#Psicologia
Tipos de Vivência Emocional
Os Fundamentos da Psicologia Geral de S. L. Rubinstein
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Após elaborar, no último texto, as diferentes esferas emocionais implicadas na personalidade do sujeito (sensações elementares, sentimentos objetivos e sentimentos superiores), tratemos de explorar os diferentes tipos de vivências emocionais,
tais como definidos por S. L. Rubinstein em seu Fundamentos da Psicologia Geral. São estes os afetos, as paixões e os estados de espírito.
Os afetos [affekt] são caracterizados como processos emocionais de caráter explosivo, que se encontram fora do "controle" consciente da vontade.
Estão muitas vezes associados a perturbações ou choques, que se convertem em uma desorganização da atividade, manifestada especialmente na motricidade (nos movimentos expressivos). Isto porque os estados afetivos produzem reações orgânicas involuntárias.
Os estados afetivos também se manifestam na inibição da atividade cognitiva, dificultando a tomada de consciência e o controle voluntário das ações. Representam, portanto, estados de forte alteração orgânica interna, com acentuadas reações expressivas e impulsivas.
São provocados, geralmente por estados de tensão e situações de conflito, não se resolvendo pela inibição da ação, mas justamente pela atuação orientada e mediada dos impulsos afetivos.
Já as paixões [strasti] se assemelham aos afetos pela intensidade da excitação emocional, porém em seu todo são vivências emocionais completamente distintas.
A paixão é um sentimento forte, porém de grande estabilidade, que possui orientação, direciona a atividade do sujeito com certa persistência e durabilidade. Manifesta-se na paixão com clareza seu aspecto volitivo, isto é, da vontade do indivíduo.
É característico também das paixões uma vinculação entre atividade e passividade, isto é, o sujeito é simultaneamente um ser passivo - que está submetido a um poder - e um ser ativo - que deriva este poder dele próprio.
Por sua intensidade e acúmulo de sua concentração em um objeto, pode ser prejudicial ou até funesta, mas também por isso pode ser de grande significação e importância para a atividade do sujeito.
Por último, os estados de espírito ou humores [nastroyeniya] são as disposições gerais da personalidade, caracterizados por não se vincularem a um objeto, a uma pessoa ou coisa, mas ao próprio sujeito.
Também não estão relacionados a acontecimentos particulares, mas tratam-se de estados gerais indeterminados. São estados difusos, muitas vezes fora do controle consciente, no qual participam vários fatores.
Às vezes um estado de espírito pode surgir por uma única impressão (um dia claro de sol) ou por uma recordação passada, que atua como um impulso imediato.
Para que este impulso influa sobre um estado de espírito é necessário, que ele encontre já um "terreno bem adubado e preparado", vinculado aos motivos da atividade do sujeito e a uma sólida base emocional para que não caia em variações dos humores baseadas em impressões imediatas
Os humores também dependem da maneira como se formam as relações vitais com o mundo e com os outros sujeitos. O estado de espírito não apenas se manifesta na atividade, mas essencialmente se forma nesta.
Vinculam-se em grande medida às características emocionais da personalidade (que veremos em breve), "das suas qualidades individuais de caráter", da forma como se comporta diante das dificuldades e dos eventos vitais.
REFERÊNCIAS
RUBINSTEIN, S. L. Principios de Psicologia General. Barcelona: Editorial Grijalbo, 1978.
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#SaudeMental
A. Pirella - Psiquiatria, repressão, luta de classes
Texto completo ao fim👇
Qual a relação entre a psiquiatria e a luta de classes? Aqui, A. Pirella destaca a psiquiatria como um estrato da pequena burguesia que, beneficiando-se da organização do aparato repressivo-autoritário do Estado, ainda que componha a classe trabalhadora,
representa os interesses da burguesia dominante e assuma a funcionalidade de prover vestes aparentemente científicas para o uso da repressão.
#SaudeMental
Sobre o Suicídio, Setembro Amarelo e a individualização do sofrimento psíquico
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Há anos, a campanha do Setembro Amarelo advoga à favor da “conscientização” sobre o suicídio no Brasil. Organizado principalmente pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em 2022, o lema da campanha é “A Vida é a Melhor Escolha”, porém em nenhum momento a campanha coloca o debate sobre as condições de vida da maioria da população brasileira.
Para se falar de forma responsável e consequente sobre conscientização e prevenção ao suicídio é preciso ter no centro do debate as condições de vida materiais e objetivas da maioria da população: a classe trabalhadora.
Por isso, o lema da campanha #setembroamarelo 2022 "A vida é a melhor escolha", precisa levar em consideração que só é possível escolher o cuidado, quando há de fato essa escolha.
E para isso, precisamos combater o desmonte da saúde e dos serviços públicos, desemprego, fome, déficit de moradia, revogar o teto de gasto, a reforma trabalhista e a reforma da previdência.
Se a vida é a melhor escolha, precisamos que a vida das pessoas sejam plenamente humana.
#Psicologia
As Esferas Emocionais
Os Fundamentos da Psicologia Geral de S. L. Rubinstein
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Quando abordamos a questão dos processos e das vivências emocionais, é evidente que não podemos qualificar todas as suas manifestações de forma homogeneizada ou horizontalizada. Há vivências emocionais mais intensas, outras gerais e desvinculadas de objetos específicos, etc.
Os diferentes tipos de vivências emocionais estão associados ao desenvolvimento dos próprios processos e da totalidade da vida do sujeito singular, manifestando-se com maior ou menor intensidade a partir da sua atividade e dos objetos aos quais corresponde.
Hoje é dia do psicólogo e odeio essas datas, mas tava revendo um post antigo e achei que valia a pena trazer pra cá:
Toda forma de atividade social possui uma função dentro da totalidade na qual está inserida, ainda que essa não possua consciência ou intencionalidade. Com a psicologia não seria diferente.
Sofrendo alterações conforme se modificava a estrutura geral da sociedade, a psicologia possui um importante papel ideológico na manutenção ou transformação das subjetividades e da forma como os sujeitos compreendem a si mesmos inseridos em determinadas relações histórico-sociais
Informações importantes sobre o minicurso abaixo 👇
Este minicurso será uma exposição de 2h mais debate sobre a história e o desenvolvimento teórico da concepção de realismo em Lukács. O objetivo é apresentar a concepção de arte em Lukács a partir de 1930.
Serão tratados os primeiros escritos sobre realismo em Lukács, muitos dos quais nunca foram traduzidos para o português. Esta exposição intenciona instrumentalizar os participantes a continuarem o estudo sobre Lukács após o minicurso.