises simplistas.

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Sep 21
Tem um fator curioso que me gera curiosidade (não só a mim, obviamente).
Em grande parte das vezes que os webmaoístas/webcomunistas atacam nas redes eles agem tal qual os bolsonaristas: frases curtas com chavão batido, foto rabdomica no perfil, user zoado e biografia com bandeira
Filho feio não tem pai, dizem. Embora ninguem queira reivindicar filiação c/essa galera a gnt sabe quais discursos eles promovem com esse jeitinho Carluxo de ser.
Esta semana um Tweet meu caiu na rede bolsonarista e hoje um Tweet sobre o Irã nos webcom.
Semelhanças mil, deja vu
Mas assim como os facho do PDT (que há anos as mulheres alertam, mas geral ignorava), a gnt tem avisado sobre essa horda de webcom nazbol que se esconde atrás de um perfil caricato pra defender teorias defasadas e que dialogam com facho.
Tá forda gente, Red flag pra todo lado
Read 6 tweets
Sep 21
O que está acontecendo no Irã, mais especificamente em Rojhilat (Curdistão no Irã) é muito importante.
Prestemos atenção.
E a gnt não pode jamais esquecer que uma parte importante desses protestos vem sendo feita nas províncias que ficam no Curdistão (Rojhelat).
Masha (Jina) Amani era curda.
Essa info é fundamental.
A repressão contra as mulheres curdas no Irã é devastadora.
rudaw.net/english/middle…
Quem me segue certamente já me ouviu falar do PKK e das guerrilhas femininas. No Irã, ou melhor, em Rojhilat, Curdistão no Irã o KOMALA teve uma experiência muito interessante de mulheres lutando contra o regime bem antes do PKK ser formado.

komalainternational.org/women
Read 8 tweets
Feb 3
Fala-se sobre como os acadêmicos precisam estar atualizados sobre as vertiginosas mudanças no mercado de trabalho. Que precisamos adaptar nossas habilidades aos interesses do mercado.
Mas, não se fala sobre como os profissionais de RH não fazem ideia de como funciona a academia
Os caras não tem a menor ideia de como ler um lattes; não consideram publicação de artigo como um trabalho (e que trabalho!!); cobram que tenhamos "empregadores".
"Quem é seu chefe no doutorado?" "Essa referencia (pares e equipe de pesquisa) não serve, preciso do seu chefe"
Os caras não conhecem o conceito de "revisão por pares", de trabalho em grupo de pesquisa, de qual é a função de um orientador...
Cobram de nós coisas que não cobram de nenhum outro profissional e ainda se acham no direito de nos tratar feito escória pq "tu não tem experiência".
Read 4 tweets

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